SALA DE PROFESSORES



“No novo cenário , eles(as) passaram a ser o principal “bode expiatório “ dos insucessos dos sistemas de ensino, recebendo a pecha de incompetentes e/ou descomprometidos, em grade parte do discurso de gestores e da imprensa.”

(PROFESSOR SÉRGIO HADDAD, COORDENADOR GERAL DA ONG AÇÃO EDUCATIVA in Jornal Mundo Jovem, outubro de 2009)

Claro que quando falamos de sala de professores poderíamos imaginar que seria um recinto onde brotam conhecimento, troca de experiências e, sobretudo partilha de alegrias de ensinar e distribuir idéias e formações. Infelizmente não é o que tem acontecido nas Salas de Professores de nosso país nos vários níveis da educação brasileira. Muitas vezes o tem predominado nesses ambientes e que tem entristecido aos que acreditam em educação são principalmente queixas, discussões salariais, idéias preconceituosas sobre os alunos e fatores que acabam desmotivando e contaminando até mesmo os que estão iniciando na vida docente. O ambiente de professores muitas vezes é dominado pela rotulação de alunos, pelo prazer em atribuir notas baixas e infelizmente na distribuição de idéias que acabam transformando o professor em coitadinho ou quem sabe vítima indefesa de todo o processo educativo como um todo. Nas conversas cotidianas das salas de professores predomina geralmente a atribuição de culpas e nunca a autocrítica salutar para a formação do conhecimento.
Não estamos nesta reflexão dizendo que os professores são maus profissionais ao agir deste modo, mas buscando uma compreensão do que se passa em um ambiente que poderia ser de aprendizado e de trocas acaba infelizmente se transformando num espetáculo de discussões que certamente não levarão a nada. Infelizmente muitas conversas dos educadores acabam armando os colegas contra os alunos, pois alguns comentários procuram mostrar os alunos como grandes culpados do fracasso da educação brasileira e um “bando” de bólidos que estão ali para xingar , perturbar o processo educativo e sendo sempre inimigos dos educadores em sua árdua e nobre missão de compartilhar conhecimentos. O que vem acontecendo na sala de professores tem como causadores a pouca importância que vem sendo dada à educação pelos governos de plantão que insistem e descumprir a lei maior ( Nossa Constituição ) que mostra claramente o dever do Estado para com a educação. Por outro lado vale ressaltar que nossa mídia procura sempre mostrar o lado ruim da educação não divulgando milhares de experiências bem sucedidas em educação em todos os lugares de nosso país. Professores às vezes sofrem para divulgar um trabalho importante por parte de nossos meios de comunicação o que faz com que muitos acabem por se sentirem desmotivados em ir adiante em seus projetos de ação.
Na sala de professores é comum os gestores de Escola sempre adentrarem para divulgar os avisos malcriados derivadas das Políticas Públicas em Educação de nossos governos que insistem em negar educação ao povo e geralmente culpabilizar os professores pela indisciplina , pelo mal funcionamento da Escola e , principalmente, pelos problemas gerados no processo histórico da vida escolar. Por outro lado geralmente os gestores não tem um só elogio para seus educadores, não reconhecem sua experiência, não divulgam seus processos de ascensão acadêmica e de formação, não agradecem – lhes pelo trabalho desenvolvido, não estimulam o trabalho docente interdisciplinar , não os convidam para um gestão participativa , não os estimulam a mostrar os erros e acertos da escola. A sala de professores geralmente se transforma em um Muro de Lamentações que certamente em nada contribui para a construção de uma Educação de Qualidade, um termo não propalado porém pouco efetivado pelos nossos governantes.
O recinto da sala de professores geralmente é invadido pelos Mercados Persas onde se vende de tudo menos conhecimento. O recinto dos professores acaba sendo um local para desestímulo ou desesperança quando poderia ser uma força ativa de entusiasmo pedagógico para que todos os educadores tivessem oportunidade de mostrar aos colegas seus avanços ou mesmo recuos buscando nisso o compartilhar dos educadores em busca de um processo de educação que seja real e que se torne ativo para um futuro melhor para nossas crianças e adolescentes e para o próprio país.
O ambiente de descanso dos educadores poderia ser um ambiente de agitação pedagógica que fizesse com que todos ao saírem dele se sentissem impelidos a criar a mostrar novas idéias , a fazer da Escola bandeira ativa e forte na luta por uma sociedade justa que desse a todos a oportunidade de crescimento intelectual e de melhoria da vida. Claro que este ambiente pode ser também de jogar “conversa fora”, mas poderia ser incessantemente um espaço de entusiasmo e não de desestímulo que tem ser tornado estes espaços que são palcos de excelentes profissionais que tem de ser respeitados, valorizados e acreditados para o bem da educação e para a construção de um mundo melhor onde a tecnologia seja algo a mais na evolução do conhecimento e na busca plena do crescimento econômico.
O local onde os professores poderiam gerar idéias e mudar o mundo acaba se transformando em um local de ativação de destruição de sonhos e de motivação às avessas , pois há muitos inimigos não – declarados da educação que estão no Poder exatamente para que ela não aconteça. A Sala de Professores poderia ser melhor ambientada com palavras de estímulo, com divulgação de cursos, com oportunidades de crescimento intelectual e com itens de compreensão da clientela com que os educadores irão lidar e com a exposição real da sua importância como homens que insistem em construir um mundo melhor mesmo com adversidades e com interesses que travam a prática mas que jamais poderão ocultar a importância destes que mesmo desrespeitados pelos governos lacaios do imperialismo ainda tem um papel fundamental no mundo em que vivemos e na certeza de que dias melhores virão. Vamos mudar a Sala dos Professores?
Autor: Francisco Djacyr Silva de Souza


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