Novenas Católicas – Compreendendo-as.



Novena é um momento de oração, individual ou em grupo, realizado durante nove dias. Costumeiramente é uma tradição católica, realizada por devoção a algum santo, a Jesus Cristo ou a Nossa Senhora.
A prática de rezar novenas tem origem nas Sagradas Escrituras. Entre a ascensão de Jesus ao céu e Pentecostes, ou seja, a descida do Espírito Santo, passaram-se nove dias. A comunidade cristã ficou reunida em oração junto com Maria, algumas mulheres e os apóstolos. Foi a primeira novena cristã, chamada Novena de Pentecostes. É repetida todos os anos, quando se reza, de modo especial, pela unidade dos cristãos. Ela é o padrão de todas as outras novenas.
Alegoricamente, a novena é, antes de tudo, um ato de louvor à Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Deus três vezes Santo. Três é número perfeito. Três vezes três, nove. Assim, a novena é louvor perfeito à Trindade. A prática de nove dias de oração, louvor e súplica deve confirmar, de maneira extraordinária, a fé em Deus que nos salva, por intermédio de Jesus, de Maria, sua Mãe, e dos Santos.
Na Igreja Católica, a novena é uma devoção que consiste em rezar para se obter alguma graça especial. A devoção é uma pequena oração destinada a um determinado santo, dependendo da graça que se quer alcançar. Pode ser também a recitação do Rosário ou do Terço. Existem 4 tipos reconhecidos de novenas: as de luto, as de preparação, a oração comum e aqueles que são indulgenciadas. Porém, existem aquelas que podem pertencer a mais de uma destas categorias. Vejamos agora alguns exemplos de novenas tradicionais na Igreja Católica.

• Novena de Pentecostes
A “Novena de Pentecostes” é a “mãe” de todas as novenas. Ela é litúrgica, instituída por um decreto do Papa Leão XIII, na Encíclica “Divinum Illud Múnus”, em 9 de maio de 1897. Preocupado com a pouca atenção dada à pessoa do Espírito Santo nos escritos da Igreja, e sua escassa presença na liturgia e nos devocionários católicos, Leão XIII escreveu este Documento Pontifício sobre a virtude do Espírito Santo. Aos fiéis que assistirem devotamente à novena feita em público, em honra do Espírito Santo, antes da festa de Pentecostes, concedem-se: a) indulgência de 10 anos em cada dia de novena; b) indulgência plenária, se ao menos em cinco dias tomarem parte na dita novena, confessarem os pecados, comungarem e rezarem na intenção do Papa. Àqueles que, no referido tempo ou em outro tempo do ano fizerem orações ao Espírito Santo, com o propósito de rezarem durante nove dias sucessivos, concedem-se: a) indulgência de sete anos, uma vez em cada dia; b) indulgência plenária nas costumadas condições, depois de terminada a novena; e onde esta se realizar publicamente, pode-se receber tal indulgência unicamente aqueles a quem um motivo legítimo proibir de estar presente à devoção pública.

• Novena da Santíssima Trindade
A novena da Santíssima Trindade é a mesma novena que Frei Galvão recomendava que as pessoas rezassem e é bastante antiga na Igreja. Trata-se de uma novena em cuja oração, nós louvamos o Pai, o Filho e o Espírito Santo e pedimos as graças necessárias. Ao rezar esta novena, contemplamos o Mistério da Santíssima Trindade: Deus é um só e Nele há três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. O Mistério da Santíssima Trindade nos tem sido revelado pela Pessoa, palavras e ações de Jesus Cristo. Depois de ter falado pelos profetas, Deus enviou seu Filho, Jesus Cristo, que nos deu a Boa Nova da Salvação. Esta é a mensagem do novo Testamento, onde Jesus revela a terceira a Pessoa, o Espírito Santo.
O Pai e o Filho, depois da ressurreição, o enviaram a Igreja, como Jesus havia prometido. Honramos a Santíssima Trindade sempre que tomamos consciência de que Deus Pai, Filho e Espírito Santo estão presentes em nossa alma. Os honramos quando tentamos entender, com a ajuda da fé, que pelo Batismo somos chamados a íntima união de amor com as três Pessoas Divinas.

