METAMORFOSE



METAMORFOSE

By Paulo de Aragão Lins

Eu vivia em um lugar muito apertado e escuro. Nada via, somente sentia. Tudo era limitado e difícil. Não podia movimentar-me direito e ficava imaginando se tudo aquilo duraria para sempre ou ia mudar algum dia. Então um dia tudo começou a mudar.

As paredes que me cercavam começaram a ficar mais frágeis e foram desaparecendo. De repente desapareceram todas e eu me senti livre. Livre? Estava realmente livre?

Descobri que eu tinha um corpo comprido, mole, gordo, verde, nauseabundo, estranho, terrivelmente lento. Descobri que tinha várias pernas, se poderia chamar aquilo de pernas ou pés.

Não gostava daquele corpo, do que ele era e fiquei perguntando novamente se ia viver minha vida toda daquele jeito. Depois fiquei sabendo que estivera em um ovo e que me transformara em lagarta.

Vivi assim algum tempo e um dia comecei a mudar novamente. Uma substância viscosa começou a envolver meu corpo. Pensei: “Agora é a morte”. Mas não foi. É incrível quando pensamos que tudo está se acabando, que a morte está chegando e na realidade o que está vindo é mais vida.

Aquela substância foi me envolvendo e fiquei sabendo que agora eu era uma pupa. Estava novamente envolvida, limitada, aprisionada. O que seria esta nova vida?

Ela durou algum tempo, um tempo que parecia uma eternidade. E quando pensei que tudo estava perdido, quando pensei que tudo terminara, algo novo começou novamente a acontecer. Algo estranho...

Umas superfícies coloridas começaram a aparecer. Eram lindas. Mas... faziam parte de mim. Eram asas! Asas! E eram belíssimas. Quase não acreditei. Eu fiquei linda, lindíssima.

Eu me transformara em uma maravilhosa borboleta!
Autor: Paulo de Aragão Lins


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