Não se distancie de você!



Joan é uma mulher com 40 anos de idade, uma mulher dominadora, forte em personalidade e inflexível em suas atitudes, caracterizando-se como uma pessoa difícil e resistente.
Há alguns anos atrás ela esteve em meu consultório. Sua queixa era ter sido “abandonada” pelo marido.

Joan era um misto de mágoas, raiva e medo; não pela perda, por ter sido abandonada; na verdade, seu relacionamento já vinha sendo desgastado há muitos e muitos anos; não havia diálogo, somente a sua vontade era exercida; autoritária, mandava e desmandava no relacionamento. O inevitável ocorreu: a separação. Ela estava perplexa! Como aquela pessoa, fraca, tímida, sem opinião, poderia tomar uma atitude daquelas em relação a ela, simplesmente deixando-a por outra pessoa?

Na visão de Joan o marido estava completamente errado; mas na visão do relacionamento em si, ela havia providenciado o distanciamento progressivo e aí estava o resultado de suas rígidas atitudes. Assim mesmo ela continuava atrapalhando a felicidade do marido; não o deixava em paz. Não que ela quisesse que ele voltasse para ela. Na verdade, ela não “admitia” que ele tivesse tomado a frente dessa decisão de ir embora.

A cada vez que via Joan, observava a raiva em seus olhos, disfarçada de auto-piedade; ela não percebia que era hora de deixar ir, de renovar e começar de novo; ela não percebia que tanto fazia o que as pessoas diriam dela, mas sempre se preocupava com o que os outros falavam; para ela era o fim do mundo saber que as pessoas a caracterizavam como uma mulher abandonada pelo marido. Eu a ouvia a cada sessão e ficava impressionado com o tamanho do orgulho, raiva, mágoas e ressentimentos que estavam sendo formados dentro dela; era uma dimensão insuportável. Por mais que ela soubesse que havia errado, que estava errando, continuava e não mudava seu aspecto negativista. Minhas armas para auxilia-la estavam se esgotando.

Num fim de semana a convidei para fazer um curso que eu estava ministrando. Após dois dias intensos de dinâmicas e informações, o inevitável ocorreu; quando estávamos finalizando o curso, trouxe duas pessoas especiais para abraçar cada aluno; eram parentes - pais, filhos, irmãos, esposo ou esposa - e finalizamos com um "eu te amo".
Jamais vou esquecer o semblante de Joan quando seus pais entraram na sala. Ela não os via há algum tempo. Um brilho surgiu inexplicavelmente. Seu pai chegou perto e abraçou-a dizendo: "Nós estamos aqui porque sempre te amamos." Sua mãe a acariciou com todo o cuidado.

Naquele instante Joan se sentiu querida pelo que era e resolveu mudar; resolveu se libertar da dor e do sofrimento que ela mesmo se impunha e ao seu ex-marido. Percebeu que realmente estava errada, que seu comportamento estava baseado em uma Joan sem amor-próprio, controladora e exigente, do mesmo jeito que foi criada; mesmo assim, seus pais a amavam, mas ela estava distante de si mesma por anos.

Não sei ao certo o que aconteceu com Joan; nunca mais a vi. Certamente aquele dia deve te-la tocado de uma maneira ímpar e feito um milagre de transformação. Às vezes, o que precisamos é entender que nunca estamos abandonados, se continuarmos com nós mesmos, continuarmos ligados com nossa essência, se não nos separarmos daquilo que realmente somos.

Vale a pena rever seu momento. Simplesmente lhe ofereço uma técnica: deixe ir. Deixe irem as pessoas que não cabem no seu círculo de domínio, pare de dominar. Comece por amar; quando amamos simplesmente queremos o melhor para o outro. É como sempre digo: quando se ama, não há necessidade de perdoar. O milagre da transformação pode ser sentido por você. Apenas esteja aberta.
Autor: Paulo Valzacchi


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