Dividendo leva a melhor



Valor Econômico
17/3/2005

Estudo mostra as estratégias de fundos de ações vencedoras em três anos.

Por Angelo Pavini, de São Paulo

No vasto universo de fundos de ações, as carteiras que miram os dividendos pagos pelas empresas são as que apresentam o melhor resultado em um período de até 36 meses. A conclusão é de estudo feito pela RiskOffice*, empresa especializada na avaliação de investimentos. No ano passado, esses fundos dobraram o patrimônio e terminaram 36 meses com uma rentabilidade média de 36,14% ao ano. Em 2004, o rendimento das carteiras foi de 45,26% em média.
O estudo procurou separar os vários tipos de carteiras do mercado de acordo com cada perfil, o que ajuda também a entender um pouco as várias opções que o investidor em fundos de ações tem no mercado. Primeiro, foram separados os fundos de dividendos e os setoriais. Depois os fundos passivos, que buscam acompanhar o desempenho de um dos índices do mercado, o Ibovespa e o índice Brasil (IBrX) em suas duas versões, 50 ou 100. Em seguida, os fundos ativos, que procuram render mais que o referencial — Ibovespa ou IBrX. Nesta categoria, foi feita ainda uma subdivisão, entre os fundos com estratégia mais agressiva, chamados de EQM alto, e os mais moderados, ou EQM baixo. Os que sobraram e que não se enquadravam nas categorias — como os fundos FGTS ou recursos próprios de Petrobras e Vale do Rio Doce — foram para a categoria Outros.
"A idéia foi também organizar um pouco a cabeça do investidor", diz Fernando Lovisotto, diretor da RiskOffice. "Os fundos passivos são fáceis de entender, acompanham o referencial, mas os outros são mais complicados, até para grandes investidores."
Mesmo os fundos de dividendos podem ser divididos em categorias. Há os que procuram as empresas tradicionalmente boas pagadoras — como Souza Cruz, Eternit e Telesp Fixa; existe também aqueles que procuram as que vão distribuir mais lucros no curto prazo — caso da Vale, pelo aumento expressivo do minério de ferro neste ano —; e ainda os que usam o dividendo como referencial das empresas que têm boa geração de caixa.
O melhor resultado trouxe também uma captação mais expressiva nos últimos anos. Várias instituições — como Bradesco e Itaú — lançaram carteiras de dividendos para atender à procura dos investidores, aumentando a participação da categoria, que dobrou de tamanho no ano passado.
Além do bom desempenho dos fundos de dividendos, que apresentam a maior rentabilidade em 12 e 36 meses, o estudo mostra que os fundos IBrX, tanto ativos quanto passivos, estão dando um banho nos referenciados Ibovespa. A explicação está na própria estrutura dos dois índices. O Ibovespa tem forte concentração de empresas de telefonia e de eletricidade, que tiveram um desempenho pior do que outros setores nos últimos anos. Já o IBrX tem um peso maior de Petrobras, Vale, bancos e siderúrgicas, que foram destaque de 2003 para cá. Além de um ganho maior, os fundos IBrX também apresentaram menor volatilidade que os referenciados no Ibovespa. O motivo também é a composição do índice, que no caso do Ibovespa é mais concentrado. Já no IBrX, o peso dos papéis é ponderado pelo valor de mercado, o que reduz a concentração e a volatilidade. A RiskOffice não separou a categoria IBrX entre a carteira de cem papéis (IBrX-100) e o mais concentrado, de 50 (lBrX-50), que é mais novo e um pouco mais volátil. Mas, segundo Lovisotto, a maioria do mercado está hoje re-ferenciado no IBrX 100. Entre os fundos de previdência, 60%, usa o índice Bovespa como referencial e os 40% restantes, o IBrX.
Os dados de captação mostram ainda que, fora os fundos de dividendos, a maior captação ocorreu nas carteiras ativas mais agressivas. E, no caso dos referenciados Ibovespa, foi mais fácil para as carteiras ativas superarem o indicador, também pelo desempenho mais fraco do índice. Isso não ocorreu com os referenciados em IBrX, que subiu bem mais e tornou mais difícil para os gestores superarem o indicador. Em três anos, o IBrX 50 subiu 135,54%, o IBrX 100 145% e o Ibovespa 92,94%. Em 2004, o IBrX 50 subiu 26,70%, o IBrX 100 de 29,85% e o Ibovespa, 17,81 %.
A RiskOffice estimou ainda o chamado índice de sucesso para cada categoria, ou seja, o percentual de fundos que supera o referencial na categoria. Usando o Ibovespa como referencial dos fundos de dividendos, essas carteiras aparecem com o melhor retorno, com 100% das carteiras superando o indicador. A seguir, vieram os Ibovespa ativos de maior risco (alto EQM), pouco menos de 100%. "Os fundos de dividendos foram bem no passado e devem ir bem neste ano também, com os lucros maiores das empresas", diz Lovisotto.
O impacto da taxa de administração nos fundos de ações aparece apenas quando se olha para os fundos passivos. Como essas carteiras procuram "colar" no referencial, após o desconto da taxa, seu desempenho fica abaixo do indicador. Isso acontece principalmente nos fundos de varejo. No caso dos fundos de dividendos, a média da taxa de administração está em 3% ao ano. Nos demais, a média está em torno de 3%, podendo chegar, porém, a 6% ao ano.
Para Lovisotto, o estudo mostra que vale a pena o investidor ter um pedaço de suas aplicações em fundos de dividendos.

*Um dos diretores da RiskOffice é Marcelo Rabbat, que também é sócio da PR&A Consulting, especializada em Consultoria de Investimento, Risco de Mercado e Risco de Crédito.
Autor: Assessoria de Imprensa Web


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