Conseguimos Perder Sem Que Também Nos Percamos?



Com o final de qualquer tipo de relacionamento, sempre nos sentimos derrotados e perdedores, muitas vezes damos um valor muito acima e sofremos mais do que realmente é necessário, perdemos a esperança, o amor próprio, os sonhos, as idealizações; muitas vezes pensamos que não iremos sobreviver, pois nada mais faz sentido.

Questionamos para que viver, se quem acreditamos que fosse viver para sempre ao nosso lado, se foi? E na maioria das vezes para sempre. Em que ponto nos perdemos do outro, e temos muita dificuldade em suportar. Mas geralmente nos perdemos do outro no exato momento que nos perdemos de nós mesmos. Que já não sabemos o que realmente da vida e a incerteza do futuro nos arrebata.

A dor de uma separação só sabe quem viveu ou vive a dor que ela provoca. São tantas perguntas sem respostas. Tentamos responder todas as perguntas que gostaríamos de ter feito ao outro, mas só teremos as respostas sob o nosso ponto de vista e não pela real verdade do outro. Raramente conseguimos responder as nossas próprias perguntas, quem dirá responder pelo outro, saber o que realmente o outro sentia, pensava e queria. Temos somente a certeza que o outro não era feliz.

Por que nos perdemos quando perdemos alguém? Por que sentimos que perdemos? Será que nada aprendemos e ganhamos? Assim que acontece, não conseguimos perceber algum ganho, somente perdas. Se termina é porque algo não ia bem, ao menos para um dos envolvidos, ou para os dois, mas nem sempre os dois sentem da mesma maneira, cada um tem um sentimento e percepção diferente do que aconteceu. Por que temos que sofrer tanto, permitindo que atinja nossa própria alma? O que podemos fazer?
Todas as respostas, tudo está sempre dentro de nós, mas lágrimas e o sofrimento nos impedem de enxergar, as palavras que ainda soam em nossa mente não nos permitem ouvir nossa própria voz e assim continuamos a nos distanciar de quem já nos tornamos desconhecidos: nós mesmos.

É nesse momento que a solidão dói mais, não só pelo fato de alguém ter ido embora, mas porque nos abandonamos também. Não é o momento de ficarmos fazendo perguntas das quais não teremos respostas, porque quem as poderia dar já se foi, mas darmos atenção para nossa própria vida, nossa alma e o nosso querer e nossa forma de também conduzimos nossos relacionamentos.

Será que estamos cuidando do relacionamento que não existe mais como realmente acreditamos que deveria ser cuidado? Ouvimos aos nossos próprios desejos ou ficamos esperando e idealizando que o outro venha para satisfazer nossas necessidades, muitas vezes inconscientes para nós mesmos? E se ele não conseguia nos satisfazer, por qual motivo continuamos tanto tempo ao seu lado? Esperando que mudasse, acordasse diferente e que fosse, como um dia ele próprio nos fez acreditar que seria? Mas será que não ignoramos as infinitas atitudes que não eram coerentes com as palavras?

Podemos transformar nosso sofrimento num momento de crescimento próprio, elevando nossa espiritualidade, aprendendo com os próprios erros. E quantos não cometemos? Com certeza muitos.

Se nos fazemos ficar no papel de vítima e na busca por culpados, não teremos aprendido nada. Devemos nos responsabilizar também pelo término, ainda que seja o outro que tenha tido a iniciativa de ir embora, nós fizemos parte dessa decisão. Confrontar a realidade não é fácil, por isso fugimos. Mas isso se torna em vão quando não olhamos para dentro de nós, pois por mais que possamos fugir por alguns meses, dias, ou horas, algumas pessoas por anos, não poderemos fugir para sempre do que está dentro de nós.

O que sobrou além da dor? Algumas pessoas podem responder que nada sobrou, mas será? Como era sua vida antes desse relacionamento existir ou essa pessoa entrar em sua vida? Pior, ou melhor, do que é hoje? Tudo sempre tem um sentido para existir e também um sentido para ter acabado. Se alguém se te deixou, talvez seja porque você também não correspondeu ao que o outro esperava, como ele também não ao que você esperava, por mais que nesse momento negue isso. E será que se o relacionamento continuasse, iria fazê-lo feliz? É possível um estar feliz sem que o outro esteja? Amor não é troca? Havia troca na relação ou uma das partes se dava mais que a outra?

Pare, pense, reflita, analise, volte, se sentir que ainda há amor e vale a pena tentar novamente, mas não se afaste de sua essência, o que você realmente sente e quer, ainda que isso lhe custe ficar só, ou melhor, não estará só se ficar consigo mesmo e por mais que esse momento esteja doendo, não se abandone, mas use todo seu amor para curar sua dor.
Autor: Sandra Regina da Luz Inácio


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