O HOMEM INTERFERINDO NO CICLO NATURAL DO NITROGÊNIO



O homem interferindo no ciclo natural do nitrogênio é um artigo elaborado a partir da necessidade de visualizar nas práticas agrícolas atuais, uma perspectiva de agroecologia como forma de viabilizar os danos e perdas já causadas no ciclo naturais do Nitrogênio (N). Permitindo a conclusão de que a agroecologia se faz importante para o homem por permitir o ciclo natural do nitrogênio que é um fenômeno de relevância para a vida no planeta, pois, pode ser entendido através dos ciclos biogeoquímicos como processo natural de reciclagem de vários elementos em diferentes formas químicas do meio físico para os organismos e/ou vice-versa.

1 INTRODUÇÃO


Estamos vivenciando um momento histórico onde a tecnologia está presente em todos os segmentos de uma sociedade. Com isso, é obvia a modernização das técnicas utilizadas na agricultura onde os processos de produção agrícola buscam uma especialização cada vez maior, numa perspectiva de aumentar a quantidade de grãos e outros produtos.

No entanto, numa visão sistêmica de agricultura e meio ambiente, vê-se na atividade agrícola atual o empobrecimento dos sistemas ecológicos naturais.

A ação humana focada nas práticas agrícolas atuais, está interferindo diretamente no ciclo natural do nitrogênio, através do uso indiscriminado de fertilizantes.

Outro fator que tem influenciado também na naturalidade do ciclo do nitrogênio se dá por meio da queima de combustíveis fósseis pelo crescente aumento do uso de automóveis.

Segundo dados da Fapesp (2008) o homem também é o causador do aumento da oferta de nitrogênio disponível a organismos em quase 50%. nos oceanos. Além de que, é grave a influência nos ciclos desse elemento químico na atmosfera e no solo do planeta.

Nesta perspectiva de estudo, percebe-se que se pode alcançar patamares crescentes de sustentabilidade ambiental, se os princípios científicos da agroecologia forem adotados pelos agricultores em geral.


2 A AÇÃO HUMANA INTERFERE NO CICLO NATURAL DO NITROGÊNIO

Notoriamente, nas últimas décadas a agricultura sofreu uma espécie de modernização nas técnicas e também nos equipamentos e maquinários utilizados no campo.

Algumas das técnicas consideradas mais eficazes na produção agrícola para a produção em maiores escalas e/ou quantidades de grãos e outros produtos, é a utilização de fertilizantes que acabam por influenciar de maneira bastante danosa no ciclo natural do nitrogênio.

Denomina-se ciclo do nitrogênio, a circulação do nitrogênio através do solo, através dos organismos vegetais e animal e, novamente através do solo conforme mostra a figura abaixo.

Figura 01- Ciclo no Nitrogênio - A assimilação e a conversão do elemento químico nitrogênio em íons amônia e nitrato.

Numa perspectiva normal, os elementos presentes no solo recirculam, e se tornam novamente disponíveis para o crescimento das plantas.

Porém, o nitrogênio e o fósforo por si só, podem se tornar um fator limitante para a boa produtividade na agricultura, em grande parte, devido à colheita das plantas. Consequentemente, o nitrogênio, o fósforo e o potássio são os três elementos mais comuns encontrados nos fertilizantes comerciais. Geralmente, os fertilizantes são rotulados com uma fórmula que indica a percentagem de cada um destes três elementos( NPK).

Em pesquisas realizados nas páginas da EMBRAPA, estudos demonstram que:

O nitrogênio é um elemento muito instável no solo, passível de inúmeras possibilidades de perdas. É também o nutriente mais absorvido e exportado pela maioria das culturas anuais, daí sua exponencial importância na agropecuária. Cerca de 50% do N total absorvido é exportado pelos grãos, o restante permanece no solo na forma de resíduos culturais. Assim, a maior parte do nitrogênio do solo encontra-se sob formas orgânicas, que devem ser mineralizadas, por processos biológicos, para liberá-lo e torná-lo aproveitável pelas plantas. (KLUTHCOUSKI, AIDAN, THUNG, 2004)


Linhares (2005, p.466) enfatiza que “os fertilizantes à base de nitrogênio podem ser produzidos industrialmente por meio de uma fixação artificial, com a transformação do nitrogênio do ar em amônia sob condições de alta temperatura e pressão.”

Com a prática agrícola cada vez mais ampliada e mecanizada, acaba por esgotar os mecanismos que o solo possui de garantir os elementos necessários para uma boa produção e, devido à carência de N no solo os agricultores passam a utilizar os fertilizantes sintéticos indicados para a garantia de uma boa produtividade, muitas vezes, sem a preocupação devida, com as conseqüências que estas podem causar meio em que se vive.

Conforme pesquisas da Fapesp (2008), o considerável aumento destes fertilizantes são um dos indicadores quanto às implicações nas mudanças climáticas do planeta, uma vez que o nitrogênio em excesso aumenta a atividade biológica marinha e a absorção de dióxido de carbono, o que, por sua vez, leva à produção de mais dióxido nitroso considerado ainda mais prejudicial ao aquecimento global do que o metano ou o próprio dióxido de carbono.

