A 'CAIXA PRETA' DA DENGUE



Analisando declarações da ex-secretária de saúde, Maria Aparecida, onde ela declara que a “dengue em 2008 caiu 91,35%” em relação a 2006 percebemos facilmente o equívoco de leitura dos dados e na análise da estatística.
A epidemia ocorrida em 2005/2006 fica claramente evidenciada através dos dados, apesar de imprecisos. Teria ocorrido 231 casos notificados e 47 casos confirmados em 2005 e 1742 casos notificados e 389 casos confirmados (mais o buraco negro da subnotificação que, se fosse computado, duplicaria os números) em 2006. (03.02.2007 A tribuna MT.)
Como existe um intervalo de 4 anos entre uma epidemia e outra (mas sempre com novos casos no intervalo epidêmico) agora (2009), estamos vivenciando nova epidemia que, caso não haja mudanças no enfoque das ações, se estenderá pelo ano de 2010...
E depois, vem 2013/2014, Copa do Mundo, dengue camuflada, escondida sob o tapete...
O erro de avaliação da secretária é o resultado que temos hoje: outra epidemia! Embora ela, em auto-elogio, tenha declarado que “a redução é fruto de um trabalho contínuo de prevenção e controle ao mosquito Aedes aegypti e à dengue no município. Ela acrescenta que os resultados obtidos hoje pelo município são o reflexo do trabalho árduo dos profissionais”...
Analisando tal declaração, fica bastante claro o que venho tentando mostrar: “índice de infestação da dengue no município, monitorado pela Vigilância Ambiental do Município, alguns bairros estão com índice classificado como grave. E, entende-se por grave, índice acima de 3% e, com base nesses dados, estão sendo realizados trabalhos de destruição de criadouro potencial do mosquito, orientação à população e outras ações em parceria com os líderes de alguns bairros, como no Novo Horizonte III (índice de 4,76%; Recanto Maria Flávia (6,9%); Vila Verde (4,5%); Vila Santa Luzia (5,08%); Santa Esther (5,56%); Jardim Iguaçu (4,13%); Jardim Rondônia (5,58%); e, Jardim Cidade de Deus (4,32%)”.
Ora, basta um mosquito para logo ter-se uma centena deles!
O acima exposto deixa claro que o trabalho realizado foi incompleto, deixando a desejar, pois milhares de mosquitos ficaram proliferando para novamente atingir nossa população, em 2009, da forma mais grave: DENGUE HEMORRÁGICA! (Leia-se: um organismo debilitado já de outra dengue tendo uma nova infecção.)
É exaustivo tentar mostrar a realidade e o risco que a população corre pelos desmandos e descasos de uns. Acho que não saber o funcionamento e desenrolar de uma epidemia é perdoável... Mas não aprender, depois de tanto tempo, é lastimável, pois afeta de forma muito grave tantas famílias!
É como já escrevi em outro artigo: só quando atingir alguém da própria família, como ocorreu com um importante ministro na Índia, que desmentiu uma epidemia em andamento, até que seu neto e outros membros da família tiveram a dengue com evoluções hemorrágicas. Daí, claro, ele determinou providências....
O preocupante é que as providências, na verdade, são simples e por que não são tomadas, mais preocupante ainda. Por quê?
Autor: Beatriz Antonieta Lopes


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