Fundação compra 2%das ações novas



DCI
26 DE ABRIL DE 2006

Fundos de pensão - Valor das ofertas de ações totalizam R$ 23,1 bilhões de 2004 até março

O mercado de capitais tem potencial para absorver cerca de R$ 456 bilhões em aplicações apenas de investidores institucionais nos próximos quatro anos

Das ofertas primárias e secundarias de ações de empresas que in­gressaram no Novo Mercado da Bovespa, Nível I e II de governan­ça corporativa de 2004 até março deste ano, apenas 2% ou R$ 575,8 milhões foram adquiridos por fundos de pensão. O levanta­mento é da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

O volume total de ofertas no período foi de R$ 23,1 bilhões, sendo distribuídos 11% para pes­soas físicas, 23% para outros in­vestidores Institucionais, 55% para investidores estrangeiros, 4% para instituições financeiras, 2% para empresas e, o restante, 3%, para os demais.

De acordo com Antônio Jorge Vasconcelos da Cruz, diretor de investimentos da Associação Brasileira das Entidades Fecha­das de Previdência Complemen­tar (Abrapp) e superintendente da Previma — fundo de pensão patrocinado pela Associação Na­cional das Instintições do Merca­do Financeiro (Andima)—, a par­ticipação dos fundos de pensão no capital de empresas com bons níveis de governança corporativa crescerá na mesma proporção em que mais empresas ingressem nesse mercado. “No ano passado, a participação dos fundos de pensão no capital de empresas que ingressaram no Novo Merca­do da Bovespa foi tímida, mas acredito que, neste ano, o percentual crescerá". afirma o diretor da Abrapp.

O mercado de capitais — ações e crédito privado — tem poten­cial para absorver R$ 456 bilhões em aplicações apenas de investi­dores institucionais até 2010. A previsão consta de um estudo fei­to por Carlos Rocca, consultor técnico do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec). O economista, que também é sócio da consultoria RiskOffice*, chegou a este número analisando a evo­lução da carteira de aplicações administrada por esse tipo de in­vestidor, que deve chegar a 60% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2010, e a meta do governo de redução da dívida liquidado setor público para 40% do PIB. Se as duas premissas se concretiza­rem, num prazo de quatro anos os investidores institucionais terão quase meio trilhão de reais para aplicar em ativos que não sejam títulos públicos federais.

A Resolução CMN nº 3.121, de setembro de 2003, limita os fun­dos de pensão a investirem ape­nas 50% em renda variável, sendo até 50% em ações de companhias listadas no Novo Mercado da Bo­vespa e Nível 2, até 45% em ações de empresas classificadas no Ní­vel 1 da Bovespa e até 35% em ações de companhias que não es­tejam nos moldes anteriores. Pa­ra Vasconcelos, os limites são ge­nerosos. "Se os fundos de pensão resolverem investir todo seu limi­te, faltará oferta".diz.

Empresas listadas nos níveis diferenciados de governança cor­porativa da Bovespa procuram ampliar os direitos societários dos acionistas minoritários e au­mentam sua transparência atra­vés da divulgação de maior volu­me de informações e de melhor qualidade, facilitando o acompanhamento de sua performance.

Marcelo Nazareth, presidente da consultoria NetQuant, con­corda que todo movimento de transparência e liquidez seja be­néfico aos fundos de pensão. Mesmo assim, afirma que o pro­cesso de migração de renda fixa para renda variável será lento.

"Mesmo com o Selic em queda, a taxa de juros real ainda está muito alta. Acredito que os fundos se preocuparão a partir do momen­to em que a taxa estiver em um patamar abaixo de 6%. Nessas condições, a meta atual dos fun­dos estará ameaçada, caso não haja uma alteração no perfil do investimento", conta Nazareth. Ele completa que os títulos do governo ainda são a melhor opção de investimento, já que quase não oferecem riscos e a rentabilidade é suficiente para atingir a meta atuarial.

O executivo afirma que, de três anos para cá, o percentual das aplicações em renda variável de 40 fundos de pensão é muito constante. "Cerca de l5%dos in­vestimentos dos meus clientes está em renda variável", ressalta Nazareth.

Tractebel e Energias do Brasil lideraram ofertas

Ainda de acordo com o levan­tamento da Bovespa, as ações de empresas com bons níveis de governança corporativa que mais receberam oferta de fun­dos de pensão foram as da Energias do Brasil, listada no Novo Mercado da Bovespa, com 6% (R$ 70,8 milhões) do R$ 1,1 bilhão ofertado. Em se­guida esta a Tractebel, empre­sa que ingressou em novembro do ano passado no Novo Mercado da Bovespa, com 6,4% (R$ 67 milhões) dos R$ 1,05 bilhão colocados em distribuição pública.

"Outra empresa muito pro­curada pelos fundos de pensão é a Companhia Vale do Rio Do­ce. Quase todos os fundos pos­suem ações da Vale", afirma Vasconcelos, da Abrapp.

O Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), por exemplo, possui 60,1% do total da carteira — cerca de R$ 49,8 bilhões — aplicados em renda variável. "Das nossas aplicações em renda variável, aproximada­mente 58% do total estão em empresas listadas nos níveis diferenciados de governança corporativa da Bovespa", afir­ma Renato Chaves, diretor de participações da Previ.

A carteira da Previ repre­senta 4,42% do capital bursátil — valor de mercado — da Bol­sa de Valores de São Paulo.

*Marcelo Rabbat, consultor econômico especializado em fundos de investimento, é um dos diretores da RiskOffice.
Autor: Assessoria de Imprensa Web


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