“Hedge Funds” melhoram rentabilidade em relação ao CDI



VALOR ECONÔMICO
29 DE NOVEMBRO DE 2005

Os gestores de fundos multi­mercados mais agressivos, os cha­mados fundos hedge, estão recu­perando terreno em termos de rentabilidade e, na reta final do ano, podem até superar o CDI. Se­gundo o Índice de Fundos Multimercados (IFM) da consultoria Ris­kOffice, as carteiras que formam o indicador em novembro tiveram retorno médio de 1,34%, para 0,83% do CDI até o dia 18. No ano, o índice acumula 16,39%, para 16,64% do CDI. Já a versão do indi­cador com fundos fechados — cha­mada de não replicável (NR) pela consultoria —, acumulava 1,20% no mês e 16,28% no ano.

A recuperação vem acompa­nhada de um maior interesse dos investidores, que começam a colo­car mais recursos nesses fundos, diz Fernando Lovisotto, da RiskOf­fice. "Há algumas fundações inte­ressadas em aplicar em multimer­cados, alterando sua política de investimentos para o ano que vem, reduzindo a parte cm CDI", afirma.

Segundo Lovisotto, os multi­mercados começaram a se recupe­rar em setembro. O destaque con­tinua sendo os fundos de arbi­tragem de ações, os chamados long/shorts, que aplicam em pa­péis com alguma correlação e fo­gem do comportamento de alta e baixa geral do mercado.

Menos voláteis, essas carteiras conquistaram investidores no mo­mento em que os fundos macroe­conômicos perdiam em termos de retorno e recursos. A procura e os limites de crescimento dessas car­teiras fizeram com que muitos ges­tores fechassem para novas aplica­ções. Por isso, eles estão mais pre­sentes no IFM-Não Replicável. En­tre as carteiras abertas, estão os fundos da IP e da Fator, por exem­plo. Já no IFM-NR estão Claritas e Pólo, entre outros.

A melhora dos multimercados reflete a recuperação da bolsa de valores e a queda dos juros — apostas de muitos dos gestores de fundos macroeconômicos, expli­ca Lovisotto. O dólar em queda também ajudou nos últimos dois meses, quando a moeda america­na caiu e beneficiou quem apos­tava na valorização do real. Mais recentemente, o ganho veio das bolsas e dos juros mesmo.

A recuperação dos multimerca­dos teve reflexos também nas car­teiras de fundos de fundos, expli­ca Rafaela Vitória, superintenden­te da área de gestão de fortunas do BankBoston. A carteira Boston Fund of Funds (Fof), que aplica em 12 multimercados, voltou a fi­car acima do CDI em meados des­te mês. "Estamos com 102% do CDI no acumubdo do ano", co­memora Rafaela. O principal mo­tivo da recuperação são os ganhos na renda fixa, diz. Apesar do con­senso de queda dos juros neste ano, o conservadorismo do Banco Central adiou os ganhos dos gestores que apostavam na baixa mais acelerada da taxa básica.

Outro fator que ajudou os mul­timercados é a alta de quase 6% do Ibovespa no mês, que beneficiou alguns gestores que tinham ações em carteira e mesmo alguns long/shorts. Temos visto gestoras com uma boa margem de acerto na estratégia de arbitragem", diz Rafaela Vitória. Alguns fundos também ganharam com a valori­zação da dívida externa, com o risco-Brasil caindo, o que beneficiou gestores como Pactual, que tem peso alto no Índice da RiskOffice.

No ano que vem, Rafaela acha que os gestores podem manter o bom desempenho caso o mercado continue sem sobressaltos. "Em geral os gestores estão mais oti­mistas para 2006", afirma. Ela diz que a procura por multimercados dos clientes de alta renda no private bank do BankBoston cresceu, mas entre os que já entendem o produto. "Muitos ampliaram a participação de 20% para 30% das aplicações", diz a executiva, lem­brando que o banco fez um traba­lho educativo para evitar que clientes avessos ao risco apliquem nas carteiras hedge e saiam pouco depois, como ocorreu em 2004.
Autor: Assessoria de Imprensa Web


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