Karl Marx, o Varejo e as Bactérias



O VAREJO, KARL MARX E AS BACTÉRIAS

Tenho percebido grandes mudanças no mercado varejista brasileiro. Por se tratar de um setor muito dinâmico e de linha de frente de qualquer economia, o varejo, sofre muito com as suas intempéries e inconstâncias. Até bem pouco tempo atrás, os profissionais que saíam das escolas de primeira linha torciam o nariz para este segmento do mercado. Achavam-no indigno, de segunda linha e não davam a devida atenção que o varejo merecia. É claro que em toda história existem dois lados e, portanto não podemos considerar qualquer análise totalmente correta ou não. No que se refere aos profissionais que pensavam assim, o que tenho a dizer é que, sobre o ponto de vista de valorização de suas carreiras, eles não estavam errados. O mercado também agia desta forma, principalmente, no que tange a parte mais sensível do ser humano, o seu bolso. A remuneração e o status dos profissionais da indústria sempre foi melhor do que os do varejo. Isto fez com que as empresas varejistas, durante muitos anos, tivessem no seu corpo gerencial profissionais com uma qualificação menor do que o corpo gerencial da indústria. A maioria destes profissionais era de carreira, sem curso superior e, portanto com uma longa vida prática. Isto tem um lado positivo, bacana e durante muitos anos bastou para garantir o sucesso no comércio varejista. Até porque, as mudanças e crises surreais pelas quais a economia brasileira passou foram fantásticas e a experiências na superação das mesmas era um diferencial muito interessante. Por outro lado, toda esta mutação também era interessante para dar aos profissionais mais capacitados do varejo uma coisa que todo o mercado valoriza hoje, a flexibilidade. Daí se justifica o fato de eu ter dito que em toda história existe dois lados. Bem, além disto, a um tempo atrás as coisas começaram a mudar. Depois mudaram mais rapidamente e ainda continuam mudando drasticamente. O que fez com que muitos conceitos tivessem que ser revistos, nem que fosse “na marra”. Em todos os sentidos, o varejo mudou muito, inclusive no profissional. Várias pessoas sofreram com isto, perdendo o seu próprio emprego. Outras sofreram e continuam sofrendo, mas, no entanto, conseguiram adaptar-se aos novos tempos. E, dentro do próprio varejo existem segmentos que se desenvolveram mais rapidamente e aqueles outros nos quais ainda é possível sobreviver com os dogmas do passado, por incrível que pareça. E o meu recado vai para os profissionais que atuam nestes segmentos, nos quais mudanças ocorreram, mas que ainda é possível sobreviver como antigamente. Eu disse sobreviver. Caros amigos olhem ao redor. Vejam os exemplos do que está acontecendo com os postos de gasolina, com as farmácias e com tantos outros segmentos. Está tudo diferente! O consumidor está mudado e cada vez mais exigente, requerendo serviços melhores e mais eficientes e, portanto para prestar estes serviços às pessoas que atuam neste segmento tem de estar cada vez mais atualizados e preparados. E esta necessidade está fazendo com que profissionais, oriundos de escolas e indústrias de primeira linha, cheguem com mais freqüência ao varejo e com novas idéias ocupem os espaços vazios e se destaquem. Não fiquem nesta de que o curso superior não ensina a vender, de que eu tenho muitos anos de experiência, de que sou um líder nato e tantos outros paradigmas, pois em uma situação desconhecida como a que vivemos e que viveremos daqui para frente, talvez toda a experiência anterior não lhes seja útil em nada. Os desafios serão novos e para a novidade a receita de ontem não combate a gripe de amanhã. Isto não quer dizer que os profissionais que estavam nas empresas não terão vez de agora em diante, não se trata disto e sim de que é preciso rever conceitos, enxergar um horizonte de tempo maior e ter a grande capacidade de desaprender. Este processo é doloroso, mas é fundamental para a sobrevivência nestes tempos de mudança e adaptações constantes. O que me faz lembrar um amigo que me disse uma coisa interessante: “as bactérias tem a capacidade de se unir no que tem de melhor para enfrentar, juntas e mais fortes, o pior inimigo - o antibiótico”. Convido a todos, então, para uma análise do que se tem de melhor, um compartilhamento e uma ajuda mútua. E para terminar parafraseio e evoco o grande pensador econômico, Karl Marx, “varejistas de todo o mundo, uni-vos!” Sejamos mutantes!!!
Autor: Walace Alves


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