A sociedade das abelhas



No auge de minha insignificância, escrevo esse artigo para narrar um fato ocorrido no Inverno do ano de 2008, em uma cidade de nosso mundo.

Estava debaixo de uma árvore, em um parque da cidade, e ao longo do horizonte vi uma colmeia que há muito tempo não via. Decorrência de uma vida sem tempo, até para família, de um trabalho às vezes árduo, porém digno e uma sociedade que decididamente despreza as pequenas coisas da vida que fazem tanta falta ao longo do tempo.

Cada abelha da colmeia tinha o seu canto, o seu trabalho, a sua forma de ver aquilo que estava ao seu redor, mas sempre obedecendo a mais sábia das abelhas, aquela que não foi eleita, mas simplesmente era a que transcendia em seus gestos, um amor incondicional à colmeia. Amor, que sem hipocrisia, trazia para rainha o respeito de suas servas.

Depois de algum tempo, quando já se fazia o crepúsculo, percebi que as abelhas continuavam trabalhando da mesma forma e velocidade de quando as havia encontrado. Mas ao olhar mais de perto, vi uma abelha que parecia descontente com o trabalho, ela era diferente, parecia não entender o real sentido de se fazer aquela ação em prol de sua própria sociedade. Naquela hora, fiquei perfeitamente perplexa e me perguntei se eu sabia qual o meu papel na sociedade que pertenço, não o meu cargo, mas sim o real motivo de ter direitos e deveres em um território.

Simplesmente não consegui responder, talvez seja porque minha cabeça estava cheia. Ao longo de minha reflexão, que não era nem um pouco primordial em minha mente, tentei pensar no que realmente era necessário, contudo, o necessário não era definitivamente o que eu queria pensar.

Nesse impasse, ouvi alguns ruídos que vinham de longe, com curiosidade me levantei e fui andando até o que parecia ser um discurso, o homem que o fazia tinha um QI perfeito e a aparência elevada por seus diversos objetos de ouro, prata e diamante. Contava com habilidade máxima em retórica profissional, que tinha em sua essência um poder incrível de persuasão. O convencimento seria perfeito se bem a fundo de seu discurso não existisse palavras vazias, promessas de mudanças que mais pareciam uma grande utopia e gritos o nomeando de ditador.

Senti uma tristeza quando olhei ao meu redor e vi alguns de seus comparsas oferecendo regalias para que votassem no candidato. Meu mau sentimento não era pelos eleitores estarem aceitando as regalias, mas sim por aceitarem sem procurar saber o que realmente o candidato poderia fazer pela cidade.

Eu não sabia o porquê de estar intrometendo-me na política da cidade, então em alguns segundos, eu estava voltando para as abelhas e pela primeira vez senti inveja da sociedade que elas constituíam: Sem ofensas, discriminações, egoísmo e interesses. Formavam uma sociedade em que a base sólida era o caráter e o respeito.
Autor: Elaine Hicks


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