A ETERNIDADE E O INFINITO



A ETERNIDADE E O INFINITO

Qualquer estudioso de Teologia tem que se deparar, de saída, com duas realidades que extrapolam todo o seu tirocínio – a eternidade e o infinito. Vamos falar inicialmente da Eternidade. Ou melhor, vamos gaguejar um pouco sobre o assunto, pois a eternidade é tão inatingível para nossa mente finita que é até uma temeridade aventurar-se em tão encapelado pélago.

Mas, Deus nos fez de modo tão tremendamente entretecido e perfeito que deixou o salmista estupefato, ao ponto de pronunciar estas esfuziantes palavras: "Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem para que o visites? Contudo menor o fizeste do que os anjos" (Salmos 8.4,5).

Nesta perfeição que o próprio homem desconhece foi que Deus lhe deu o conhecimento inato e intuitivo de Deus, pois "tudo fez formoso em seu tempo" e também "pôs a eternidade no coração deles" (Eclesiastes 3.11).

Neste ser temporal, transitório, passageiro e efêmero Deus colocou a eternidade no coração.

Pense, então, no terrível conflito, no inominável paradoxo – um ser tão pequeno conviver com uma realidade tão gigantesca, a eternidade. Um tradutor bíblico ficou tão espantado com a possibilidade que chegou a corromper a tradução e, talvez, por falta de fé, colocou, no lugar, a frase: "pôs o mundo no coração deles". Que redução horrenda, não?

"Tradutori traditori"!

Bem, eu não sei o que é a eternidade, só sei que ela, semelhante a Deus, não existe, porque nunca veio a existir. Ela é.

A eternidade não tem ontem, nem hoje, nem amanhã. Sempre foi, sem passado, sem presente, nem futuro. Não tem duração, nem tempo, nem passagem, nem decorrer. É sempre. Não começou, nem terminará.

A Bíblia começa com a expressão "no princípio". Por quê? Porque a primeira coisa que Deus criou foi o tempo. O tempo não existia. A eternidade não é o tempo nem tem tempo.

A eternidade é a esfera do único Deus que tem "ele só, a imortalidade, e habita na luz inaccessível" (1 Timóteo 6.16). É a esfera dele e somente dele.

Bem, acho que para um serzinho de nada já falei demais a respeito de algo tão transcendental, aloexistente, excelso e tão incompreensível. Vamos passar, então, a falar sobre o Infinito.

Aqui vamos novamente entrar em terreno totalmente desconhecido para o intelecto humano.

Se você utilizar sua imaginação e visualizar a mais distante galáxia do universo, situado não a milhões, mas bilhões de anos-luz da terra, vai descobrir que depois dela existe um espaço sem fim.

Para qualquer lado que olharmos ou que nos reportarmos, sabemos, pela lógica, que essa realidade se estende indefinidamente.

Dizem que alguns tentaram essa inimaginável dimensão e ficaram loucos.

In + finito = algo que não finda, não termina, não tem dimensão, não tem seccionamento.

Então Deus é eterno e infinito, não tem começo de dias nem fim de existência. Preenche todo o universo e extrapola este mesmo universo que é apenas uma centelha dos domínios de Deus.

Só podemos conhecer de Deus o que ele quis revelar dele mesmo. E o que é maravilhoso é que Deus nunca deixou de se revelar.

Hebreus 1.1 afirma: "Havendo Deus antigamente falado muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho".

Mas, antes disto, Deus já se revelava ao homem. Veja o que disse paulo aos romanos: "Porque suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem, pelas coisas que são criados, para que eles fiquem inescusáveis" (Romanos 1.10).

Então esta revelação é muito antiga. Ele se revela (1) pela natureza, (2) pela palavra dos profetas, (3) pelo testemunho do nosso foro íntimo, (4) pela sua palavra escrita, (5) por palavras diretas dele mesmo, (6) pela palavra dos anjos.

Mas disto (que já é tanto) não podemos passar.

Aí entram em cena os especuladores, os místicos, os videntes, os visionários, os bruxos, os feiticeiros, os adivinhos, os filósofos, os teólogos, os curiosos, os vaidosos, todos eles procurando (me desculpem a expressão) encontrar chifre em cabeça de cavalo.

Disso resulta a coisa ridícula que encontramos em tantos livros bonitos, bem apresentados, escritos por grandes eruditos, cheios de títulos, mas sem nenhuma revelação.

Deus, pois, se revela como o Grande e Soberano Deus, Senhor, Salvador, Redentor, Criador, Preservador da Vida, Aloexistente, Transcendental, Divino, que habita em luz inaccessível, o Imortal, Amoroso, Infalível e tantos outros atributos que nem dá para enumerar.
Autor: Paulo de Aragão Lins


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