Aprender Não Porque Seja Engraçado



Dead Poets Society persiste como a obra-prima do realizador Peter Weir, e talvez como o grande desempenho, mais um, do actor Robin Williams. Neste drama, Weir conta-nos a história do apaixonante Professor John Keating, que numa época e num lugar onde reinam tradição, disciplina, honra e excelência, tentará guiar os seus alunos à descoberta do tutano da vida, tão bem metaforicamente pintado na expressão “Carpe Diem”.

Curiosamente, ou talvez não podemos encontrar um paralelo na perspectiva de Carl Rogers “de ajudar o outro a ajudar-se a si mesmo”. Logo no início da relação entre Keating e os seus alunos, somos confrontados com o facto da aula de apresentação ser realizada fora do espaço físico destinado a oferecer ao Professor o poder inerente ao seu “pedestal”. Se fizermos um exercício de transposição verificamos uma analogia à entrevista não directiva, com a finalidade de promover o desenvolvimento pessoal, “vivam o dia rapazes, tornem as vossas vidas extraordinárias”, bem como a tomada de consciência dos sentimentos, emoções, valores e necessidades, “o Homem escreve poesia, não porque seja engraçado, mas sim porque faz parte de quem ele é…” e o conhecimento dos objectivos sociais e académicos, como poderemos observar na evolução do jovem Niel, que recusa hipotecar a sua alma de artista para se tornar no médico que o seu pai sempre desejou que fosse.

Keating, muito mais que um Professor, torna-se antes um facilitador, característica bem visível na cena em que encoraja os seus alunos a rasgar toda a introdução do livro de literatura inglesa. Se bem que aqui somos obrigados a admitir um paradoxo, presente no facto de Keating não abdicar do seu “poder” de Professor para conseguir levar os seus alunos à operacionalização de tamanho acto rebelde.

Na cena final, Keating abandona a sala de aula entretanto já dominada por outro Professor, mas é então que o aluno Todd, faz a sua auto avaliação, e toma a iniciativa, sobe para o tampo da sua secretaria e solta o “Oh Captain,My Captain…”, pelo que é seguido pelos outros alunos que beberam da mesma forma de ensinar que Keating lhe incutiu. Tal como afirma Rogers, não há prémios nem castigos, as recompensas são intrínsecas e incluem aceitação, compreensão e empatia, presentes na última deixa de Keating no filme, “Obrigado rapazes…”

Autor: Luis Garcia


Artigos Relacionados


Mudanças Na Ortografia Da Língua Portuguesa A Partir De Janeiro 2008

Sociedade Dos Poetas Mortos

Armadilhas Linguísticas

Resumindo A Vida

Análise Do Filme Sociedade Dos Poetas Mortos

Você Tem Jogo De Cintura?

O Canhão Da Praia Dos Tamoios