REFLEXÃO SOBRE A PESSOA HUMANA, A EDUCAÇÃO E A FAMÍLIA



RESUMO


FREITAS, Rosimar de,


O objetivo deste trabalho é abordar diferentes desenvolvimentos teóricos sobre a questão Educação e as reações mais complexas do ser humano. Analisar a atuação humana na sociedade é uma das formas de compreender as relações que os homens estabelecem entre si para produzir a sua existência. È fundamental o papel que a educação exerce no processo da socialização e humanização. Trataremos de encontrar as articulações existentes entre relações de trabalho, as representações simbólicas, a identidade social, o trabalho humano e as relações de classes sociais, as relações inter e intrapessoais, os valores, a consciência do indivíduo como agente da história e da sociedade.
Os estudos e pesquisas sobre as relações e representações do ser humano , nas ciências sociais em geral e em educação em particular, têm se dedicado a tentar conhecer um pouco mais as diferentes trajetórias históricas e culturais que nos levam a determinadas atitudes. Nesse contexto, atitude é um termo que se refere a algo que materializa, no cotidiano, nossas representações e concepções de mundo. Esses assuntos serão aprofundados através de autores como: Moscovici (1978), Durkein (1973) ; Arthur Schopenhauer (1999) entre outros.


PALAVRAS-CHAVE
Educação, sociedade, relações sociais, identidade.

ABSTRACT

The objective of this work is to address different theoretical developments on the issue Education and the reactions of the more complex human being. To analyze the performance in human society is one way to understand the relationships that men establish themselves to produce its existence. It is the role that education exercises in the process of socialization and humanization. We treat to find the joints between working relationships, the symbolic representations, the social identity, work and human relations, social classes, relations and inter intrapessoais, values, the conscience of the individual as an agent of history and society.
The studies and researches on relations and representations of human beings, in the social sciences in general and in education in particular, have been devoted to trying to learn a little more different historical and cultural paths that lead us to certain attitudes. In this context, attitude is a term that refers to something that materialized in daily life, our conceptions and representations of the world. These issues will be further elaborated by authors such as: Moscovici (1978), Durkein (1973); Arthur Schopenhauer (1999) among others.

keywords.

Education, society, social relationships, identity

INTRODUÇÃO

As últimas décadas têm proporcionado modificações revolucionárias na vida do ser humano. Num mundo de relações cada vez mais complexas, é necessário que o ser humano desenvolva novas competências. É cada vez mais urgente, uma formação que integre conhecimentos de natureza filosófica, científica, cultural, educacional e ética. O ser humano é a um só tempo, físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico, como expressa autores como Chaui (2000), Morin (2004) entre outros. . Esta unidade complexa na natureza humana é totalmente fragmentada na educação. É preciso restaurar essa unidade, de modo que cada um tome conhecimento e consciência, ao mesmo tempo, da sua própria identidade e do que tem em comum com todos os outros seres humanos.
É simultaneamente um contexto de socialização na qual se estabelecem relações significativas, e que ajuda à interiorização e assimilação de hábitos, normas, atitudes e valores, mediante os quais a pessoa realiza a tarefa comum de construção da sociedade.
No texto a seguir vamos abordar conceitos que integram a construção do sujeito, fazendo uma relação de como é o imaginário social, a identidade social que é construída por ele, as relações de classes sociais, bem como as interpessoais e intrapessoais, a consciência como agente da história de sua sociedade. Estudando essas relações com a educação, significa construir e desenvolver valores básicos aspirando uma qualidade de vida melhor.


