Vanusa no país das armadilhas



Isso. Estava sentado sobre minha definhada hiperatividade quando recebi o vídeo da cantora Vanusa interpretando o hino nacional brasileiro. Segui o link e, em poucos segundos, estava admirando uma nova versão para o hino mais belo que já ouvi em exibição de competições esportivas mundiais. Era uma versão irreverente. Algo perturbador. Vanusa Santos Flores virou a última página de nosso moralismo quitanda.
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Minha mãe sabe tudo da musa do "iê-iê-iê" e assistia ao vídeo mesclando gargalhadas e expressões agonizantes como "Meu Deus!", "Ai, ai!", "Ih!". Estava escrita uma decepção e outro desprendimento ali na testa de minha mãe. A Jovem Guarda já é, para ela, uma coisa insuportável que morreu com a mutação do Roberto Carlos; e "como eu gostaria de vê-lo dançando denovo", mas já não tem mais lugar para os dinossauros inconsequentes da Jovem Guarda em nossos dias corridos e cheios de perfis musicais no Myspace.
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São ícones hor concuors da nossa cultura artística que acabam em celebrações esportivas da segunda divisão, palanques políticos de discussões relevantes para a nação ou sessões extraordinárias que homenagearão alguma personalidade. Eles estão lá. Fazem a parte que lhes coube: chegam, cantam, inspiram e vão embora respirar o universo paralelo que os fãs, descansados em novelos de lã, lhes proporcionaram.
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No entanto, o fato ocorrido no evento da Assembléia Legislativa de São Paulo crava outros vieses. A cantora reflete minha barriga sentada sobre meu pênis. Vanusa é vítima. Está permeada de exibicionismo inútil no Senado, duelos descabidos na televisão aberta e educação com os piores índices do mundo. Ela tem direito de fazer o que fez tanto quanto eu tenho de esquecer que a última estrofe da segunda parte é "Brasil", vírgula, "de amor eterno seja símbolo". Pois, patriotismo não se concebe na contra capa de livros escolares.
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Depois sabido que a cantora estava sob efeito de remédio para labirintite a corrida para as desculpas foi rápida. Já eu prefiro creditar a ela a bravura de escancarar para o Brasil - frente às representações acéfalas do nosso poder legislativo - a nossa verdadeira face, o nosso verdadeiro hino.
Autor: Alex Pinheiro


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