Carolina & Marina



CAROLINA & MARINA
Uma história carioca



Cap I
Cidade Maravilhosa

Cidade quarenta graus é pouco pra dizer do calor que fazia naquele dia do mês de março. O carnaval tinha terminado, toda aquela agitação que a cidade vivia, passou tudo voltava ao normal, ou mas ou menos isso. No centro do Rio de Janeiro a confusão do trânsito mais as pessoas correndo para o trabalho, outros pra escola e outros para outras coisiquinhas, sabe né coisa de carioca. O mar chamava pra um banho bem geladinho e sol queimava a pele. Rio quarenta e dois graus, era o que indicava o termômetro às oito horas da matina de uma segunda-feira. Os camelôs arrumadinhos já na calçada dividindo o espaço com a população pra lá de acostumada. Os ônibus passando carregados de trabalhadores correndo pela cidade, os trens nem um pouco diferente, com os costumeiros surfistas pendurados na porta ou no teto do trem. Bem um dia normalésimo na cidade maravilhosa.
A praia como não podia deixar de ser, estava cheia. Eram turistas de férias, população local e sabe Deus o que mais. Cachorro fazendo côco, ambulantes vendendo de quase tudo. A policia em seus carrinhos fazendo aquela zueira, pelas ruas, dando a impressão de ir atrás dos bandidos. Como disse, um dia normal no Rio.







CAP II
Carolina


Já passava das dez da manhã quando Carolina começou a descer o morro. Ia até lá embaixo, ver se encontrava sua irmanzinha, Marina.
Carolina era uma beleza de morena, cabelos negros, olhos castanhos, pesava mais ou menos uns quarenta e cinco quilinhos, media um metro e sessenta e oito, uma loucura. Uns diziam que tinha puxado o lado do pai, outros da mãe. A verdade é que a morena tinha molejo, beleza e juízo. Quando passava toda a galera masculina babava, e a galera feminina se mordia de inveja.
Carol, como era conhecida, trabalha à noite em uma boate, servindo as mesas. Durante o dia dava aulas de samba para aqueles que queriam desfilar nas escolas de samba, ou apenas aprender os passos. A morena sambava feito o diabo, alguns diziam que puxou ao pai e outros a mãe, vai se saber.
Carolina também tinha uma outra obrigação, que era cuidar de Marina, irmã mais nova. Os pais das moças tinham morrido em um incêndio no barracão da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel a alguns anos atrás. E sobrou pra Carol, cuidar da casa e da irmã.












CAP III
Marina

A irmã de Carolina, é uma moça de dezesseis anos, em um corpo mais ou menos assim : um metro de sessenta seis, cabelos negros cacheados, olhos negros, lábios carnudos, seios fartos e nádegas volumosas. Bem Marina não perde em beleza para Carol, mas em matéria de juízo é outra história.
Marina é abusada, não tem medo de nada, pelo menos é o que ela pensa. Se arrisca sem pensar muito nas conseqüências. Marina gosta de ser provocativa, gosta de arriscar-se, mas quando a coisa fica feia quem sempre a salva de situações chatas e perigosas é sua irmã mais velha Carolina.
Sempre se metendo em confusões, e até brigas. No morro da Formiga, onde as duas moças vivem, todos conhecem as irmãs. Carol é vista como a sensata, aquela que mede as conseqüências dos atos. Já a intrépida Marina, é conhecida por provocar os homens, as mulheres, e até as crianças e os animais, ou seja, está sempre arrumando confusões.
Marina também adora o samba, o carnaval, a praia e o astro rei, o sol. Ela também gosta do lugar onde mora, o morro da Formiga, lá ela nasceu e cresceu. Mas Marina não confessa, mas sente muito a falta da mãe, não dá o braço a torcer pra Carol, mas a irmã não consegue fazer o papel da mãe que ela perdeu. Algumas pessoas que conhecem as duas, afirma que o problema de Marina é a perda da mãe em uma idade muito tenra. Marina tinha cinco anos quando perdeu os pais.







