Vivências na Biodanza



Para compreender como funciona a Biodanza, é necessário conhecer o conceito de vivência, que é a base de sua metodologia.

O termo Vivência foi proposto por Dilthey e definido como a qualidade existencial da emoção no instante vivido aqui e agora. É a sensação de estar vivo.

A palavra “vivência” não era conhecida no século XVIII, de modo que nem Schiller, nem Goethe a empregaram, embora já fosse comum o uso do verbo “vivenciar”. Segundo Gadamer, a referência mais antiga de Erlebnis (a emoção sentida diante de um acontecimento concreto, seria o equivalente a você dizer "aquela situação foi uma experiência incrível") estaria em uma carta de Hegel, na qual relata suas viagens, e é só nos anos setenta do século XIX que seu uso torna-se mais frequente solidificada por Dilthey.

“Vivenciar” significa “ainda estar vivo quando algo acontece”, o que confere ao termo um caráter de imediaticidade, pois, ao contrário daquilo que se pensa saber, do que se ouviu dizer ou do intuído, o vivenciado é sempre o que nós vivenciamos. Além disso, o vivenciado carrega um significado duradouro. As biografias de artistas e poetas eram essencialmente baseadas na convicção de que, “a partir da vida, se compreende a obra” (GADAMER, Verdade e método, p. 67).

De acordo com o Psicólogo e criador da Biodanza, Rolando Toro, 2002: “a vivência é uma experiência vivida com grande intensidade por um indivíduo no momento presente que envolve a cenestesia, as funções viscerais e emocionais. Ela confere à experiência subjetiva a palpitante qualidade existencial de viver o ‘aqui e o agora’ ”.

A Biodanza prevê vivências de integração, pois elas implicam uma imediata e profunda conexão do indivíduo consigo mesmo. Durante o desenvolvimento das sessões de Biodanza, os exercícios acoplados a música provocam vivências que se reforçam por serem associadas a situações prazerosas (reforçamento positivo).

Na Biodanza, a vivência ocorre em três níveis (cognitivo, emocional e visceral) que estão neurologicamente relacionados, e podem condicionar-se reciprocamente, embora possuam uma forte autonomia. Quando um aprendizado não compreende esses 03 níveis, os relativos comportamentos resultam dissociados. Por exemplo:
Cognitivo = uma pessoa pode pensar que tem direito de exercer livremente sua sexualidade.
Emocional = na vivência da sexualidade pode experimentar medo ou insegurança.
Visceral = pode sofrer uma diarréia nervosa ao se deparar com situações que estimulem a sexualidade.
Isto significa que o pensar o sentir e o agir não estão integrados.


Saiba algumas características essenciais da vivência:

EXPERIÊNCIA ORIGINAL
A vivência constitui-se na experiência original de nós mesmos, da nossa identidade, anterior a qualquer elaboração simbólica ou racional.

SUBJETIVIDADE
Se manifesta a partir da identidade. As vivências que cada pessoa experimenta são únicas, íntimas e, portanto, incomparáveis.

INTENSIDADE VARIÁVEL
A intensidade da vivência pode variar conforme o nível de conexão consigo mesmo e a qualidade do estímulo que a produz. À medida que diminui a atividade consciente de controle e de vigilância, aumenta a intensidade da vivência.

EMOCIONALIDADE
Frequentemente a vivência dá origem as emoções.

DIMENSÃO ONTOLÓGICA
A vivência constitui a conexão íntima absoluta, ligada ao ser e à percepção de estar vivo. É, portanto, uma qualidade ontológica (considera o ser em si mesmo, independente do modo pelo qual se manifesta).

ANTERIORIDADE À CONSCIÊNCIA
A vivência é uma manifestação do ser que precede a consciência: a conscientização da vivência pode ser imediata ou vir num segundo momento. No processo de integração da identidade e de expressão das potencialidades genéticas, a vivência tem, por isso, prioridade sobre a consciência.

" A vivência é uma experiência inevitável que comunica um conteúdo preciso de sensações e de percepções, e que anula a distância entre aquilo que se sente e a observação do próprio sentir" (TORO, 2002, Biodanza, P 32).
Autor: Vera Lúcia da Conceição Neto


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