O Perfil Que Se Forma Na Humanidade



Um dia um filho perguntou a seu pai o motivo do mundo ter tantas desgraças, tantas tristezas e tantos infortúnios. Ele queria saber o porquê das guerras que matam e mutilam milhares de pessoas e deixam tantos órfãos e viúvas. Queria saber ainda, o motivo de tantas crianças e adultos morrendo de fome, já que todos os seres conhecem a fome. Todos sabem o que é sentir fome e não poder comer. Queria saber o porquê da desigualdade. Queria saber o porquê de tantos crimes, como; assaltos, homicídios, latrocínios, estupros, seqüestros e tantos outros. Desejava entender nosso consentimento e inércia diante do aquecimento global, enchentes e com os desastres que causamos a natureza.

Diante dessas e outras perguntas, seu pai refletiu e falou como se todos os homens fossem apenas um. Como se de modo geral, em um balanço da humanidade, não houvesse exceções entre os homens, como se o homem tivesse uma só culpa e um comportamento.

Semelhante a um arrependimento e uma confissão, ele declarou com tristeza:

Desprezamos o conhecimento.
Ficamos menos inteligentes, quando poderíamos pensar melhor, raciocinar melhor, fazer melhor e ser melhor. Em virtude disto, temos prejuízos, somos menos felizes, temos menos sucesso, não progredimos, ficamos inertes, galgamos menos êxito e não prosperamos na medida em que podíamos.

Ignoramos a sabedoria.
Vemos um mundo limitado, não conseguimos compreendê-lo como poderíamos. Não entendemos a sociedade como deveríamos, não entendemos a nós mesmos, não somos humanos como deveríamos. Em razão disto, temos muitos conflitos interiores e exteriores, temos dificuldades nos relacionamentos, nas decisões, nas atitudes. Temos diversas dificuldades que com sabedoria não teríamos.

Desperdiçamos o tempo.
Não sabemos gestioná-lo. Não sabemos investir tempo. Não sabemos estabelecer prioridades. Conseqüentemente, alcançamos menos realizações, temos menos progresso, encurtamos nossas vidas, nos distanciamos das metas, nos atrasamos em relação aos nossos objetivos. Fazemos com que sonhos tornem-se ilusões e ideais, tornem-se fantasias.

Gastamos com supérfluo.
Não sabemos policiar nossos gastos. Não temos autocontrole sobre as finanças. Não temos noções de economia, taxa de juros e empréstimos. Somos influenciáveis pelos apelos de publicidades, marketing e propaganda. Por este motivo, Não podemos investir no que realmente interessa, não conseguimos investir ou poupar concretizar realizações. Não temos dinheiro para melhorar nossa qualidade de vida.

Subestimamos os inteligentes.
Não procuramos ouvi-los, aprender com eles, saber deles. Não conhecemos suas histórias, suas biografias. Não desejamos imitá-los. Não os temos como espelhos. Por conta disto, Não temos as mesmas felicidades, as mesmas alegrias, os mesmos resultados. Não podemos desfrutar das mesmas experiências. Tampouco, gozar das mesmas realizações.

Valorizamos os que não merecem.
Enaltecemos as pessoas erradas. Endeusamos equivocadamente. Exaltamos os que não deveriam ser exaltados. Financiamos e patrocinamos atividades que não necessárias ou úteis. Há pessoas que ganham milhões e milhões por um mero esporte. Altas cifras aos que cantam inutilidades. Desperdício de renda a famosos, celebridades que não contribuem em nada para o desenvolvimento humano.

Somos desunidos.
Não temos a força de um conjunto. Não lutamos juntos contra aquilo que nos quer derrotar. Tornamo-nos fracos. Um fio por si só é facilmente rompido, dois também o é. Três também, mas, a medida em que os fios aumentam, mais dificuldade oferecerá para ser rompido. Quanto maior o número e a união, mais nos tornaremos cordas firmes, mais seremos fortes. No entanto, somos desunidos, somos separados. Não sabemos trabalhar em equipe, não sabemos somar forças. Somos derrotados, enfraquecidos e desencorajados pela nossa própria incapacidade de comunhão.