REFLEXÃO SOBRE A PESSOA HUMANA, A EDUCAÇÃO E A FAMÍLIA

As representações são maneiras de interpretar e comunicar, mas também de produzir e elaborar conhecimentos. Moscovici (1978:50), conceitua as representações como: “Conjuntos dinâmicos, seu status é o de uma produção de comportamentos e de relações com o meio ambiente, de uma ação que modifica aquelas e estas e não de uma reprodução desses comportamentos ou dessas relações, de uma reação a um estado estímulo exterior”.
Oliveira (1999) menciona a importância dos estudos que envolvem representação social e imaginário destacando que

Primeiro porque se apresentam como capazes de revelar a maneira graças à qual os diversos atores assimilam, elaboram e difundem conheciemntos sobre realidade e qual o sentido imaginário destes. Segundo, porque estes conheciemntos –lembremos com Moscovici e Jodelet p permitem que a sociedade aprenda a se situar no (diante do) mundo, que ela revele o que e como está significando o mundo. Numa palavra, a carne e o osso das imagens e compreensão da sociedade podem ser realizados num trabalho conjunto à luz da teoria das representações e dos estudos simbólicos (p.191).


Desta forma, a importância do imaginário social é de se tornar um instrumento que possibilita entender as relações estabelecidas pelo ser humano, bem como as mudanças e permanências promovidas socialmente. Pode-se dizer que é uma das chaves que abre as portas para a compreensão da sociedade.
A educação não escapa das influências do mundo simbólico em que vivemos, pois pode contribuir para repensar teorias e práticas educativas que estão impregnadas na formação do sujeito. Somos seres simbólicos e, como tais, nos movemos no mundo, Um mundo que ao mesmo tempo nos constrói e que é construído também por nós. Essa afirmação está em concordância com o que já alertavam os estudos pioneiros em representação e imaginário social como Durkein e Arthur Schopenhauer (1788-1860). Este autor afirma que “O mundo é minha representação”. Nesse sentido, representam nossa maneira de perceber o mundo, da qual não conseguimos nos desfazer facilmente. Essa analogia se aplica às nossas representações e imaginários sociais, interpretações de mundo que não se desfazem apenas por intermédio da vontade ou do anseio racional.
Segundo Aranha (1996:17) a cultura é produzida pelos homens e estes estabelecem entre si relações em diversos níveis que se complementam. A autora distingue essas relações em três categorias: Relações de trabalho que através do desenvolvimento das técnicas e atividades econômicas são produzidas e são puramente materiais; as relações políticas que se estabelecem a partir do poder e possibilitam a organização social e a criação de instituições sociais e as relações culturais ou comunicativas que é resultante da produção e difusão do saber. Dentre as relações de trabalho encontra-se a escola como um local de trabalho e como tal oferece serviços profissionais à coletividade. Aranha afirma que “o desafio está em criar uma escola em que o trabalho ocupe um lugar de importância: que não esteja ausente nos cursos de formação nem se reduza ao adestramento profissional nos chamados profissionalizantes.”(p.26).
O desenvolvimento equilibrado de uma pessoa começa por uma correta socialização primária, pela interação com o meio mais próximo e com os elementos que o constituem: pais, irmãos, avós, em suma, a família. A família é uma instituição de direito natural, ou seja, não é um produto da sociedade, ou das normas do estado; é, antes, um ordenamento superior e anterior ao direito positivo e unidade-base da sociedade, possuindo um caráter universal e imutável, assenta, pois, no respeito pela dignidade da pessoa humana, fim em si mesma e dotada de inteligência e vontade ora, sendo a função primordial do direito a regulamentação da vida em sociedade, e o seu objetivo a promoção do bem comum. Qualquer lei que prejudique a família, ou atente, no fundo, contra a própria dignidade humana, constitui uma grave contradição jurídica, bem como uma violação da própria ordem natural. É na família que o homem começa a tomar consciência da sua individualidade, começando a construir uma identidade própria, autônoma e única. Aranha (1996:60) aborda que

a família é uma instituição importante no processo de socialização, bem como no desenvolvimento da subjetividade autônoma, ensinando informalmente o que as crianças devem fazer, dizer ou pensar... portanto a família é o local privilegiado para o desenvolvimento humano.


