O VENDEDOR E A ESTHEFANY DO CROSSFOX
Associado, claro, a uma boa dose de sorte, o clipe non sence - no melhor estilo Vou de Táxi, da global Angélica -, antes de virar sucesso, teve por traz algumas nuances importantes de serem tratadas nesse ambiente onde o interesse é pelo corporativo e pelo mundo das vendas e dos negócios. Mas que imita a vida e suas inter-relações em tempo integral.
O vídeo da Esthefany, apesar de tosco, teve um grande investimento para os padrões da família e da pequena Inhuma. Custou, segundo a mãe da artista, 4,5 mil reais. Isso porque o crossfox do clipe foi emprestado por um amigo e a letra da música e a produção de figurino ficou por conta da mãe. Conheço centenas de empresas pelo Brasil afora que não tem coragem de investir esse dinheiro na produção de um comercial para televisão.
Assim como a Esthefany, a absoluta, qualquer profissional, inclusive eu, gostaria de se transformar em um sucesso nacional, ou minimamente ser reconhecido como um grande vendedor. Só que isso, ao contrário da cantora não acontece da noite para o dia. É preciso investimento na carreira, formação acadêmica, reciclagem profissional, networking. É isso, associado a muito esforço, determinação, motivação, ética e talento. É isso que faz o profissional sair do lugar comum e brilhar. Claro, uma dose de sorte também faz parte do processo.
Esthefany e sua mãe tiveram o que talvez mais falte no mundo corporativo. Atitude.
Elas não ficaram lá em Inhuma chorando as mazelas da seca, do baixo IDH ou da falta de perspectiva. Elas criaram a perspectiva, foram ao encontro da sorte. Investiram na única possibilidade que acreditavam. E olhe que nem foram elas a postar o vídeo no Youtube, mas ele estava produzido. Souberam tirar proveito das oportunidades que se mostraram. Assim deve agir o vendedor. Aproveitar todas as oportunidades para melhorar a sua condição profissional. Investir em si mesmo e não ficar esperando que a empresa o faça.
Outra coisa que a jovem cantora nos ensina é a ter perseverança e acreditar sempre. Ela acreditou que iria se apresentar nos principais programas da televisão, que faria sucesso e perseguiu isso. Sua música é cantada pela platéia nos shows de Claudia Leite a Preta Gil. Quantos profissionais conhecemos pela vida afora que abandonam suas carreiras diante das primeiras dificuldades ou recusas de clientes?
Na letra da música, palavras de ordem como: Absoluta, linda, sou demais, não sou de esperar, demonstram o elevado grau de autoestima que qualquer profissional precisa ter. Não confundir, obviamente, com narcisismo que só faz atrapalhar o crescimento profissional.
No entanto, nessa bela história de conto de fada, reside um senão muito sério e que todo profissional – de venda ou de qualquer outra área – precisa e deve estar vigilante. Que é a questão da ética e do respeito. Vendedor profissional não age como um pitbull que pula na jugular do cliente e arranca a venda a qualquer custo. Isso não é venda é coação.
No Meu Crossfox é uma versão não autorizada de A Thousand Miles da americana Vanessa Carlton. Ou seja, ela não pode cantar a música em público e nem veicular em rádios, tvs, internet etc. Pode até ser que no universo sem dono e sem barreiras da Internet, onde a autora também brilhou recentemente, esse tipo de atitude seja lugar comum. No mundo corporativo isso é falta de ética e profissional sem ética não se estabelece por muito tempo. No mundo da música não sei.
Pra finalizar. A mãe da cantora declarou no programa Caldeirão do Huck que fizera uma promessa para o Padim Padre Cicero. Ir de Inhuma no Piauí até Juazeiro do Norte no Ceará, no lombo de uma jumenta, caso a filha conseguisse se apresentar em um programa da Tv Globo. Foi convencida pelo apresentador a minimizar a promessa e cavalgar de um hotel na Barra da Tijuca, no Rio, até o Projac. Ela topou, claro! A filha já estava na Globo.
Profissional não minimiza. Sempre cumpre o que promete, por mais absurda que possa parecer a entrega. O "santo" pode até perdoar, o cliente jamais.
Nelson Gonçalves
www.nelsongoncalves.net
Autor: Nelson Gonçalves
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