Multimercados começam a reagir



Valor Econômico
21 de setembro de 2005

Ciclo de queda de juro abre frente para que gestores inovem suas estratégias

Setembro promete marcar o início da virada dos fundos mul­timercados. Se até o mês passado, na média, as carteiras vinham perdendo sistematicamente pa­ra o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), a retomada de queda da taxa básica de juros abre uma frente de batalha adicional para os gestores. Como a expectativa dos analistas é de que o corte da Selic de quarta-feira passada tenha sido apenas o primeiro de uma série, a percepção é de que haverá mais oportunidades de arbitragem entre títulos prefixados e contratos de juros negociados na Bolsa de Mercadorias & Futures (BM&F).

"Num momento de transição, os multimercados costumam ter mais agilidade para identificar as variações de tendência que ocorrem num mesmo dia e se aproveitar desse movimento", diz o economista-chefe da Votorantim Asset Management (VAM),

Fernando Fix. Esse tipo de reflexão já começa a surtir efeito em algumas carteiras.

Levantamento da RiskOffice*, consultoria especializada em investimentos, mostra que até o dia 12, o Índice de Fundos Multimercado (IFM)—que mede a rentabilidade média de 34 carteiras abertas — desenvolvido pela instituição apontou ganhos de 0,84%, ante 0,50% do CDI. Já o indicador que acompanha os fundos fechados teve retorno médio de 0,86%.

"A maré de azar que atingiu os multimercados parece que co­meça a ser superada", diz o sócio da RiskOffice, Fernando Lovisotto. "Basta ter uma tendência, co­mo a que predomina agora que indica que os juros vão cair, e a sofisticação dos gestores acaba fazendo a diferença."

É algo para se monitorar nas próximas semanas. Até o mês passado, a má fase dos chamados fundos de "hedge" prevalecia. Pelos dados da RiskOffice, as princi­pais carteiras do mercado acumulavam retornos abaixo do CDI. Em agosto, o LFM apontou rentabilidade de 1,34%, ante 1,65% do CDI. No ano, as cotas tiveram valorização de 10,85%, também aquém dos 12,39% do referencial.

Entre os fundos analisados é grande a discrepância de rentabilidade. Há carteiras como as da GAP e da Claritas , com ganhos acima de 2,5%, como ha também aquelas com perdas que chegam a 1,88%, como a da Tática. Na me­dia, só 35% da amostra ficou aci­ma do IFM no mês passado.

"Ao que tudo indica alguns gestores souberam aproveitar a alta da bolsa e permaneceram vendidos (apostando na baixa) em dólar", pondera Lovisotto. Pa­ra o analista, o cenário de incerteza, com denúncias de corrupção e Comissão Parlamentares de Inquérito (CPI) a todo vapor em Brasília, determinou os mais variados tipos de apostas, não havendo uma direção única tomada pelos administradores.

Marcelo D'Agosto, do site Fortuna, também identificou a recuperação dos multimercados. Só na semana de 8 a 15 de setembro, os fundos independentes, com políticas mais agressivas de gestão, registraram valorização de 0,86%, ante 0,36% do CDI.

Considerando-se o conjunto da categoria, a rentabilidade ainda fica ligeiramente abaixo do CDI. Em setembro, até o dia 15, o retorno médio estava em 0,70%, ante 0,72% da taxa referência. No ano, os multimercados chegam a bater em 80% do CDI. Em resposta ao fraco desempenho, esses fun­dos já perderam R$ 68,6 bilhões em recursos só em 2005, segundo a Anbid. Mas, de acordo com le­vantamento do Fortuna, que não inclui alguns fundos exclusivos, essas carteiras já começam a recuperar terreno, com ingressos de R$ 324,1 milhões no mês.

*Um dos diretores da RiskOffice é Marcelo Rabbat, consultor de investimentos especializado em riscos de crédito e de mercado e hedge.
Autor: Assessoria de Imprensa Web


Artigos Relacionados


Diferença De Ganhos Entre Multiercados Agressivos é Grande

Multimercado Sem Renda Variável Vira Alternativa á Renda Fixa

Fundos Multimercados Rendem 80% Em Três Anos

“hedge Funds” Melhoram Rentabilidade Em Relação Ao Cdi

A Dura Vida Dos Fundos Hedge

Analista Recomenda Postura Mais Conservadora

Volta Por Cima