Só desta forma poderá, de fato, inserir-se no espaço coletivo, na sociedade. As escolas, ou muito menos a televisão, poderão substituir o papel dos pais na educação dos filhos. De acordo com Aranha (1996) a família está sujeita à mudanças. Ela afirma que “a família é uma instituição social e historicamente situada, sujeita a mudanças de acordo com as diferentes relações estabelecidas entre os homens”.(p.58).
A mulher possui um papel fundamental no seio familiar, contudo, na sociedade atual, este papel possui um valor acrescentado de dificuldade: com efeito, muitas vezes, pelas exigências do mercado de trabalho, ou pelo desejo de ascensão profissional, a mulher vê-se na "obrigação" de relegar para segundo plano o projeto familiar, renunciando à própria realização pessoal e a uma das dimensões femininas mais profundas, a maternidade.
A aprendizagem com a família funciona como uma plataforma de lançamento para outras aprendizagens necessárias à vida da criança. Como afirma Rangel (2002:81) “na família encontram-se sentimentos, ideais, paradigmas, experiências, exemplos que formam os jovens e prosseguem na família que por eles serão constituídas”. Sendo assim, atitudes familiares de envolvimento, compreensão e ajuda se tornam fundamentais para que a criança avance na sua educação.
Não se pode esquecer que a base de tudo é a família, e não a escola. Mas, muitos pais não compreendem dessa forma e delegam à escola a educação dos filhos. Em casa têm dificuldades de estabelecer limites claros, mais tarde cobra da escola o mau comportamento em casa.
Na nossa época, o relativismo moral tornou-se semelhante a um novo código de ética. Há um crepúsculo de valores que pode chegar a ser dramático.Os juízos de valor não obedecem a um critério permanente, o comportamento é bom ou mau em função das circunstâncias, do ponto de vista pessoal, da opinião da maioria. Sobre os juízos, Marilena Chauí (2000:336) considera que

Os juízos éticos de valor nos dizem o que são o bem, o mal, afelicidade. Os juízos éticos normativos nos dizem que sentimentos, intenções, atos e comportamentos devemos ter ou fazer para alcançarmos o bem e a felicidade...Enunciam também que os atos, sentimentos, intenções e comportamentos são condenáveis ou incorretos do ponto de vista mora.


Não se procura viver e proclamar a verdade, mas relativizar a verdade para que sirva às próprias conveniências e desejos. Há um conflito de valores e de gerações. Temos dois exemplos claros: nos jovens, a droga, e nos adultos, as rupturas conjugais. Ambos os aspectos nos colocam diante da fragilidade existente nos nossos dias. Como faltam os valores, faltam também os compromissos. Os compromissos representam estabilidade; os desejos levam à versatilidade. Estes, tal como as sensações, variam de acordo com os estados de ânimo ou a situação orgânica.
O papel da Educação deve ser de promover a formação, não só de valores, mas de bons hábitos ou atitudes operativas, em diversos níveis. Estes serão efetivos unicamente se a família e a escola se unirem para educar desde a infância nos valores e nas atitudes essenciais. São estes os primeiros âmbitos onde se aprende a necessidade de obedecer a regras, o cumprimento dos próprios deveres, a importância da veracidade, rejeitando a hipocrisia, o respeito pelo próximo necessitado de ajuda, a afabilidade, a gratidão pelos bens recebidos, o sentido da verdadeira justiça, a solicitude sincera e o serviço desinteressado.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


A educação não é apenas uma exigência da sociedade, mas também o processo de prover ao indivíduo conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a atuar no meio social e a transformar-lo em função de suas próprias necessidades.
A prática da socialização percorre diversos espaços, como família e outros grupos primários, a escola, clubes, sindicatos, etc. Assim, a prática democrática emerge horizontalmente permitindo a estruturação duma sociedade igualitária. Todas as correntes sociológicas concordam que a educação constitui um processo de transmissão cultural no sentido amplo do termo (valores, normas, atitudes, experiências, imagens, representações), mas também a tem como reprodutora do sistema social. Ela é o meio pelo qual a sociedade renova perpetuamente as condições de sua própria existência.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna, 1996.

_____. Filosofia da Educação. SP: Moderna, 1996.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.

DURKEIN, E. As regras do método sociológico. 13 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1978. IN: Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC. Vol. 2 nº 1 (2), Janeiro, 2004. www.emtese.ufsc.br. Acesso em 23/05/2008.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

MOSCOVICI, S. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
Autor: Rosimar de Freitas


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