Os 30 segundos que podem valer uma vida



Olhe para o relógio e conte 30 segundos. Façam isso agora (o texto espera!)... Esse pequeno espaço de tempo, por mais improvável que pareça, pode ser decisivo para suas vidas. Ou para a morte. Esse é o tempo necessário para se cometer uma bobagem, muitas vezes, com consequências trágicas. Trinta segundos é o tempo em que um homem perde o mínimo de lucidez e realiza um desatino. Administrar esse momento pode ser a diferença entre morrer ou permanecer vivo.

Nas estatísticas de assassinatos passionais, mais de 90 a cada 100 são cometidos por um homem. O restante, por mulheres ou que possuem a racionalidade masculina ou por aquelas que, acuadas ao extremo, resolveram tomar uma atitude drástica. O homem é, em geral, início, meio e fim desses crimes. Não me refiro às brigas típicas de casais que, muitas vezes, funcionam como ferramenta de ajuste e acomodação da relação ou, em casos mais sérios, o fim dela. Refiro-me àquelas brigas que resultaram no ato extremo de tirar a vida da companheira.

É raro que os primeiros conflitos de um casal resultem em crime de morte. Geralmente, quando uma mulher vem a ser assassinada por razões passionais, muita água já passou por debaixo da ponte. O tipo de homem que tem uma inclinação para esse tipo de ato dá todos os sinais de que é capaz de cometê-lo. O problema é que a paixão embaça a lucidez, fato que dificulta a clara visão do risco que se está ocorrendo.

Esse homem é facilmente identificável. Com frequência a agressividade em outros campos de vida é sua marca registrada que, aliadas ao ciúme doentio, ao consumo regular de álcool e a uma deficiente estrutura familiar nos primórdios de sua vida, funcionam como faísca e pólvora. A agressão fatal ou potencialmente mortal não tardará a acontecer.

Não é raro, nesses casos, que pessoas de fora de relação percebam e já a tenho alertado para o perigo iminente de se conviver com esse tipo de homem. Nem é raro também que outras agressões – tanto físicas quanto morais - menos violentas já tenham sido cometidas, sempre seguidas de promessas de mudanças de comportamento e da tradicional frase “Perdoe-me, eu te amo, não farei isso jamais!” Um alerta: isso é só promessa, não vai acontecer!

Entretanto, há um tipo de homem bem mais perigoso que esse descrito acima. Trata-se daquele homem que é muito controlado, introspectivo, calado. Homem que tem um ciúme mortal, mas não demonstra tanto. Homem depressivo sem uma causa aparente. Homem moralista, rígido, pouco tolerante e seguidor de uma rotina diária quase cronometrada. Não quero aqui generalizar. Longe disso! Apenas alertar: esse homem aparentemente calmo, regrado, controlado e moralista pode estar vivendo um verdadeiro terremoto emocional interior sem que haja uma válvula de escape.

Esse tipo de comportamento pode (eu disse pode) ser resultado de armadura psicológica construída ao longo de anos. Esse homem, incapaz de manifestações exteriores de afetividade, pode estar em uma situação de turbilhão emocional, porém sem demonstrá-la. Fique atenta, não toque fogo! Esse homem só precisa de 30 segundos, um motivo imaginário ou fútil e o confronto de uma mulher um pouco mais afoita para cometer um bárbaro crime.

Trinta segundos é o tempo cuja sua vida pode estar em xeque. Sentindo o mínimo de possibilidade de que isso ocorra, evite o confronto, fuja do embate. Depois, permanecendo viva e sem danos permanentes, você toma as decisões cabíveis. Nesse momento de extrema tensão, nesses 30 segundos, fuja se puder ou julgar apropriado. Mas não agrida e nem revide, não aponte seus defeitos nem diga que ele merecia ser traído, pois esse pode ser o estopim de um ato tresloucado.

Em geral, homens desse tipo, após assassinarem suas companheiras, se arrependem amargamente. E isso não leva mais que alguns minutos para ocorrer. Às vezes até se matam. Esse é tipo de arrependimento ineficaz, pois a tragédia já está consumada. Com uma conduta calma, pacífica – dentro do possível – e evitando o embate direto, as chances de que ele se arrependa antes de cometer o crime aumentam consideravelmente.

Uma vez desvencilhada da situação de risco, tomem providências enérgicas e definitivas para mantê-los bem longe e se protejam da melhor forma possível, pois, cedendo aos apelos de perdão e juras do tipo “Isso não vai mais se repetir, eu prometo!” é como assinar o próprio atestado de óbito.

© 2009 Carlos Bayma
Autor: Carlos Bayma


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