Chaves Velhas



Hoje ao abrir um pacote em minhas coisas pessoais, me deparei com chaves velhas, de antigas portas, e que apesar de eu tê-las pago caro nelas na época, de nada me serviam agora, a não ser para colecionadores mais excêntricos.

Para que guardar o que nada mais se aproveita? Temos que ter as chaves certas, para que as portas certas se abrem e isto é bem óbvio. Só que nem sempre agimos assim na vida. Acreditamos que tendo em nosso poder as chaves, um dia podermos precisar, ou servir na porta de alguém. Ledo engano! Um dia elas vão enferrujar e teremos que jogar fora, porque o tempo não cessa, e as mudanças ocorrem o todo tempo, inclusive nas chaves e portas.

Minha família me deu bons exemplos de vida, mas nem sempre foi assim. Creio que isso acontece com todas as famílias infelizmente, e temos que driblar isto, guardando o que é bom e apagando o que não é.

Meus pais eram cercados de tradições antigas, manias e medos. Em virtude disso, guardavam tudo, mas principalmente o que nunca iam usar. De nada adiantava dizer-lhes algo em contrário, porque a resposta era a sempre a mesma: "Nunca se sabe o dia de amanhã. Um dia podemos precisar disto." Esta frase eu escutei inúmeras vezes, mas no final de suas vidas, tudo que guardaram enferrujou, se estragou, e esta que lhes escreve teve que dar um fim, o que não foi fácil, porque não tinha mais lugar para por tanta coisa inútil.

Hoje procuro ter somente aquilo que vou usar e comprar somente coisas que vou precisar. Mas como mudei muitas vezes na minha vida, foram ficando as chaves, que foram acumulando no decorrer dos anos. A propósito, meu pai também tinha muitas chaves. Algumas tão antigas que estavam comidas pela ferrugem.

Quando hoje vi as chaves guardadas numa caixa, perguntei: Deus, o que farei com elas? não conheço nenhum colecionador e além do mais, não valem tanto. Aí cheguei a conclusão que assim como na minha casa paterna eu iria começar a fazer a mesma coisa, se as guardasse de novo.

Joguei tudo fora. Sabe porque? Quando se junta "tralhas" em sua casa, não dá lugar ao novo. E como a sua casa sempre representa o que você é, coisas velhas acabam tomando o lugar de uma vida nova e transformadora.

Assim como as chaves velhas que não abrem mais as novas portas, assim, os fatos do nosso passado, não podem abrir caminhos novos. Temos primeiro que apagar e desfazer as coisas velhas, para que as novas se instalem. Há boas lembranças que guardamos em nosso coração, mas ainda sim, não podem ser revividas porque passado é tempo morto.

A todo momento a vida nos dá exemplo disso. Quantas vezes você entrou numa loja para comprar roupas? Deve ter percebido que a cada época da estação as roupas são substituídas, para que haja mais clientes para comprar. Se sempre permanecer com as mesmas roupas o ano inteiro, as roupas irão ficar velhas e fora de moda e ninguém irá comprar.

Meu pai me deixou algumas fotos, que em meus pensamentos me fazem voltar atrás no tempo, mas só nos meus pensamentos. O presente sim irá mudar minha vida para o futuro, por isso, sempre que posso, elimino coisas antigas e inúteis que só ocupam espaço.

Igualmente em nosso coração guardamos chaves velhas, que simbolizam nossas carências, medos, dores reprimidas, pecados antigos que nunca saem da gaveta do nosso coração. Assim como de tempos em tempos, fazemos faxina em nossa casa, eliminando coisas inúteis, assim deve ser em nossa vida espiritual.

Seja em nossa casa onde moramos, ou nossa casa espiritual, tudo deve estar no seu devido lugar. Casa arrumada é sinônimo de organização. Nosso coração deve estar organizado, para que planos e projetos novos possam se realizar e se expandir. E depois de um tempo, estes estarão ultrapassados e novos planos irão surgir para serem concretizados.

Você já percebeu que a vida está em constante mutação? A começar do planeta, e tudo que nele há. Até as estrelas do universo sofrem alterações. Só não muda a Palavra de Deus, que permanece para sempre. Por isso, Paulo diz, que as coisas velhas, como nossa velha vida passou, eis que tudo se fez novo. Em II Co 4.16 Paulo nos afirma que ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Sendo assim, desfaça das coisas velhas de sua vida para poder viver o novo de Deus.

"E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." (Rm 12. 2).
Autor: Nilma Coimbra


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