Resiliência e Equanimidade: Competências para viver num mundo em constante mudança



Vivemos num mundo ambíguo e imprevisível, onde as incertezas tornaram-se parte freqüente da nossa rotina. Disso já sabemos. E para ser realista, não há nenhuma possibilidade desse cenário se apaziguar, muito pelo contrário, a tendência é tornar-se cada vez mais intenso. Disso temos medo. E a conseqüência disso tudo, já estamos carecas de saber. Queda da produtividade, comprometimento de resultados e da carreira, absenteísmo e a novidade presenteismo (presença física e ausência mental). Tudo isso tem uma única fonte, o bom e velho conhecido estresse.

Num mundo onde o desenvolvimento e fortalecimento de competências é a solução lógica para problemas reais, com o estresse não seria diferente. Estresse não pode ser eliminado, isto é um fato. Mas quais as competências que preciso desenvolver para lidar com ele e como desenvolvê-las?

Para ilustrar, vou citar um belo conto Zen: “Durante as guerras civis na China feudal, um exército invasor poderia facilmente dizimar uma cidade e tomar o controle. Numa vila, todos fugiram apavorados ao saberem que um general famoso por sua fúria e crueldade estava se aproximando - todos exceto um mestre Zen, que vivia afastado. Quando chegou à vila, seus batedores disseram que ninguém mais estava lá, além do monge. O general foi então ao templo, curioso em saber quem era tal homem. Quando ele lá chegou, o monge não o recebeu com a normal submissão e terror com que ele estava acostumado a ser tratado por todos; isso levou o general à fúria.
"Seu tolo!! ” ele gritou enquanto desembainhava a espada, "não percebe que você está diante de um homem que pode trucidá-lo num piscar de olhos?!?"
Mas o mestre permaneceu completamente tranqüilo.
"E você percebe," o mestre replicou calmamente, "que você está diante de um homem que pode ser trucidado num piscar de olhos?"

O desdém do mestre Zen pelo general (ameaça, pressão e adversidade) representa uma das competências mais necessárias no universo corporativo – a equanimidade, que pode ser entendida como serenidade em quaisquer circunstancia. É uma virtude exaustivamente treinada e cultivada por monges budistas e yogues à milênios, para prepara-los diante das dificuldades que deveriam encontrar em sua senda espiritual. Para nós, simples mortais, o estresse já é um desafio e tanto.

Presume-se, habitualmente, que o estresse tem causas externas (adversidades e desafios). Mas de acordo com o pensamento oriental, a causa básica do problema encontra-se na mente. Se a mente percebe um evento como uma ameaça ou obstáculo, o corpo reage instintivamente. O que seria a causa externa da nossa perturbação reduz-se, de fato, a uma causa única, interna: a reação da nossa mente a um evento ou situação. O que estabelece a diferença na reação é o estado de espírito e o grau de integridade e presença do individuo. Lembra do presenteismo? É o oposto desse estado.

O pensamento oriental diz que a mente é o nosso “instrumento de percepção”, e quando esse instrumento encontra-se forte e purificado, a percepção é mais clara e então somos capazes de ver as coisas como realmente são e de lidar com elas de modo adequado, equilibrado, seguro e flexível. Quando perdemos essa clareza e nossas percepções tornam-se nebulosas, sentimos a tensão e reagimos confusos. Em vez de enfrentar as coisas tratando de problemas específicos, o individuo tem que remover os obstáculos à percepção clara, alcançando assim a nitidez mental.
Segundo o pensamento yogue, o primeiro passo para manter sua integridade é aprender a conservar o aspecto físico em seu estado ideal de equilíbrio e saúde. E ai encontramos uma outra competência também muito importante nos dias de hoje, um pouco mais comentada que a primeira, chamada resiliência.

Resiliência é um termo oriundo da física e engenharia, que significa a capacidade de um objeto absorver a pressão e quando cessada a pressão, volta a sua forma original. Transferindo este conceito para o comportamento humano, representa simplesmente a capacidade do individuo lidar com pressões e situações difíceis, sem prejudicar sua saúde física e equilíbrio emocional.

Você deve estar se perguntando, como então é possível desenvolver essas competências? Primeiro, para ser resiliente é fundamental estar em boa forma. Não acredito que seja possível ser resiliente emocionalmente sem ser fisicamente. Estar em boa forma envolve reunir em seu corpo flexibilidade, resistência, força, agilidade (indicadores de capacidades físicas) e possuir uma melhor capacidade respiratória. Corpo e mente formam uma unidade indivisível. Equanimidade é desenvolvida através do aprimoramento e refinamento da percepção, ampliação da inteligência e do discernimento.

Um dos métodos que têm se revelado eficaz para desenvolver tais competências é o yoga (método milenar de desenvolvimento) que significa “atar”, “jungir” ou “integrar” e sua meta é unir todos os aspectos que formam o individuo (físico, mental, emocional, espiritual), gerando maior integridade e presença. A diferença do yoga para outros métodos de desenvolvimento é a sua ênfase na prática, onde o corpo é o instrumento básico para o desenvolvimento do comportamento. Para desenvolver equanimidade e resiliência não basta conhecer e acreditar, é preciso fazer e praticar.
Autor: Carlos Legal


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