Derrubando a Torre de Babel - Parte I



DERRUBANDO A TORRE DE BABEL!
Parte 1



A busca pela unidade é um sonho que nos persegue há muitos anos. Este é o ideal de treinadores de qualquer modalidade coletiva de esporte, do presidente de um partido político, do chefe de uma família e porque não dizer de todo CEO ao ver sua empresa pensando, agindo e falando uma única língua.
Só que uniformizar o discurso é muito mais difícil do que se imagina. Em grandes empresas, onde até bem pouco tempo atrás, reinavam os departamentos, salas suntuosas e vários níveis hierárquicos, então nem se fala. O que percebemos são diretores que não conversam com outros diretores, departamentos trabalhando em sentido contrário uns aos outros e o mais interessante: diversos idiomas corporativos: o comercialês, o administrativês, o logisticalês, só para ficarmos em alguns exemplos.
Este fato nos faz relembrar duas coisas: primeiramente, que tudo no mundo é cíclico, uma hora falamos de grandes corporações, pra mais adiante pensarmos em nichos de mercado; segundo, a grande lição que podemos tirar da passagem da Torre de Babel!
Infelizmente é nisto que várias empresas se tornaram: uma imensa e desastrosa Torre de Babel, com pessoas falando o seu idioma e sem entender absolutamente nada do que seu companheiro de sala diz. Claro que não estou falando aqui da “diversidade cultural”.
As conseqüências disto são incríveis e seriam cômicas se não fossem trágicas, senão vejamos: A rapidez na entrega é uma vantagem competitiva que a área comercial vende para os seus clientes mas que, a logística da mesma empresa desconhece e não valoriza. Seu foco é a segurança, no sentido de sempre entregar o que o cliente pediu de forma intacta. Outro exemplo: A área administrativa tem como objetivo não validar processos errados ou incompletos e para tal usa controles sofisticados, só que o comercial acredita que isto não passa de burocracia para amarrá-lo e impedi-lo de atingir suas metas e portanto não se preocupa com isto e envia processos incompletos.
Poderíamos falar aqui, incansavelmente, de diversas situações que acontecem no dia-a-dia das empresas, reflexo desta falta de entendimento entre suas diferentes áreas. Mas eu gostaria de me ater a algumas razões e soluções para a resolução deste problema.
Este comportamento pode ser em parte explicado pela separação histórica feita entre o trabalho manual e o intelectual. Grande parte das pessoas ainda acredita que os subordinados, hoje travestidos de “colaboradores”, foram feitos para executar suas tarefas e nada mais. A atividade do pensar não está ligada ao fato do fazer. Isto fica por conta do chefe. Este pensamento faz com que o funcionário não se responsabilize com o resultado do seu trabalho – Só estou cumprindo ordens! – e favorece o aparecimento de feudos, já que os chefes só cuidam dos seus próprios pensamentos e áreas.
Outro fator explicativo e complementar é a vaidade. Ela que é considerada um dos pecados capitais, também dentro de uma organização, faz muito mal à coletividade. Os chefes vaidosos só pensam em suas áreas e estimulados pela competitividade, muitas vezes pela própria empresa, não dão o braço a torcer. Se preocupam com sua reputação, em quantas idéias suas foram aprovadas pela empresa, ao invés de como a área sob sua responsabilidade está contribuindo para que a empresa alcance os seus objetivos.
As soluções que se apresentam para este problema são, na minha opinião, fáceis de perceber e difíceis de aplicar se não houver um envolvimento da direção da companhia.
A adoção de política de promoções horizontais possibilitaria a sensibilização dos profissionais envolvidos e uma troca bem mais interessantes de suas experiências nas diversas áreas de uma empresa. É o famoso jargão de se colocar no lugar do outro! E funciona.
Outra ação bastante eficaz seria a criação de grupos interdisciplinares e interhierárquicos visando a proposição de soluções dos problemas encontrados e de políticas de integração entre as equipes. Estes grupos de trabalho são muito bons para que a direção da empresa observe como se saem seus chefes e funcionários quando tem a responsabilidade de resolver um problema.
Para finalizar gostaria de dizer que a criação de um ambiente que valorize e premie a iniciativa individual e coletiva, que seja mais tolerante com o erro e muito pouco condescendente com a omissão é uma vantagem competitiva que as empresas que estão em busca da derrubada da Torre de Babel corporativa estão adotando e obtendo sucesso. Mas este é um assunto que será melhor abordado na segunda parte deste artigo.
Autor: Walace Alves


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