Afinal, quem somos?



Diante de uma questão meramente ontológica, não pretendo respondê-la de maneira a satisfazer os queridos leitores. Uma vez que Sócrates disse: “Conhece-te a ti mesmo”, causou um bisbilhoteiro interesse no ser, em querer responder a algumas questões demasiadamente complicadas.

Afinal, quem somos? Porque somos? Por quem somos? Pra que somos? Estas, entre outras perguntas, nos remetem a uma profunda reflexão, quando tentamos respondê-las, porém nos frustramos precocemente sabendo que tais perguntas demandam certo tempo para serem respondidas, e ele não será suficiente para chegarmos a conclusões plausíveis.

Alguns procuram respondê-las com suas profissões (sou professor, sou ator/atriz, sou médico, sou empresário, etc.), outros respondem com suas aparências (sou negro, sou branco, sou loiro, sou ruivo, etc.), outros ainda tentam responder por suas crenças (sou crente, sou católico, sou umbandista, sou espírita, etc.). Poderíamos descrever tantos outros meios que usamos para nos descrever, porém esses bastam.

Mas afinal, quem somos?

Quando crianças, perguntamos pelo Absoluto, crendo que por meio dEle, poderíamos responder a essa pergunta. Tudo bem que no começo até conseguimos suspeitas, porém chega um tempo em que não há respostas, mudamos de religião, vamos pra cá e pra lá a procura de uma resposta, de um Ser que nosso ser tanto clama pela sua existência. Pode ser que realmente exista, mas não é de seu interesse, dizer a nós, quem somos. Bom, passaram-se milhares de anos e não houve ninguém a quem Ele respondesse.
Todavia essa afirmação para alguns (cristãos) pode não ser relevante, pois na bíblia temos o salmo 139, onde o autor diz que só Deus nos conhece, Ele tudo vê, sabe o que se passa dentro de nós, conhece e entende nossos sentimentos. Temos daí então, a idéia de que só o Absoluto nos conhece, o que não mudaria em nada, pois nós continuamos não nos conhecendo.

Isso não se dá apenas no cristianismo, uma vez que diversas religiões tentam de alguma forma, explicar questões últimas da vida e como é de costume, a origem de tudo.
Não pretendo responder às perguntas que fiz no inicio do texto, porém quero deixar algumas suspeitas filosóficas para nossa pequena reflexão, ainda que precocemente venhamos a nos frustrar novamente.

Penso, logo existo – René Descartes
Não sei quem sou, mas sei que existo. Afinal o que é existir? Viver talvez? Fazer parte de um universo de seres viventes, semelhantes a nós? Não sei!
Não sei o que sou, mas sei que existo! Só consigo dizer “eu” porque você existe, caso contrário eu poderia dizer “eu”? A certeza de nossa existência é baseada na existência do outro.
Se eu preciso de você para ser um ser, logo não há defasagem entre nós, pois que dependemos um do outro. O amor considerado um elo entro dois seres ou mais (família), pode ser o maior fenômeno criado pelo Absoluto para nos trazer uma identidade, seja qual for, ainda que não venhamos a descobri-la.

Como já disse, não pretendo responder nada, apenas suspeitar de algumas idéias, por isso, não digo: concluindo, mas assim: minhas considerações finais são as de que, não sabemos o que somos, para que somos, por quem somos e pra onde vamos. Temos apenas a certeza de que existimos, mesmo não sabendo o que isso significa.

Quem sabe, na velhice, possamos dizer que sabemos o que somos, velhice que às vezes nem chega para alguns e que para outros se torna enfado, pois volta a ser criança, dependendo inteiramente do adjacente.
Sabemos que nada sabemos, estamos aprendendo a cada instante. É como se estivéssemos numa escada, onde é proibido parar. Temos duas escolhas: subir ou descer.

Os fracos descem, pois o medo da altura lhes faz menores, descem numa ignorância de ficar sentado e aconchegado numa religião, crendo que aquilo é a verdade e o mais, nada é, a esse, Freud, escreve o futuro de uma ilusão, dizendo que eles tentam voltar ao ventre materno. (excelente obra, quem tiver tempo, leia).

Os fortes sobem ansiosos por saber de que maneira responder a essa questões. Estão eufóricos, procurando descobrir nos autores passados, uma resposta a cada questão última da vida. Autores esses que também dedicaram a vida nessa profunda reflexão, entusiasmados em saber o que realmente é o ser.

Felizes os fracos que descansam numa verdade e inocentemente vivem por elas, sem as crises dos fortes, que a cada ensejo sofre uma crise existencial. Mas sabemos que é por meio dessas que os fortes crescem e se tornam seres livres, formadores de opinião, saem do casulo, criando um mundo que poucos entendem e compreendem. Já os fracos, se fecham a essa "vidinha", se preocupando com os pormenores do cotidiano, que chegam a dar enfado. E daí? Descobrir quem somos? Jamais!
Espero que você seja uma forte, de fraco já basta os “crentes”.

Rafael Barreto
Autor: Rafael Correa Barreto


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