“OLHA A VACA”!



“OLHA A VACA”!

Estávamos viajando de caminhonete, de Aquidauana, Mato Grosso do Sul, para uma cidade próxima onde iríamos levar a Palavra de Deus.

No caminho uma perdiz enorme atravessou em nossa frente. A caminhonete atropelou a perdiz e nós paramos para socorrer a vítima.

Como o acidente degolou a perdiz, o sangue saiu e nós colocamos a bichinha na carroceria para levarmos até a cidade. Chegando ali a esposa do pastor pegou a perdiz e preparou-a de uma forma tão soberba que confesso que poucas vezes na vida participei de tão deleitoso e lauto jantar.

Depois da bênção, seguimos para a igreja onde não cabia mais ninguém sentado. Pregamos a Palavra, falamos de nossa viagem missionária (mais uma de muitas que já fizemos) e o pastor presidente da região solicitou uma oferta para nosso trabalho.

A oferta foi ótima, mas aconteceram dois incidentes super importantes naquela noite. O primeiro envolveu a própria esposa do pastor local. Quando foi feito o pedido de oferta, ela se aproximou do púlpito, chamou seu esposo e falou algo no ouvido dele. Ele balançou a cabeça concordando.

E o que era?

Ela sentiu claramente que devia dar como oferta para nós um caríssimo anel de formatura que o pastor tinha ganhado de presente. Eles já haviam pedido permissão ao donatário para se desfazerem do anel e comprarem uma vaca para dar leite para três crianças pequenas que tinham, o que lhes foi concedido.

Naquela noite, porém, o Espírito Santo tocou no coração dela para dar o anel para nossa viagem. O pastor confirmou que tinha sentido o mesmo.

Como a casa era vizinha da igreja a irmã dirigiu-se para lá e colocou a chave na fechadura. Naquele momento uma voz cavernosa sussurrou no seu ouvido:

- Olha a vaca!

A irmã assustou-se, mas sabendo de onde estava vindo aquela voz, ela simplesmente abriu a porta e dirigiu-se para seu quarto. O anel estava guardado em uma pequena gaveta da cômoda. No momento que ia abrir a gaveta, a mesma voz voltou a sussurrar:

- O leite está muito caro!

Apesar de ainda jovem, mas madura nas coisas de Deus, a irmã replicou:

- O Senhor te repreenda, Satanás!

Pegou o anel, voltou para a igreja e com toda a alegria ofertou-o para a obra missionária.

Naquele mesmo culto, naquela igreja, aconteceu outro caso digno de nota.

No momento da oferta eu estava de cabeça baixa e olhos fechados, orando. Quando a oferta tem algo a ver comigo, sempre faço isto, para ninguém pensar que eu estou vigiando os ofertantes.

Quando a oferta terminou de ser recolhida, pedi permissão ao pastor para dar uma palavra. Concedida a permissão, dirigi-me à igreja e disse aos irmãos:

- Irmãos, o que eu vou falar agora não é para que alguém venha a dar mais do que nós já recebemos. Eu vou falar porque é uma revelação do Espírito Santo e é necessário que todos aqui conheçam cada vez melhor a obra do Espírito. Cada um aqui deu o que sentiu no coração de ofertar, mas teve um irmão, com toda a boa vontade, que tinha uma boa oferta para a obra missionária e no momento em que ele colocou a mão no bolso, sua esposa segurou sua mão para ele não ofertar. Eu vou orar para que Deus use sua misericórdia e isto não venha a servir de juízo sobre sua vida. Não precisa levantar a mão se acusando. Deus sabe de todas as coisas. Olhe, irmão, quando for solicitada outra oferta qualquer dia destes, o que o senhor tinha proposto para dar, dê, e o Senhor lhe abençoará ricamente.

No dia seguinte, antes de viajarmos, aquele irmão e a esposa vieram se penitenciar diante de nós.

Mas, ainda havia um caso para se resolver. Falei:

- Irmãos ainda há outro caso que precisa ser citado. No momento da oferta um irmão, comerciante, propôs no coração de ofertar R$5.000,00 (cinco mil cruzeiros, que equivalia a uns duzentos dólares naquele tempo). Esta é a segunda vez que isto acontece. Já houve uma vez que uma jovem missionária passou por aqui e Deus mandou que ele desse esta mesma quantia para o trabalho da jovem e ele negou. Agora, novamente o Senhor ordenou-lhe ofertar os cinco mil cruzeiros (era uma nota vermelha, brilhante) e o irmão sonegou. Olhe, irmão, desde a primeira vez que o senhor desobedeceu, seus negócios começaram a enfraquecer. Agora, como já disse, é a segunda vez que acontece. Não precisa dizer quem é o senhor, mas Deus lhe conhece.

Naquele momento um dos mais proeminentes presbíteros da igreja levantou a mão e disse:

- Pastor, sou eu! Perdoe-me e receba a oferta.

Dirigiu-se ao púlpito com aquela nota vermelha na mão e teve uma surpresa. Disse-lhe:

- Sinto muito, irmão, mas não vou receber sua oferta. Alguma pessoa aqui pode pensar que tudo isto é armação e para que esta pessoa não peque, prefiro não receber. O senhor pode dar de oferta na oferta normal da igreja.

O irmão, chorando, implorou:

- Por favor, Pastor, receba minha oferta.

Nas coisas de Deus às vezes o coração endurece. Até mesmo Deus em algumas ocasiões endureceu o coração. Eu me mantive ali no púlpito, parado, sem estender a mão para receber a oferta daquele irmão visivelmente arrependido.

Naquele momento, apareceu o espírito mediador. O Pastor Paulo Sacramento, um importante pastor da denominação, chegou junto de mim e solicitou:

- Pastor Paulo, peço-lhe que, em nome de Jesus, receba a oferta do irmão.

Naquele momento não resisti mais. Estendi a mão, recebi a nota de cinco mil cruzeiros e dei um forte abraço no irmão.

Saímos daquela cidade altamente abençoados.
Autor: Paulo de Aragão Lins


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