Retornos de multimercados reage e já atrai investidores
10 de outubro de 2005
Fundos abertos monitorados pela RiskOffice apresentaram rentabilidade acima do CDI em setembro, com ganho médio de 2,47%.
O início do ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic) e o rali vivido pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em setembro deu novo fôlego para os fundos multimercados. Das 22 carteiras que compõem o Índice de Fundos Multimercados (IFM), criado pela consultoria RiskOffiCE*, 21 superaram o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, o juro interbancário) e garantiram, na média, retorno equivalente a 165% do indexador.
O desempenho chamou a atenção dos investidores que começam a deslocar parte de seus recursos para a categoria. Segundo o sócio da RisckOffice, Fernando Lovisotto, só na primeira semana de outubro, a captação de recursos dos fundos mistos monitorados pela consultoria somou cerca de R$ 200 milhões.
No mês passado, o IFM, que mede a rentabilidade média de 22 fundos abertos, apontou ganhos de 2,47%, ante 1,50% do CDI. No ano, as carteiras também começam a se aproximar do índice, com retorno médio de 13,59%, em comparação aos 14,08% acumulados de janeiro até setembro pelo CDI. Já o referencial que mede o desempenho de 25 carteiras fechadas para captação apresentou rentabilidade de 2,85% em setembro e já soma, no ano, retorno de 13,58%.
De acordo com Lovisotto, os fundos multimercados ganharam em três frentes. No câmbio, os gestores vinham carregando posições vendidas (apostando na baixa) na moeda americana e colheram bons frutos da valorização do real. Nos mercados aberto e futuro de juros, as aplicações em títulos prefixados e as arbitragens com contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) foram favorecidas pela queda da Selic. Já na renda variável, as ações acompanharam o avanço do índice Bovespa, que subiu da casa dos 28.000 pontos para o recorde de 31.583 pontos.
Para o especialista, a invertida no desempenho da bolsa neste início de outubro — na semana passada, o Ibovespa perdeu 5,10% e já retomou a níveis de meados de setembro—não deve ser duradoura e ainda pode beneficiar os fundos multimercados mais agressivos. "A queda rápida favorece aqueles administradores que montam estratégias com opções de Ibovespa, Telemar ou Petrobras, para ganhar nos momentos de maior volatilidade do mercado", diz Lovisotto.
Apesar do desempenho favorável dos multimercados, a disparidade de ganhos entre os fundos abertos ainda é significativa. O Opportunity Total, por exemplo, apresentou rendimento de 4,37% em setembro, enquanto o Direcional registrou retorno de 1,45%. No ano, as diferenças são ainda mais perceptíveis, com o ARX Extra ganhando 19,89% e o BBM High Yield na ponta mais baixa, garantindo 9,54%.
Para Lovisotto, numa observação mais genérica do retorno da categoria, as carteiras especializadas em bolsa são as que levaram a melhor até agora. Mas, como a expectativa dos analistas é de que o corte da Selic realizado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) reiniciado em setembro tenha continuidade nos próximos meses, os multimercados podem ser favorecidos de maneira mais homogênea. "Quando há uma tendência definida do cenário, os multimercados vão muito bem pois os gestores têm condições de trabalhar com operações que tragam prêmios maiores e a relação com o referencial CDI também passa a ser menor", diz.
Pelos dados do site Fortuna, só neste ano, até 29 de setembro, os fundos multimercados perderam R$ 39,5 bilhões, para um patrimônio líquido que ronda os R$ 101,5 bilhões. Mesmo assim, a categoria ainda representa uma parcela de 17% das aplicações em fundos de investimento abertos. Em setembro, os números preliminares do Fortuna já mostravam que as carteiras ensaiavam alguma recuperação em termos de ingresso de recursos. Até o dia 29, a captação somava R$ 192,9 milhões.
*Marcelo Rabbat, um dos sócios da RiskOffice, é consultor especializado em riscos de crédito e de mercado, indicado para o prêmio de melhor Consultor de Risco pela Revista Investidor Institucional.
Autor: Assessoria de Imprensa Web
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