CAP III
O Morro da Formiga

O morro onde as mocinhas vivem, chama-se morro da Formiga. Fica na zona Norte do Rio, o subúrbio carioca, lá a comunidade é muito unida pois todos se conhecem desde que o pessoal reuniu-se para morar lá há anos atrás. Muitos nasceram naquele morro, cresceram e morreram. Os pais das meninas, foram morar lá logo assim que casaram. Um ano depois Carolina nasceu, foi uma festa, não só para os pais mas também para a comunidade do Formiga.
Já a gestação do bebê Marina foi complicado, os pais brigavam muito, a mãe tinha muito ciúmes do pai e pai também tinha da mãe. Sempre tinha uma confusãozinha na casa de Marina e Carol. Assim a menina nasceu em meio as brigas do casal que se tornou constantes após o nascimento de Marina, os pais brigavam na frente das duas meninas sem a menor cerimônia, e as vezes a coisa ficava feia. Alguns vizinhos tinham que se meter nas brigas para apartar o casal, enquanto isso Carolina cuidava da irmã já naquela época.
Todos lembram bem o que aconteceu na noite de trinta de abril, quando os pais das moças morreram. Tudo começou com uma discussão do casal, um acusando o outro de traição, um dizendo que a culpa era do outro se o casamento estava afundando. Entre uma acusação e outra, o pai disse que a mãe estava tendo um caso com um dos vizinhos, isso claro saiu de controle e acabou chegando no barraco do tal vizinho, que se irritou dizendo que era inocente e que o marido ultrajado deveria dar mais atenção a esposa e parar de ir encontrar as piranhas da rua XV.
A coisa começou a esquentar, até que o vizinho que era ex-policial, pegou a arma que guardara do tempo que era PM, uma trinta e oito, o vizinho balançando a arma na cara do pai de Marina disse que ele deveria pedir desculpas e dar o fora rápido. Já o pai das moças enfrentou o vizinho com a arma e tudo e começaram a lutar corpo a corpo, a arma dispara e acerta o pai de Carolina que cai morto, a mãe vendo tudo aquilo aos gritos, diz que o vizinho iria pagar por seu crime. Dito e feito o cara foi preso e condenado. A mãe das moças aos poucos sede a bebida, e acaba morrendo de uma tentativa de suicídio, deixando Carolina e Marina sozinhas no mundo.
Assim Carolina teve que amadurecer cedo, enquanto Marina resolveu ser rebelde, talvez seja da personalidade dela ou talvez seja uma maneira de chamar atenção. Embora Carol tivesse muita paciência com a irmã caçula, as vezes os vizinhos achavam que o barraquinho das moças vinha a baixo, por causa da briga que as vezes era feia de dar medo.
























CAP IV
Os Amigos de Marina

Carol não gostava dos amigos da irmã, dizia que não prestavam porque não trabalhavam e matavam aula adoidado. Era sempre motivo de brigas quando o assunto era os amiguinhos de Marina.
Eram quatro, os amigos, Zeca era um rapaz de dezessete anos, não trabalhava e “estudava”na mesma escola de Marina. Ana Paula, moça de quinze anos era da mesma sala de Marina na escola, muito doidinha. Rita também tinha dezesseis anos e estudava em outra escola. Carlão era o mais velho tinha dezenove anos, e não tinha trabalho fixo, mas sempre dava um jeito de arrumar uma grana. Ninguém sabia como ele arrumava o dinheiro, nem perguntavam, era melhor assim e mais seguro.
A turminha se reunia depois da aula todos os dias. Encontravam-se próximo a uma sorveteria na esquina da escola de Marina. As vezes ficavam horas conversando lá mesmo, outras vezes, saiam por aí. Carlão era o líder da turma, tinha talento natural para mandar e todos obedeciam na boa, porque todos da turma gostavam dele. Carlão era um rapaz negro, alto de olhos castanhos muito marcantes, forte. Todas as garotas suspiravam quando ele chegava no pedaço, e claro o rapaz sabia dos seus encantos, só que o coração dele tinha dona e seu nome era Carol.
Ana e Rita eram muito amigas de Marina. A primeira era muito imatura, e doida, se arriscava a toa e brincava com a sorte. Rita era medrosa, mas vivia colada na turma, sentia-se protegida e arrastava um caminhão por Carlão, e claro que ele nem desconfiava disso.
Zeca ou, José Carlos, era o namoradinho de Marina. O rapaz idolatrava a mocinha, já ela usava e abusava dos sentimentos do jovem rapaz. Zeca era um rapaz moreno, um pouco mais alto que Marina, olhos e cabelos negros assim como Carlão tinha um porte atlético, o que chama a atenção das meninas.