• Novena de Frei Galvão
Santo Antônio de Sant'Ana Galvão, mais conhecido como Frei Galvão, é o protetor das parturientes (mulheres que estão para dar à luz). A Novena de Frei Galvão é muito conhecida. Na verdade, ele sempre mandou os fiéis rezarem a Novena da Santíssima Trindade mencionada acima. Durante a novena, toma-se as “Pílulas de Frei Galvão” por duas ou três vezes. Milhares de pessoas alcançaram graças através dessa novena.
Frei Galvão nasceu em Guaratinguetá/SP, em 1739, e faleceu em São Paulo, a 23 de dezembro de 1822. É o primeiro santo nascido no Brasil. Foi canonizado em 11 de maio de 2007. Ele foi o responsável pela construção do Mosteiro da Luz, em São Paulo, obra declarada "Patrimônio Cultural da Humanidade", pela UNESCO.
As pílulas de Frei Galvão surgiram espontaneamente. Um dia ele foi procurado por um senhor cuja esposa estava em trabalho de parto, com risco de vida. Frei Galvão, não podendo atendê-la, escreveu em três pedaços de papel o versículo do Ofício da Santíssima Virgem: “Depois do parto, ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, interceda por nós”. A mulher ingeriu as pílulas com devoção e a criança nasceu normalmente. Esta é a origem das pílulas de Frei Galvão, ainda muito procuradas pelos devotos. Elas devem ser tomadas durante a novena, conforme Frei Galvão orientou.

• Novena de Santo Expedito
Santo Expedito é considerado o santo das causas justas e urgentes. Por isso, a Novena de Santo Expedito é rezada por aqueles que necessitam de soluções rápidas para grandes problemas. A tradição apresenta Santo Expedito como um centurião, ou seja, chefe de uma legião romana. Expedito levava uma vida devassa, mas um dia, tocado pela graça de Deus, se converteu. Foi então que lhe apareceu o Espírito do mal, em forma de corvo, que dizia: “Cras, Cras, Cras”, palavra latina que quer dizer: “amanhã”, isto é, deixe para amanhã! Não precisa fazer tudo hoje... Mas, Expedito, pisoteando o corvo, esmaga-o, gritando: Hodie! Quer dizer: Hoje! Não vou deixar para amanhã o que deve ser feito hoje! Por isso, a novena de Santo Expedito é rezada nos casos que exigem solução imediata. Trata-se de uma novena muito conhecida e rezada pelos católicos. Milhares de pessoas, através dos séculos, alcançaram graças ordinárias e extraordinárias através da novena de Santo Expedito.

• Novena de santa Rita de Cássia
Santa Rita De Cássia é a santa das causas impossíveis. Por isso, a novena de santa Rita é rezada quando julgamos que aquilo que precisamos, seja algo impossível de se alcançar pelos meios humanos. E a história de Santa Rita faz jus à sua fama. Filha única, foi mãe, viúva, religiosa e estigmatizada (recebeu as chagas de Nosso Senhor Jesus cristo em seu corpo). Nasceu em 1381. Queria ser religiosa, mas casou-se por desejo dos pais. Foi espancada pelo marido inúmeroas vezes. Era tão obediente a ele que nem ia à Igreja sem sua permissão. Após 20 anos de oração, o esposo se converteu e lhe pediu perdão. Um dia, porém, o encontraram assassinado. Seus dois filhos juraram vingança. Santa Rita rogou ao Senhor que salvasse seus filhos antes de cometerem um pecado mortal. Os dois padeceram de uma enfermidade fatal.
Santa Rita quis entrar no Convento das irmãs Agostinianas, mas elas não queriam uma viúva. Então, ocorreu um milagre. Ela caiu em êxtase e quando voltou a si estava dentro do monastério que tinha as portas trancadas. Assim, as monjas não puderam negar-lhe a entrada. Ela plantou uma roseira, que ainda existente, e que todos os anos dá flores em pleno inverno.

• Novena de São Judas Tadeu
A novena de São Judas Tadeu também é rezada nas causas urgentes e difíceis e tem séculos de tradição. São Judas é o santo dos aflitos e desesperados. A Igreja celebra sua festa em 28 de outubro. São Judas Tadeu nasceu em Caná da Galiléia, na Palestina. O pai, Alfeu, era irmão de São José; a mãe, Maria Cléofas, prima irmã de Maria. Portanto, ele era primo irmão de Jesus.
A Bíblia fala pouco de Judas Tadeu. Ele foi escolhido como apóstolo (Mt 10,4). Após a ressurreição de Jesus ele foi pregar na Galiléia, Samaria, Idumeia. Depois foi evangelizar a Mesopotâmia, Síria, Armênia e Pérsia. Sua pregação e testemunho provocou inveja e ele foi martirizado a golpes de cacetes, lanças e machados, por volta do ano 70. Seu Livro na Bíblia é uma advertência contra os falsos mestres e um convite a manter a pureza da fé. Sua imagem tem um livro, que é a Palavra que ele pregou, e a machadinha, com a qual foi morto. Seus restos mortais estão na Basílica de São Pedro, no Vaticano. O povo fez do Santo um intercessor amigo e confiável para levar a Deus os pedidos mais urgentes e difíceis.