Essa é uma das razões para acreditar que o ser humano está realmente influenciando negativamente e em larga escala no ciclo natural do nitrogênio.

Os problemas ambientais e de saúde que derivam do aumento dos níveis de nitrogênio produzido pela atividade humana também apontam para o desequilíbrio extremo de nitrogênio existente atualmente.
[...] “Muito do nitrogênio antropogênico se perde no ar, na água e no solo, causando problemas ambientais e de saúde humana em cascata. Ao mesmo tempo, a produção de alimentos em algumas partes do mundo é deficiente em nitrogênio, ressaltando as disparidades na produção de fertilizantes que contêm o elemento químico.” (FAPESP, 2008)



2.1 UMA BOA ALTERNATIVA: CONSÓRCIO DE ESPÉCIES NO INVERNO


Uma das maneiras que se julga mais indicadas e menos danosa ao meio e ao homem, como forma de devolver ao solo os sais de nitrogênio é através do consórcio de espécies no inverno, proposta pela agroecologia.

A agroecologia não é apenas a aplicação de um conjunto de técnicas menos agressivas ao meio ambiente, nem apenas a produção de alimentos mais limpos ou livres de agrotóxicos. A agroecologia também é sinônimo de agricultura ecológica, agricultura orgânica, agricultura biológica ou de qualquer outro estilo de produção que se oponha ao modelo convencional, mas sim um campo de conhecimentos de caráter multidisciplinar que nos oferece princípios e conceitos ecológico para o manejo e desenho de agroecossistemas sustentáveis. (PAULUS, MULLER, BARCELLOS, 2001. p. 5)


Numa perspectiva de olharmos para a questão, com o objetivo de aumentar a matéria orgânica do solo, recuperar a vida, a estrutura e a fertilidade dos solos não interferindo assim no ciclo natural do nitrogênio, é a possibilidade de os agricultores buscarem embasar as práticas agrícolas voltadas ao plantio de plantas recuperadoras de solo evitando o uso de fertilizantes.

“O consórcio de leguminosas e gramíneas no inverno é uma alternativa utilizada antes do cultivo de verão, especialmente milho e sorgo, que são exigentes em nitrogênio. As leguminosas fixam ou puxam o nitrogênio do ar, através de bactérias presentes nas raízes, substituindo ou reduzindo o uso da uréia. Já as gramíneas como aveia e azevém , centeio e triticale, cobrem o solo com bastante rapidez, diminuindo a erosão provocada pelas chuvas. O nabo forrageiro mesmo não sendo uma leguminosa é reciclador de nitrogênio e descompactador de solos, em função disso pode ser consorciado com gramíneas e leguminosas.” (PAULUS, MULLER, BARCELLOS, 2001. p. 28)

Conforme Roussenq e Guchert (2009, p.67) é “na natureza que vamos encontrar as bactérias que possuem a capacidade de fixarem o nitrogênio.” Basta então que o homem saiba respeitá-la e valorizá-la e explorá-la conscientemente para garantir a sua sobrevivência e a das futuras gerações.

3 CONCLUSÃO

Com base nos princípios de sustentabilidade, é imprescindível que o ser humano repense a forma pelas quais ele usufrui o meio ambiente do qual ele mesmo faz parte. Não adianta o homem tentar uma produção agrícola em larga escala se tiver que utilizar fertilizantes sintéticos que acabam por prejudicar o ciclo natural do nitrogênio (N). Poucos são os elementos químicos existentes considerados tão relevantes para a vida na terra como o nitrogênio. Assim como o oxigênio, carbono, água e fósforo, o ciclo natural do nitrogênio pode ser entendido através dos ciclos biogeoquímicos que como processos naturais de reciclagem de vários elementos em diferentes formas químicas do meio físico para os organismos e/ou vice-versa. Daí a importância da agroecologia para toda e qualquer forma de vida.


4 REFERÊNCIAS

FAPESP, Agencia. Nitrogênio demais. Disponível em: http://midiaemeioambiente.blogpot.com/2008 Acesso em: 16/05/2009.

KLUTHCOUSKI J. AIDAN, H. THUNG, M. Produção de sementes sadias de feijão comum em várzeas tropicais. Embrapa Arroz e Feijão, Sistemas de Produção, N.4, ISSN 1679-8869 Versão eletrônica, Dez/2004 Disponível em:http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Feijao/FeijaoVarzeaTropical/manejo_nitrogenio.htm Acesso em 16/05/2009

PAULUS, G. MULLER, A.M. BARCELLOS, L.A.R. Agroecologia aplicada: práticas e métodos para uma agricultura de base ecológica. 2. ed. Ver. Ampl. Porto Alegre: EMATER/RS, 2001.

ROUSSENQ, N. GUCHERT, J. A. Ecologia. Indaial: ASSELVI, 2009.
Autor: Gladenice T. da Silva


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