O Que Você Faz Pela Paz?



Hoje aconteceu algo incrível! Incrível mesmo! Achei interessante dividir esse acontecimento com outras pessoas. Por isso, resolvi escrever.

O fato é que estou tão encantada, tão maravilhada, que nem sei por onde começar. Minha cabeça está tão confusa, com muitas idéias ao mesmo tempo. Mas, vamos lá:

Assistindo ao programa Mundo.doc, do Canal Futura, com o título de “Pontos de Encontro”, descobri que existem pessoas maravilhosas neste mundo! Descobri que existem judeus e palestinos encantadores! Pessoas comuns, que possuem suas histórias de vida, seus sofrimentos, suas dores mas que, também possuem algo que eu considero um verdadeiro tesouro: primeiro, a crença de que o mundo em que vivemos pode ser diferente, pode ser melhor, e segundo, a vontade de trabalharem de verdade para que isto, mesmo que num futuro ainda longe, possa acontecer!

Conhecer a história de alguns palestinos e judeus que trabalham para promover a paz, me inspirou profundamente! Fiquei pensando: “quantos de nós não podemos fazer a mesma coisa? Será que, para isto, precisamos perder nossos familiares em algum conflito político ou religioso? Será que precisamos efetivamente estar ligados à alguma fundação, instituição ou ONG? Creio que não!” Se isto for possível, melhor ainda, mas se não for, que possamos dar os primeiros passos em nosso dia a dia, nos relacionando com as pessoas, sejam da nossa família, do nosso trabalho, da nossa comunidade, e por aí vai.
De que forma podemos fazer isso? Sei que não é tarefa fácil, mas acredito não ser tão difícil!

O que pude ver no programa, constatar, de verdade, é o ponto de vista das pessoas, que está diferente. Isto faz com que mudemos nossas crenças e que, a partir desta mudança, podemos transformar nossa realidade. Vejo aquelas pessoas em busca de uma “história alternativa”, não apenas tentando encontrá-la, mas sim construíndo-a . Esta é uma das práticas utilizadas pela Terapia Narrativa, criada por Michael White, na Austrália e da qual eu compactuo, por acreditar que somos “prisioneiros” da nossa história dominante e que podemos nos esforçar para desconstruírmos esta história ou as crenças que nos levaram a construir esta história. Somente assim, estaremos prontos para trilhar um novo caminho, desbravando novos horizontes, rumo a uma história alternativa, que contradiz o roteiro da história principal ou dominante.
Desta forma, fazemos história! É o que o grupo de pessoas (palestinos e judeus) faz a cada reunião que aconteça! Buscam novos caminhos, novas formas de lidarem com um conflito que existe há muito tempo mas, acima de tudo, acreditam que a guerra não é o único caminho existente para lidarmos com este problema.

A ideia aqui não é discutir causas políticas, nem explicações religiosas. Mas sim, de entendemos que existe um conflito entre os povos (judeus e palestinos) e ponto. Mas que, a maneira como lidamos com este conflito é responsabilidade nossa, do homem, do ser humano. Há, portanto diversas maneiras de lidarmos com este conflito. A guerra é uma delas, e eleita pelos homens, por não conseguirem ver, até o momento, outras possibilidades.

Foi fantástico poder ver e ouvir palestinos e judeus que acreditam na paz, pois eles acreditam, acima de tudo, no respeito entre as pessoas, entre os povos diferentes e que, numa guerra, não há ganhadores, somente perdedores, pois os dois povos sofrem, os dois povos perdem parentes e familiares. A guerra tem deixado cicatrizes enormes em ambos os povos, não importa qual seja!!!!!

Deixar de pensar somente em si e pensar que o outro também sofre, assim como eu, é um grande passo em nossa humanidade! Poder compreender que o outro, seja de minha etnia ou não, também tem seus sofrimentos e entender que eu posso fazer parte, ser responsável pelo sofrimento do outro ou pela paz do outro é brilhante!!! Isto é responsabilidade social!!!!! Isto é sustentabilidade: compreender que, tudo o que ocorre no planeta, é fruto das minhas escolhas, portanto, devo sustentar minhas escolhas e suas conseqüências. E eu posso escolher: serei o causador da dor, do sofrimento ou até da morte do outro (ou de outros) se não direta, mas de forma indireta, pelo simples fato de compactuar com a guerra, mesmo que eu não me torne um homem bomba; ou posso ser o eliminador da dor, trabalhando pela paz, pela aceitação das diferenças, para que possamos, ao longo dos anos, mudar as crenças que são responsáveis pelas guerras atuais. E podemos começar (para não dizer devemos), aceitando as diferenças que existem em nossa família, nos ambientes ou contextos sociais dos quais fazemos parte.
Eu escolho ser um eliminador da dor! Primeiro, por acreditar que a guerra somente nos leva à violência. Que violência, gera sim violência!!!! E que este é um caminho que o homem escolheu. Se somos seres humanos, possuímos a capacidade de pensar, raciocinar, questionar e escolher!!!!!
Porque então, escolhemos o pior caminho? Aquele que nos leva à dor, às perdas, ao sofrimento?

