Avaliação e Responsabilização



Luiz Carlos Menezes (Nova Escola 2008), afirma que “A qualidade da Educação deve ser aferida, e as provas gerais têm esse papel, nem sempre bem interpretado”. Segundo o autor, avaliações como a Prova Brasil permitem planejar o aperfeiçoamento de escolas e redes, contudo ele também afirma, que “cabe a esses exames orientar, e nunca “carimbar” uma instituição”, mais do que isso, ele lembra que “é bom evitar comparações absolutas entre escolas e professores atuando em situações diversas”.
O autor defende nesse seu artigo, que “em quaisquer circunstâncias, avaliações são meio ou confirmação de nosso trabalho, nunca sua razão de ser”, devendo serem vistas como recursos para aprender e ensinar melhor, nunca temidas como sentenças, nem pelo aluno nem por nós.
O que ocorre então, é que os professores preparam mal seus alunos, porque sentem que está “em suas mãos” (mas isto é questionável) a responsabilidade do aluno ir bem, ou não, na Prova Brasil ou outra avaliação externa, e o aluno teme que se for mal será rotulado disso ou daquilo, quando não, alvo de piadas populares. Diante dessa pressão, se um não prepara como deveria, o outro não se deixa preparar, indo as coisas de mal à pior, com o grave suporte da equidade social.
Diante dessa situação, resolver a questão da equidade não é a solução; é um dos fatores!
Se a avaliação fosse proposta como avaliação e não como penalização, as questões de equidade seriam enxergadas, levadas em conta e resolvidas.
De nada adianta, por exemplo, investir milhões em uma região pobre, onde os índices de resultado são baixos, se continuarmos avaliando de forma errada, excludente, se não mudarmos nossa maneira de avaliar, avaliar para melhorar e não para classificar.
O correto não é, como muitos discursam, principalmente políticos, “penalizar os banqueiros e ricos para dar aos pobres”, isso é ideologia ultrapassada que na prática nunca vai funcionar. O primeiro passo não é “dar mais dinheiro”; é avaliar corretamente.
Só vamos conseguir resolver a questão da qualidade na educação quando conseguirmos trabalhar sincronizados com os especialistas que estudaram, planejaram, desenvolveram e lançaram todas essas avaliações.
Divulga-se que “tal escola tirou 1 e outra 5 ou 6 ou 10”, mas o que é 1 ou 6 ou 10?.
O que precisa melhorar nessa que tirou 1?
Não é só fazê-la tirar 7 ou 8; isso os cursinhos preparatórios já estão começando possibilitar...
É incrível como está virando mania essa coisa de “cursinho”. O advogado não passa na prova da OAB, ou passa, não porque (não generalizando...) aproveitou bem o curso que fez, mas porque fez um bom “cursinho”. É lamentável!
E agora já surgiu o “cursinho do Enem...”. Logo sai o “cursinho do Prova Brasil”.
E sabe por que isso ocorre?
Porque não sabemos pra que serve, ou não sabemos ler os resultados de todas essas avaliações tão bem preparadas...
Não sabemos o que fazer com o seu resultado, então fazemos dela um “eficiente instrumento de classificação”, ao invés de avaliação. É, repito, lamentável.
Diante disso, não penso que o grande problema esteja na equidade em si (das regiões ou municípios ou escolas avaliadas), mas sim na maneira errada de se entender os resultados não só do Prova Brasil, como do ENEM e do ENADE.
Precisamos urgentemente, “parar de olhar para um horizonte infinito, sentado em nossa bela varanda, alheio ao problema de saúde ou de fome do nosso vizinho, simplesmente classificando-o de preguiçoso porque já é tarde e a casa dele ainda está fechada, provavelmente – pensamos – o preguiçoso ainda está dormindo”, precisamos entender melhor, estudar de verdade, o verdadeiro significado da avaliação que propomos ou preparamos, e mais do que isso, o que fazer com seu resultado, para fins de avaliação e não classificação.
Precisamos parar de achar que o problema da Educação é do prefeito, do professor e do aluno, “que no meu tempo era bem diferente, hoje a molecada não quer saber de nada e por isso está “essa bagunça...”, precisamos parar de passar emails ou usarmos em nossas palestras, os “absurdos da Prova Brasil, do ENEM e do ENADE” só pra rirmos da “burrice” dos nossos estudantes. Precisamos parar e pensar, em uma maneira de “resolver essa situação caótica, afinal, será que nos esquecemos que “eles são o Brasil do futuro?”.
Precisamos resolver o problema da equidade? Sim, concordo!
Antes de tudo, da equidade que existe entre os objetivos dos especialistas que preparam essas avaliações, como nos coloca muito bem Luiz Carlos de Menezes, e dos que fazem uso dessas avaliações; esse é o primeiro passo.


REFERÊNCIA:
MENEZES, Luis Carlos. Avaliação não é ameaça. Revista Nova Escola,Ano XXIII, n° 214, p.98. Ago. 2008.
Autor: VANDERLEI ROBERTO GABRICIO


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