O QUE MEXE COM O PRAZER DE ENSINAR



Ensinar é sim uma arte, é sim uma vocação , é sim uma profissão e como tal merece um código de ética uma processo de valorização salarial e um entendimento de seu papel diante da sociedade moderna. Talvez essa não seja a única das reflexões que colocam metas e ações que promovam o bem – estar de se fazer professor e de ter diante dos alunos posturas de vibração , de compromisso e desejo firme de se aprofundar, de crescer de partilhar o conhecimento e de estar afinado com as idéias de formação , crescimento e satisfação na alegria de desempenho em um dos trabalhos que merece reconhecimento por parte das sociedades e dos governos do momento.
No entanto alguns entraves ao processo docente vêm sendo colocados e que acabam mexendo com o prazer de dar aulas, de repartir conhecimentos, de ser reconhecido como formador de opiniões e de se fazer importante. O grande problema é que nossa sociedade ainda não se deu conta desta premissa da prática docente e acaba engolindo a perversa atitude de governos que insistem e negar educação para um povo que certamente dela precisa fato evidenciado em pesquisas, testes e verificações no rendimento escolar. O problema da educação é extremamente grave em nosso país e tem raízes na própria formação cultural de nosso povo que acaba sendo engolido pela ideologia burguesa de que a educação é um produto e como produto tem de ser vendido não importa como. A questão do investimento deve ser discutida , pois somos um país que tem uma posição vergonhosa em termos de investimento em educação e que cria leis muito bonitas no papel mas inexeqüíveis na prática. Vemos agora casos concretos como o fato da implementação da Lei do Piso que continua sendo rasgada pelos governantes dos Estados e Municípios e com certeza jamais serão cumpridas se não houver uma ação massiva das sociedades em busca de seu cumprimento.
Outra questão que entrava o processo educacional está presente nas burocracias que são criadas para desfazer o trabalho pedagógico. Infelizmente vemos que as Escolas hoje são dotadas de equipamentos diversos, mas a ação burocrática das gestões educacionais acaba por dificultar o uso destes na prática docente. O uso de recursos pedagógicos é sempre entravado na Escola por atitudes tipo não tem que opere, tipo a sala está fechada, tipo o equipamento foi emprestado e outras situações comuns na Escola que ainda não se livrou do processo burocrático que somente existe para dificultar o processo educativo. Nas Escolas hoje existem donos de equipamentos , existem donos de sala, existem grupos isolados e tudo isso tem contribuído firmemente para educação não acontecer.
A violência e o desrespeito aos professores tem sido também um fator de desestímulo da profissão. As escolas hoje têm sido transformadas em ringues onde geralmente se cultiva um antagonismo entre os personagens principais do processo educativo. As situações de desrespeito entre alunos e professores infelizmente tem sido acompanhadas pela conivência das comunidades onde pais sequer vão às reuniões da Escola e quando vão procuram sempre colocar o aluno com vítima de um algoz que na sua visão “tem marcação” em seus filhos e ali está para impedir que os mesmos tenham na mão o tão sonhado diploma. A violência na Escola tem sido estimulada pela mídia que ainda procura mostrar sempre o lado negativo da Escola e mostra sempre os alunos como seres violentos, mal – educados e completamente descaracterizados de seu papel no contexto político e social da vida atual.
A questão salarial é também um dos entraves do processo de desenvolvimento da ação docente e acaba provocando a migração dos educadores e um completo desprazer em momentos da ação pedagógica. Os ganhos salariais dos professores tem sido pífios e o reconhecimento pelo seu trabalho é um fator inexistente onde cobra – se de tudo do professor e nada lhe é dado. Os Sindicatos de Professores em sua maioria dominados por grupos políticos acabam destoando o foco de direitos dos educadores em termos salariais e precisam rever estratégias mais fortes de pressão sobre governos em termos de geração de salários dignos e atrativos para todos que fazem a educação em nosso país. A questão salarial é evidentemente um fator importantíssimo , porém os mecanismos de pressão para a conquista de remuneração convincente tem se tornado ineficazes e desatualizados na prática e na ação. Hoje qualquer greve de professores é prontamente destruída pela ação da Justiça que sempre está ao lado dos que tem poder e nunca são formados por pessoas que sabem o duro de viver em uma profissão que precisa muito de investimento pessoal em termos de recursos pedagógicos, propostas metodológicas, formação , crescimento intelectual através de curso que certamente tem como requisitos a existência de salários dignos para que isso aconteça.
No meio deste fogo de vaidades cabe também verificar o fator vocação e o processo de formação que hoje tem sido fatores extremamente falhos e acabam por colocando na profissão pessoas que não tem a altivez necessária para se fazer docente e que acabam desistindo do trabalho ou o desempenhando apenas para cumprir as obrigações e proposituras do cabedal burocrático que hoje vem sendo desenvolvidas no contexto das ações escolares hoje desenvolvidas. Falta aos professores vontade e tal vontade só é possível no momento em que os mesmos tenham uma formação adequado que dê a cada profissional a importância de seus desafios e dificuldades que hoje povoam a prática docente. Claro que temos grandes educadores capazes de tirar leite de pedra e mostrar experiências maravilhosas em todos os rincões deste país, porém a Escola hoje ainda é povoada por profissionais sem o elã necessário para desempenhar bem suas funções.
Os alunos acabam sendo vítimas indefesas desta situação, porém o trabalho que vem sendo feitos nas Escolas nesse mister é insuficiente para dar aos mesmos o questionamento crítico, o comportamento profissional , o desejo de conhecimento e a atitude de respeito pelo ser humano professor que como todos os seres humanos tem momentos de emoção, de dores, de dilemas , de explosões e que precisa ser conhecido, valorizado e acreditado para o bem do povo e de sua nação.
Autor: Francisco Djacyr Silva de Souza


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