Envolvido ou Comprometido



Eu sempre havia trabalhado em empresas bem organizadas onde tudo funcionava bem. Quando colaborei em duas associações, eram pequenas e ficava fácil fazer as coisas funcionarem. De repente, fui trabalhar em uma entidade de classe, que mais parecia uma repartição pública antiga. Para se ter uma ideia, era muito grande, com mais de 150 funcionários. Só na minha divisão eram mais de 30. Logo nos primeiros dias tomei um susto. Imaginem um ambiente com 15 pessoas em mesas de diversos tamanhos, sete gerentes e oito assistentes. Mesas isoladas, mesas dispostas em “L”, plantas em vasos enormes, o caos. Pensei eu: Onde eu fui amarrar meu burro! Quando eu achei que estava tudo ruim, a coisa piorou. Imaginem as mesas em “L” com um gerente sentado e o outro em reunião. Toca o telefone do que está em reunião e o que está sentado não atende. Me aproximei e perguntei: Você não vai atender? E o gerente respondeu: É para outra gerência.

Estou contando este fato porque a partir deste momento decidi tornar este grupo uma equipe de colaboradores de verdade. Passei a observá-los e percebi que alguns poucos estavam envolvidos, o que era bom. A maioria não estava nem envolvida nem comprometida. Dois ou três não estavam nem aí com a empresa. Um dos diretores resolveu mudar o ambiente e, com autorização da diretoria, foi reformando andar por andar, colocando estações de trabalho, o que melhorou demais o ambiente e o comportamento das pessoas.

Imaginem que alguns tinham mais de 20 anos de casa e eu, chegando há alguns dias queria ensiná-los a trabalhar. Percebi que eles não tinham até então se preocupado com a empresa porque consideravam-se seguros no emprego. Levei alguns livros para que lessem, mas não se interessaram. Passei a resumir capítulos dos livros e encaminhar a eles todas as segundas-feiras. Também fazia uma reunião geral de vinte minutos com todos e uma outra com cada um deles. Começaram a perceber que eles tinham um superior que tinha autoridade.

Quatro meses depois resolvi fazer uma Avaliação de Desempenho. Foi muito bom ter feito pois perceberam que estavam excluídos do mercado pelas qualificações que “não possuíam”. Resolveram me atender lendo mais, conversando mais comigo, enfim aprendendo a ser profissionais mais competentes.

Aos poucos foram se envolvendo mais com a empresa. Afinal, quem está envolvido se preocupa em executar o seu trabalho, com a sua postura profissional e pessoal. Não quer perder o emprego e não perderá porque faz o que deve ser feito e bem. O comprometido está pensando no sucesso da empresa, faz de tudo para que ela tenha cada vez mais participação no mercado, seja mais reconhecida. Eu falava para meus diretores e meus colaboradores que gerenciava a divisão como se fosse minha empresa. Tinha que dar lucro, senão fechava. Na realidade isto quer dizer que cada funcionário tinha que fazer seu trabalho de maneira que valesse o salário que recebia.

No início não havia espírito de colaboração. Gradativamente, foram aprimorando seu comportamento, passando a buscar oportunidades de ajudar os companheiros. Deixaram de enxergar apenas o que os olhos veem e passaram a se comprometer com a empresa fazendo sempre o melhor e da melhor maneira possível.

Na realidade não importa se você é o líder ou o colaborador, o que importa mesmo é se você é eficaz em suas atividades e comprometido com o resultado da empresa. Aqui vale a pena fazer um parênteses. Tem gente que se confunde, então nunca é demais repetir: eficiência é a capacidade de fazer as coisas da maneira certa, ou é a virtude de produzir um efeito. Eficácia é, simplesmente, fazer as coisas certas, ou a capacidade de fazer com que as coisas certas sejam feitas. Lembre-se: “o que você faz é muito mais importante do que como você faz”.

As empresas selecionam seus colaboradores pelas suas qualificações. Passam por entrevistas com diversos profissionais e cada um deles avaliam o candidato de maneiras diferentes. Usam todos os tipos de recursos para conseguirem o melhor profissional possível. Depois de contratado ele será avaliado pelo comprometimento que tem com a empresa. Por isso é que você deve fazer o que gosta ou aprenda a gostar do que faz. Assim você põe alma na sua atividade e não se cansa de fazer porque dá prazer.

Se não leram, recomendo que leiam o livro O Monge e o Executivo. Além de ser uma aula muito bem dada sobre liderança, o autor James C. Hunter fala sobre envolver e comprometer citando:

“Na próxima vez que você comer ovos com bacon, lembre-se que a galinha estava envolvida, mas o porco estava comprometido.”

Pense nisto e Sucesso!
Autor: Aristides J. Gomes Freire Filho


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