A ferramenta behavior e a segurança comportamental



Na década de "80", nos Estados Unidos, observou-se que algumas Empresas que investiam maciçamente em Segurança e Saúde no Trabalhonão obtinham resultados satisfatórios.Apesar de todos os esforços e custosdemandados com aimplementação de programas de segurança e medicina os acidentesou quase acidentes continuavam acontecendo. Iniciou-se então, um estudo aprofundado a fim de descobrir as causas que levavam os empregados de uma empresa que fornecia todos os EPI / EPC e ministrava todos os treinamentos necessários a se acidentarem. Descobriu-se, portanto, que a causa estava na forma como os trabalhadores se comportavam. Daí surgiu a teoria da SCT - Segurança Comportamental no Trabalho.

Uma das falhas identificadas foi a forma como os chefes passavam as ordens para execução das tarefas. Não inseriam a ordem de segurança antes da ordem para execução das tarefas.

As pesquisas levaram a criação de uma poderosa ferramenta para rastreamento e diagnóstico das causas: a análise ABC (sigla em inglêspara ANTECEDENTES, COMPORTAMENTO e CONSEQÜÊNCIAS).

Constatou-se que nas empresas pesquisadas, apesar de todo investimento em segurança e saúde, havia um elemento antes não identificado: Falha comportamental dos administradoresdiretos e indiretos. Isso explicava porqueuma empresa com baixo investimento em segurança poderia obter melhores resultados que outras que investiam pesado nessa área.

Como exemplo, podemos comparar duas ordens emitidas por meio dos chefes duas empresas diferentes:

Empresa "A" - Sem a implantação da SCT;

Empresa "B" – Possui implementação da SCT:

Empresa "A": O chefe ordena ao subordinado – "Suba na estrutura e remova a tampa";

Empresa "B":O chefe ordena ao subordinado – "Coloque o cinto de segurança, prenda no cabo de segurança e suba na estrutura para remover a tampa".

Isso, porque o inconsciente do trabalhador tende a executar sempre a ordem principal. No Brasil, devido ao histórico político (monarquia, coronelismo, senhores de engenho, etc) e ao longo regime militar, essa "idéia"inconsciente foi acentuada devido a doutrina: "Nunca questionar as ordens de um superior hierárquico". Essa doutrina passa a ordem da forma"Te vira e faz o que mandei".

Na Empresa "A", o funcionário fixa apenas a idéia de que "precisa remover a tampa da estrutura", enquanto que na empresa "B" a idéia é mais abrangente: "Colocar o cinto de segurança, prender no cabo e subir para remover a tampa da estrutura"Esse funcionário obteve dois ANTECEDENTES antes da idéia da execução dos serviços de remoção da tampa:

1-Vestir o cinto de segurança;

2-Fixá-lo ao trava-quedas do cabo para subir com segurança.

Como também, obteve dois COMPORTAMENTOS, cuja CONSEQÜÊNCIA foi a realização de um trabalho seguro.

Frente ao exposto, percebemos que não adianta apenas fornecer osEPI / EPC e treinar os empregados, é necessário que haja "ANTECEDENTES". Veja que essa falha poderá ocorrer mesmo que a Permissão de Trabalho (PT) ou Ordem de Serviços (OS) escrita e contendo todos os procedimentos de segurança a serem seguidos esteja afixada nas proximidades do serviço ou mesmo nos bolsos dos trabalhadores ou chefes. O mesmo ocorre com a Análise Preliminar de Riscos (APR).

Outro comportamento estranho,mas muito adotado pelos prevencionistas, é o fato de demandarem longas horas na elaboração das APR, PT, etc e depois não cobrarem a inserção das medidas preventivas na execução das tarefas, por ocasião das ordens verbais, que são as de maior importância para os trabalhadores. Essa cobrança poderá ser registrada no próprio documento e reforçada nos Diálogos Diários de Segurança (DDS).

Portanto, as ordens para execução dos serviços proferidas de forma correta e rotineira (ANTECEDENTES),permitirão em um curto espaço de tempo a incorporação inconsciente dos procedimentos de segurança ao próprio serviço.
Autor: Heitor Borba


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