Sobre as Sombras
Muitas vezes a minha sombra me agrada, pois vejo o desenho de uma companheira, amiga e, se eu não fico esperta, ela anda na minha frente, de tanto que ela deseja ir adiante, rumo ao infinito! Com sol ou com chuva, de dia ou de noite, ela está lá me convidando para seguir viagem. Uma viagem que não tem tempo de duração definido, não tem destino certo, não se sabe quem continuará a viagem ou se alguém mais vai se aproximar. A única coisa que se tem – mas é preciso atenção, são sinais de para onde seguir.
Outras vezes a sombra me irrita, não quero que ela me acompanhe, pois me atrapalha, me impede, me limita! Aí eu penso: esta não é a minha sombra!
Neste caso, os papéis se invertem. Eu estou o desenho, eu sou a sombra de uma as-sombra-ção. E eu fico uma sombra pequenininha...
Só que eu descobri que esta as-sombra-ção é mais medrosa do que o medo que transmite. Aí, eu grito e ela corre! Mas a as-sombra-ção é tinhosa. Teima em voltar.
Aí eu já não grito mais... Eu é que corro, porque não quero estar e nem ser sombra. E ela não me pega mais, porque aprendi a ser mais rápida que ela.
Agora, depois de aprender a lidar com a as-sombra-ção, fico muito feliz em ver minha legítima sombra.
Autor: Luciana Horta
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