HSBC faz mudanças e reforça segmento de gestão internacional



Valor econômico
Caderno Eu investimento
20 de julho de 2005 pag. D2

A área de investimentos do HSBC no Brasil está em fase de mudança. Com a saída de seu principal executivo, Luis Eduardo de Assis, que passou a cuidar das operações de todo o banco no país, Walter Shinomata passou a acumular as funções gerais que englobam gestão de recursos, previdência, corretora e custódia.

Depois de passar pela diretoria do Banco Cental, pela área econômica do Citibank e de investimentos do HSBC, Assis, figura respeitada no mercado financeiro, está iniciando uma nova fase profissional. Como chefe de operações do banco inglês no Brasil, ele será responsável por toda a área de tecnologia e pelo funcionamento das agências e dos departamentos do banco.

Outra mudança foi no nome da área de asset management que passou a chamar-se HSBC Investments em todo o mundo. No Brasil, o setor está sob o comando de Fernando Meibak e possui R$ 34 bilhões sob gestão, figurando entre as cinco maiores do país e a maior ligada a um banco estrangeiro.
A área de investimentos do HSBC assistiu também à saída recente de seu estrategista-chefe, o executivo Marcos De Callis, que foi para a Itaú Corretora. A saída ocorreu quase ao mesmo tempo em que a HSBC Investments contratava Luiz Ribeiro, ex-ABN Amro e que vinha atuando há dois anos como assessor de investimentos para América Latina do Internacional Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial (Bird). Ribeiro, que começou nesta semana, vai ser o gestor de fundos offshore da HSBC Investments.
O banco inglês tem um fundo no exterior que aplica somente em papéis brasileiros, o Brazil Equity Fund, com um patrimônio de US$70 milhões. Tem também uma carteira que investe somente em emergentes, aplicando em Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC), de US$370 mi-lhões, dos quais 25% (ou US$ 92 milhões) estão em papéis brasileiros. Além da gestão, Ribeiro fará apresentações periódicas no exterior para investidores — institucionais e private banks — pa¬ra falar das perspectivas do país e atrair mais aplicadores. A tarefa antes era acumulada por De Callis, junto com a estratégia para os fundos de investimento.
Segundo Meibak, Ribeiro dará um foco diferenciado para essas carteiras. Ele acrescenta que, a princípio, o cargo de De Callis ficará vago. "Não temos pressa em substituí-lo, pois os gestores de renda fixa e variável já tocavam o dia-a-dia com independência".
A tendência da HSBC Investments também é de que a gestão de fundos diferenciados — como multimercados e outros fundos de maior risco — seja segregada no futuro. A idéia já está sendo colocada em pratica pelo HSBC na Europa, Estados Unidos e Ásia, com a criação de um departamento específico. No Brasil, porém, pelo tamanho do mercado, isso ainda pode demorar. "Com a concorrência dos fundos de gestores independentes, com maior agilidade na tomada de decisões e menores limitações de controles que os bancos, a saída seria criar uma área separada de fundos de maior risco", diz Meibak.
Ele vê importantes mudanças para o setor de fundos de investimento nos próximos meses. A primeira, a conta-investimento, que a partir de outubro de 2006 permitirá as movimentações de todas as aplicações antigas sem a cobrança da CPMF. Isso eliminará uma vantagem importante dos fundos. Ao mesmo tempo, as condições econômicas mais positivas tendem a ampliar a emissão de CDBs pelos bancos, ampliando a concorrência pelos recursos dos investidores. Outro efeito deve ser taxas declinantes dos títulos públicos e aumento das aplicações em papéis privados de crédito. E isso exigirá uma boa estrutura de análise de crédito por parte das gestoras.


Carteira de recebíveis chega a agências
A expectativa de ganhos com os fundos de recebíveis, os FIDCs, fez a HSBC Investments apostar no primeiro fundo multigestor dessas carteiras para clientes qualificados oferecido nas agências de um banco de varejo. Ela lançará em setembro um fundo que aplicará em cotas do HSBC Multimercado Recebíveis, um multigestor de FIDCs, diz Fernando Meibak, responsável pela gestora. Hoje o Multimercado está aberto apenas para os fundos do próprio HSBC, tem patrimônio de R$ 100 milhões e aplica em seis carteiras de FIDCs.
A idéia é que o fundo, ainda sem nome, mas apelidado de multi-recebíveis, tenha aplicação mínima de R$ 100 mil, e só aceite recursos de clientes qualificados, com mais de R$ 300 mil para investir no mercado, explica Meibak. Para garantir que o cliente saberá onde está aplicando, o gerente que vender as cotas terá de assinar junto o termo de adesão, que também serve de termo de qualificação. Nele, o investidor vai afirmar que conhece o mercado e é qualificado para aplicar naquele fundo, com o aval do gerente. O multi-recebíveis terá uma carência para crédito de resgates, assim como ocorre com o fundo-mãe, que libera os recursos após 20 dias úteis. "Vemos clientes aplicando R$ 300 mil em CDBs para ganhar o CDI, queremos oferecer uma alternativa que renda mais", diz.
Neste mês, a HSBC Investments deve lançar também um fundo multigestor de multimercados em parceria com consultoria RiskOffice*. O HSBC Multi-mercados Multifundos terá um conselho de investimentos formado por dois representantes da gestora, um da consultoria e um dos investidores, que vai aprovar as políticas do fundo ao aplicar em outros gestores.
Ele será destinado a clientes institucionais. Nos planos de Meibak está ainda um fundo de arbitragem, um long/short, que deve sair até o fim do ano. O foco devem ser os clientes de maior renda (private) e institucionais. Outro fundo que está no forno é um de ações de empresas com sustentabilidade.


A RiskOffice tem como um de seus diretores Marcelo Rabbat, considerado um dos melhores consultores de investimento do Brasil, especializado em risco de crédito, risco de mercado, fundos de investimento e hedge.
Autor: Assessoria de Imprensa Web


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