Somos egoístas. Pensamos apenas em nós mesmos. Nunca nos colocamos no lugar do outro. Nunca tentamos ver como os outros vêem. Sempre o "venha a nós" e nunca ao "Vosso Reino". Por esta razão, temos falta de auxílio nos momentos difíceis, vivemos em multidões, mas nos sentindo sempre solitários, não sentimos apoio ou encorajamento de companheiros, os obstáculos parecem intransponíveis, pois estamos sós. Nos vingamos por ter sidos abandonados e não termos recebido ajuda. Todos se vingam, e assim, acontece um efeito em cadeia. A humanidade vingativa, só, indivualista e egoísta, se auto-destruindo, compostas de pessoas aglomeradas, porém distantes.

Temos uma competitividade injusta. Somos competitivos de maneira errada. Desonestos com nós mesmos, com os companheiros e com superiores. Faltam-nos sinceridade, lealdade e boa-fé. Nossa competitividade é nociva. Logo, Nos prejudicamos, não crescemos. Não nos desenvolvemos. Deixamos de trabalhar o melhor e mais honesto em nós mesmos.

Somos maliciosos e maldosos e invejosos.
Vemos erros onde não há. Vemos perigo onde não há. Vemos ameaça onde não tem. Desconfiamos das pessoas que não merecem desconfiança. Queremos o mal de quem progride. Queremos a paralisação dos que crescem. Queremos a derrota de quem vence. Somos invejosos e traiçoeiros. Temos a maldade implantada no coração e nos olhos. Nossas palavras são ardilosas e mal-intencionadas. Nossos comentários são armas contra inocentes. Constantemente produzimos calúnias, difamações e injúrias. Assim, criamos problemas, criamos um mundo mais complicado, mais conflituoso. Criamos um mundo cruel, perverso e demoníaco, onde a paz se torna rara e a harmonia se extingue.

Invertemos os valores.
Admiramos o que merece repúdio. Elogiamos o que deveria ser desprezado. Compramos o que deveria ser descartado. Agredimos quem deveria ser apoiado. Ofendemos quem deveria ser elogiado. Enfim, tornamos a cada dia, mais desvantajosa à aquisição de virtudes. A cada dia é menos interessante ser sábio, amar o conhecimento, desenvolver-se como ser humano, ser diferente. ajudar os que precisam, praticar a filantropia. Ser mais humano é cada dia mais difícil e nos tornam desprezíveis.

Não lembramos da família. Esquecemos nossos pais nos asilos, nossos avós enclausurados. Nossos filhos com seus eletrônicos. Nossas esposas (os) distantes. Não nos reunimos para celebrar. Não marcamos momentos inesquecíveis entre família. Não teremos do que lembrar. Na maioria das vezes, a televisão é o centro da sala. É ela quem fala, quem dita nossa maneira de ser. É ela quem nos educa, nos ensina, nos influencia. Ou seja, é quem a controla, que nos controla. É quem a dirige que nos manipula. Ela é nossa mãe, nossa companhia, nossa professora, nossa psicóloga. Ela substituiu muitas pessoas e faz parte da nossa vida.

Reclamamos, mas não temos iniciativas.
Nos queixamos dos males da vida, mas não enfrentamos. Maldizemos o mundo, mas não o melhoramos. Injuriamos o dia, mas em nada tentamos mudá-lo. Somos inertes, preguiçosos, acomodados, parasitas, negligentes e irresponsáveis. Por isso, não há mudanças, não há esperança, não há luz em fim de túnel, não há o que esperar ou melhoras a sonhar.

Não entendemos a conseqüência do que plantamos. Todas as coisas são conseqüências. Desde o gênesis, tudo é conseqüência. Como foi dito; "Semear é opcional, colher é obrigatório". Tudo que plantamos, colhemos. O que estamos plantando? E o que vamos colher? Queremos um mundo melhor, pessoas melhores, natureza melhor. Queremos paz, alegrias e felicidades. No entanto, nosso comportamento desmente o que queremos.

Estas são as causas e conseqüências. É a realidade e o resultado. Se quisermos melhorias, temos que mudar. Se desejarmos benefícios, devemos construir, investir e trabalhar.

Encaremos; com coragem, com sinceridade e franqueza.

Admitamos nossas fraquezas, enxerguemos nossas deficiências.


Autor: Adriano Martins Pinheiro


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