CAP V
A Festa

Ia ter uma festança lá no morro da Formiga, para comemorar o aniversário de casamento do casal mais antigo da comunidade. Seu Jorge e Dona Laura, fariam bodas de ouro. Todos estavam envolvidos na preparação da festa. Reuniram-se em grupos para cada tarefa, Carolina e Marina ficaram encarregadas de cuidar arrumação das mesas, toalhas, enfeites e outras coisinhas.
Havia muita agitação e animação também em todos da comunidade, porque o casal aniversariante era muito amado por todos. Seu Jorge e Dona Laura eram um dos primeiros a ir morar no morro. Não se falava em outra coisa, as mulheres animadas em mostrar suas roupas e sandálias da moda carioca, os homens, bem os homens como sempre falavam de seus times de futebol, não dando muita bola pra esse negócio de roupa de festa.
Carol estava envolvida com a escolha de tecido para as toalhas das mesas, e Marina e suas amigas confeccionando os arranjos pra mesa. As garotas decidiram fazer um jarrinho com hortências de tecido. Elas tinham talento para trabalhos manuais, sempre estavam fazendo alguma coisa como biju e outras coisas.
Marina não deixou os rapazes a toa, deu a eles tarefas também, principalmente para Zeca que acabava arrastando os outros. Marina pediu que eles recortassem e colassem as flores como ela havia mostrado, e eles muito obedientes fizeram sem reclamar da tarefa.
O morro estava ficando todo enfeitado para a festa e estava ficando muito bonito.
A festa começou lá pelas sete da noite, mas começou a bombar mesmo foi a meia-noite, a hora que todos os monstros e outras coisas, se você acredita, começam a aparecer. Carol que já tinha cumprido com o seu papel de organizar tudo estava se divertindo dançando um pagode que estavam tocando, e a morena sabia sambar ta legal !
Já sua irmanzinha Marina estava encostada num muro em um beco dando uns amassos em um cara que ela tava de olho a dias. Mas é claro que vocês sabem que toda ação resulta de uma reação. Nosso queridinho Zeca que estava procurando Marina já fazia uma meia hora, acabou encontrando.
A reação do moçinho é claro não poderia ser outra, partiu com tudo pra cima do carinha que tava aos beijos com Marina. E a pancadaria começou e a festa do Seu Jorge e da Dona Laura acabou.
Uns foram pra policia, outros pro hospital e Marina foi pra casa arrastada por Carol que estava dando aquele sermão na irmã que tava já com a orelha quente.
Zeca estava todo machucado, mãos, boca, olho roxo, escoriações pelo corpo e claro com o orgulho ferido e pior ver que sua namorada não ligava muito pra ele, ou seja, podia beijar qualquer um a qualquer hora que lhe desse na telha. Essa dor era a pior, amar e não ser amado. Se dedicar a alguém que nem tava aí pra você é dose dupla não acham ??

















Epílogo

Como já disse tudo aquilo que você fizer terá conseqüências. Bem não deu outra. Zeca não queria mais ver Marina, esta estava atrás dele já uma semana. Carol estava furiosa com a irmã e começou com conversar mais com Carlão e adorou a idéia, claro !!!!
Mas as coisas não ficaram só por aí ! O tal cara que Marina tava dando uns amassos era do morro rival e tinha uma galera que seguia o cara, porque ele era meio que o líder da gangue por causa do seu irmão mais velho que trabalhava para o trafico.
Em uma noite Zeca estava voltando pra casa bem tarde porque tinha ido trabalhar como garçom em um restaurante em Ipanema. Estava morto de cansado mais subia o morro assim mesmo, quando ia virar para entrar no beco onde ficava sua casinha uns dois caras seguraram Zeca e o arrastaram para dentro de um carro que sai arrancando.
Os caras eram amigo do outro, lá da festa lembram ? Pois é ! Levaram o Zeca para o morro deles, Morro do Alemão, e bateram muito no pobre rapaz, já quase não deva pra ver os olhos dele e sua boca todo arrebentada era sangue puro. Então o cara disse pro Zeca:
- E aí malandro gostou ??? Zeca não respondeu. Ele continuou
- Sabe acho que amanha vou procurar aquela garota pra dar uns malhos nela, que qui você acha ???
Zeca só rosnou pois não consegui falar de dor. É claro que a provocação seguiu.
- Diz aí valentão o que você acha ????
Nosso Zeca nada disse. Mas o covarde do Pirulito, era o nome do beleza, mandou seus companheiros pegarem pneus e irem colocando no Zeca, um por um foi descendo por seu corpo até chegar ao pescoço.
As vezes fico pensando até que ponto pode ir a maldade do ser humano, daí lembro das palavras do filosofo inglês Thoams Hobbes, que diz que o homem é o lobo do homem.
Pirulito jogou querosene nos pneus e riscou um fósforo e jogou. É claro que nunca ninguém achou o corpo ou os restos mortais do Zeca, mas o pessoal do Formiga sabia que o rapaz já estava morto. Fizeram uma missa pela alma dele em uma igreja lá na Tijuca mesmo. E quem fez a maldade nunca foi descoberto é claro !
Marina não se recuperou do que aconteceu, mas aprendeu uma dura lição na vida. Não se deve brincar com fogo e nem com os sentimentos das outras pessoas.
Carol e Carlão começaram a nomorar. Mas ele nunca esqueceu do amigo Zeca, mesmo porque ele sabia quem tinha matado o rapaz.
Mas essa é outra história do Rio...






FIM
Autor: Marcia Rosa


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