Li, certa vez, em um livro de Ruben Alves, educador brasileiro, a ideia que ele coloca para diferenciar tênis de frescobol. São dois jogos muito parecidos, pois usam os mesmos instrumentos, ou seja, bola e raquete mas que possuem regras diferentes.
O que diferencia tais jogos é que, no tênis, sempre haverá um perdedor e um ganhador, pois o objetivo do jogo é fazer com que a bola do adversário caia no chão. Já no frescobol, o objetivo é não deixar com que a bola caia no chão e ambos os parceiros são responsáveis.
Espero, de verdade, que estejamos na era do frescobol! Que não queiramos derrotar o outro, que o outro não precise ser necessariamente meu inimigo, mas que pode ser meu parceiro, meu co-jogador!! Que apesar de jogarmos em lados diferentes ou em times diferentes ou ainda, em pátrias e povos diferentes, possamos ser parceiros, e nos dedicarmos para que a bola não caia no chão. Se pensarmos que a bola é a paz, todos entenderão o que quero dizer: para termos paz, todos são responsáveis! Só assim, podemos compreender que neste mundo enorme e maravilhoso que Deus nos deu, não existe somente eu ou somente nós, e não existe uma única verdade. Existe o tu, o ele e que o tu e o ele são necessários para formarmos o nós! E que toda verdade pode ser respeitada, ao passo em que eu aceito que somos pessoas diferentes, com crenças diferentes! E que o outro não é obrigado a concordar com a minha verdade, basta respeitá-la!
Não estamos condenados a viver de uma única forma, forma esta que traz muita dor à muitas famílias! O homem sempre foi responsável por suas invenções! Sempre teve que inventar e reinventar formas para viver e para sobreviver, desde os tempos mais remotos. E, é praticamente inaceitável, incompreensível que, apesar do homem ter inventado tanta tecnologia, ainda não consiga pensar nos conflitos entre palestinos e judeus de uma forma diferente ou alternativa, que não seja através da guerra, que prefiro chamar aqui de matança.
Podemos sim! Isto é responsabilidade nossa! Minha sua, de tantos tus e eles que possamos imaginar! Acreditar que os chamados “inimigos” possam conversar, possam dialogar é um grande passo para um mundo melhor!!!!! Mesmo que isto demore anos ou até séculos para se tornar algo comum, ainda assim considero isto fantástico!!! Estamos deixando de ver o inimigo como inimigo! Estamos compreendendo que a dor do outro pode me atingir! Estamos começando a compreender que o mundo não é feito só de mim, mas do outro também! Ou seja, estamos deixando de ser egoístas, para sermos altruístas! Estamos pensando no outro, na dor e no sofrimento do outro! Isto é fantástico, porque começo a entender que o mundo é feito para todos e por todos! Que há espaço para todos os povos, para todas as crenças! Que o amor ao outro e o respeito estão acima de tudo e são valores pelos quais devemos lutar!

Enfim, sou grata, eternamente grata por ter tido a oportunidade de assistir ao programa e poder conhecer todas aquelas pessoas que participaram. Pois dividiram conosco uma parte de suas histórias, de suas crenças, de seus ideais, de seus valores! Não tenho dúvida de que são pessoas extremamente generosas!!!! Porque uma parte bela delas pode se conectar com outra parte bela de outras tantas pessoas que, ao assistirem o programa, mesmo em qualquer continente do mundo, se deram conta de que não estão sozinhas ou isoladas, pois podem compartilhar da mesma crença, dos mesmos valores e assim, aumentar a luta pelo plantio da semente chamada PAZ! !!
Obrigada, muito obrigada mesmo!E que este meu desabafo possa servir de reflexão para muitas pessoas e que, se ao menos uma, se juntar à esta idéia, podemos todos, cada vez mais, aumentar nosso time para jogarmos frescobol ao invés de tênis!
Que possamos estar cada vez mais unidos pela paz!!!!

Escrito em 05/12/2009 por Ssmaia Abdul, pessoa e psicóloga que sempre acreditou que podemos fazer um mundo melhor!
Autor: Ssmaia Abdul


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