• Novena de Santa Edwiges
A novena de Santa Edwiges é rezada, principalmente, pelos endividados, pelas pessoas em dificuldade financeira e pelas famílias em dificuldades. A história de santa Edwiges nos ajuda a compreender isso. Ela nasceu na Alemanha, em 1174. Era rica, mas vivia humildemente. Aos 12 anos casou-se e teve seis filhos. Fazia jejuns, limitando-se a comer legumes secos nos domingos, terças, quintas e sábados. Nas quartas e sextas-feiras, era só pão e água. Uma vez doente, um Bispo precisou exigir a interrupção do jejum.
Junto com o marido construiu igrejas, mosteiros, hospitais, conventos e escolas. Por isso, sua imagem a representa segurando uma igreja.
Ao ficar viúva foi morar no Mosteiro de Trebnitz, na Polônia, onde sua filha Gertrudes era superiora. Ela encaminhava as viúvas para os conventos onde estariam abrigadas e as crianças para escolas. Socorria os endividados, pagando-lhes as dívidas. Por isso, ela é considerada a padroeira dos pobres, dos endividados e protetora das famílias. Ela pede aos seus devotos mais amor a Jesus à Eucaristia e auxílio aos necessitados.

• Novena de santa Terezinha do Menino Jesus
Santa Terezinha nasceu em Alençon, na França, em 1873, e morreu no ano de 1897. Ela entrou com 15 anos no Mosteiro das Carmelitas, com a autorização do Papa, e sua vida se passou na humildade, simplicidade e confiança plena em Deus.
Antes de morrer Santa Teresinha prometeu: “Quero passar o meu céu fazendo o bem sobre a terra. Ninguém me chamará em vão. Não vou ficar ociosa no céu olhando a face de Deus, mas ficarei olhando para a terra para ajudar quem me procura. Farei cair uma chuva de rosas”.
No dia 3 de dezembro de 1925, o Padre Putigan, iniciou uma novena a Santa Teresinha do Menino Jesus, pedindo que ela lhe desse um sinal: que alguém lhe oferecesse uma rosa, caso sua graça fosse alcançada. No terceiro dia da novena, uma rosa vermelha foi ofertada ao sacerdote por uma pessoa amiga. No dia 24 do mesmo mês, o Padre iniciou outra novena, pedindo uma rosa branca. No quarto dia da novena, uma religiosa se aproximou do padre e lhe deu uma rosa branca, dizendo que era Santa Teresinha que a mandava. Assim, o Pe. Putigan se tornou propagador incansável da Novena dos 24 Glórias ao Pai. Desde então, milhares de pessoas têm recebido rosas de Santa Teresinha, sinal dos pedidos atendidos.

• Novena da Medalha Milagrosa
A novena da Medalha Milagrosa é uma novena “mariana”, querida por Nossa Senhora. Ela espalhou-se pelo mundo e milhões de pessoas já alcançaram graças através dela. Trata-se de uma novena pedida por Nossa Senhora das Graças, quando apareceu a Santa Catarina Labouré no dia 27 de novembro de 1830, em Paris. “A Senhora tinha os dedos cobertos de anéis e pedrarias preciosas de indizível beleza, dos quais desprendiam raios luminosos para todos os lados, envolvendo a Virgem de extraordinário esplendor”.
Nossa Senhora lhe disse: “Eis o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que as pedem”. Como se não pudesse com o peso das graças, os braços se abaixaram e se abriram na atitude graciosa que se vê na Medalha Milagrosa. Formou-se, então, em torno da Virgem, um quadro onde se lê: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.
A oração da novena da Medalha Milagrosa está ligada ao uso da Medalha querida por Nossa Senhora. Com efeito, a Virgem Maria confiou esta missão a Santa Catarina: “Manda cunhar uma medalha por este modelo. As pessoas que a usarem receberão grandes graças”.
Para receber as graças deve-se rezar a novena e usar a Medalha com confiança e devoção, beijá-la respeitosamente de manhã e à noite, dizendo a oração: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”. Deve-se, também, propagar a devoção à Medalha Milagrosa.
Autor: Vicente Paulo


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