A CONVERSÃO DO PASTOR



A CONVERSÃO DO PASTOR

Um dos mais belos e ao mesmo tempo mais espinhosos dons que existem é o dom da Palavra da Ciência, um dos nove de I Coríntios 12.

Estava eu e outro pastor dirigindo-nos para a estação rodoviária de Ribeirão Preto em São Paulo, de onde sairíamos para a cidade de Franca, também em São Paulo.

Estávamos acomodados no carro de um dos pastores locais. Ele nos estava dando uma carona até a rodoviária.

Eu e o Pr. Eliezer Ribeiro estávamos fazendo uma campanha nas igrejas para irmos à África.

Naquela igreja não fomos bem sucedidos. Conversamos com o pastor presidente, mas ele disse que já estava com a agenda muito cheia e que nós fossemos a outra igreja mais adiante. Pediu ao filho dele, que era seu pastor auxiliar, que nos levasse à rodoviária e nos comprasse uma passagem até Franca, o que dava em torno de uns R$13,00 para cada um.

Partindo de uma igreja tão grande e luxuosa, com dezenas de congregações e muitos veículos, a contribuição não foi só deprimente, foi humilhante. Mesmo assim, demos graças a Deus, despedimo-nos do grande presidente e seguimos no carro do filho dele para a estação rodoviária.

Mais ou menos no meio do trajeto, dirigi uma pergunta à queima roupa ao pastor que nos conduzia:

- Pastor, um crente pode cometer suicídio?

- É claro que não, respondeu prontamente.

- E um pastor, pode?

Naquele momento o pastor freou bruscamente o carro. Ficou perplexo por alguns segundos, olhou para mim e voltou à carga:

- Diga-me, Pastor Paulo, por que o senhor está me fazendo esta pergunta?

- Estou lhe fazendo esta pergunta, pastor, porque o senhor está fazendo planos para se suicidar. O senhor já escolheu até a modalidade do suicídio. O senhor pretende tomar um veneno que não deixa muitos vestígios, por amor ao seu pai, para não escandalizar o ministério dele. Quer saber mais? O senhor pastoreava uma igreja em uma cidade próxima de Ribeirão Preto e ali se apaixonou por uma mulher casada. A paixão diabólica foi tão forte que o senhor decidiu que não pode viver sem essa mulher, a qual não quis corresponder aos seus anseios. Por causa disto seu pai o trouxe para Ribeirão Preto, mas ele não sabe quão forte é esta paixão, a ponto de perder o próprio filho.

Àquela altura o pastor estava derramando copiosas lágrimas. Olhou-me com um olhar melancólico e perguntou:

- E o que eu tenho de fazer, pastores?

- O senhor tem que aceitar Jesus como seu único e suficiente Salvador. O senhor, meu amado, ainda não é crente. É certo que foi criado na igreja, aprendeu a pregar, a orar, quem sabe até aprendeu a falar em línguas pelo mimetismo, mas até hoje jamais fez uma decisão por Cristo.

- É verdade, Pastor, eu nunca me decidi.

- Pois decida-se agora, convide Jesus para entrar em seu coração e o senhor será de hoje em diante um homem feliz, livre dessas paixões grosseiras do inimigo. Quer ser um crente na pessoa de Cristo a partir de hoje?

- Quero sim, respondeu.

- Então levante sua mão para Jesus. (Usei este gesto simbólico como uma catarse espiritual, para que ele sentisse realmente o grau de responsabilidade e compromisso que estava assumindo diante de Deus.)

O pastor levantou firmemente a mão, enquanto as lágrimas, como borbotões, molhavam sua camisa branca.

Impus a mão sobre sua cabeça, fiz uma fervorosa oração, em seguida pedi para ele repetir uma oração de entrega absoluta ao senhorio de Cristo. Quando terminamos este ato glorioso, disse-lhe:

- Pronto, pastor, podemos ir.

Ele deu partida no carro e qual não foi nossa surpresa quando ele deu meia volta no veículo.

Não dissemos nada. Dentro de poucos minutos estávamos novamente na frente da igreja sede daquela grande cidade.

Ele nos convidou outra vez para entrarmos e dirigiu-se ao gabinete do seu pai. Chegando ali, foi logo falando:

- Papai, faça uma agenda para os pastores, pois eles são homens de Deus que precisam ir à África. Estou lhe pedindo isto porque hoje Deus lhe deu um filho.

Não esperava que ele fizesse aquilo. Ele desfiou para seu pai todo o drama e confessou alegremente que agora era um crente na pessoa de Cristo. O velho pastor debulhou-se em lágrimas e todos nós chorando, glorificando, falando em línguas e profetizando passamos momentos de um verdadeiro pentecostes.

O pastor nos agendou para a sede e para as maiores congregações e nós saímos dali com uma boa oferta para nossa viagem. Só para você ter idéia, irmão leitor, só de relógios ganhamos cinqüenta e seis. E naquele tempo ainda não existiam os célebres relógios do Paraguai. Ganhamos, também, onze alianças de ouro e quatro anéis de formatura.

Anos depois descobri que aquele pastor estava pastoreando uma abençoadíssima igreja nos Estados Unidos. Fui ali visitá-lo e ele me recebeu como um verdadeiro pai. Eu também senti por ele um amor especial de pai para filho.
Autor: Paulo de Aragão Lins


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