Educar dá trabalho



Depois de assistir no YouTube a um dos vídeos do Sr. Luiz Carlos Prates, onde ele diz estar faltando em casa a pedagogia da cinta. Luiz C. Prates é um jornalista que tem peito. Ele fala o que pensa e o que muitas pessoas pensam também, sem coragem de expor. Mas, no caso da cinta, ele foi um pouco simplório na resolução dos problemas, até porque lhe falta conhecimento do universo educacional. Contudo, este é um erro que a grande maioria dos jornalistas comete ao falar sobre assuntos fora da sua área de conhecimento específico. Todos nós já fomos à escola, os jornalistas também, mas apenas isso não basta para entender as problemáticas do ambiente escolar. Sempre vejo os jornalistas e outros profissionais fazendo considerações pessoais sobre como deve ser a escola sem ao menos pesquisar a respeito disso.
Sou contra a cinta. Acho que nenhuma pessoa precisa passar por essa humilhação e nem acredito que ela resolva. Muitos dirão que receberam cintadas e estão vivos e bem. Acredito, mas as crianças de hoje não são como eram as do passado. O mundo evoluiu e piorou em muitos aspectos. Hoje, os pais acreditam não podem mais com os filhos. Eles acham que não há nada que eles possam fazer para que as crianças os obedeçam. Então, eles batem. Mas há sim muita coisa a ser feita. Os filhos precisam de limite. É necessário que haja regras em casa e que todos as obedeçam, incluindo os pais. É necessário que algumas coisas dentro de casa sejam negociáveis e outras não. Posso dar exemplos:
1) A hora do adolescente chegar em casa à noite: pode ser negociável a medida que filhos e pais cheguem a um acordo que seja razoável para os dois, cada um cedendo um pouco.
2) Comprometer-se com os seus estudos e com o seu desenvolvimento escolar: não tem negociação. Tem que ser uma exigência desde que a criança inicia na escola. Os pais devem estar atentos e preocupados com isso e os filhos têm que perceber que isso é uma importante exigência.
Esses exemplos são simples e não abrangem outras tantas atitudes que envolvem o complexo ato de educar. Só que educar dá trabalho... É muito cansativo ter que olhar caderno, conferir provas, transformar os erros em acertos, sentar e conversar toda vez que surgir uma necessidade, pedir opinião de alguém confiável, admitir ter errado, pedir desculpas e olhar pra si mesmo como forma de entender-se e buscar entender o próximo. Tenho a percepção de que é isso que as pessoas espiritualizadas chamam de amar. Entretanto, nem sempre tudo é tão simples. Uma pessoa que nunca recebeu auxílio emocional, dificilmente saberá dá-lo, outra que nunca estudou não dará valor a isso e quem não conhece ninguém que tenha se dado bem através do estudo deve mesmo desdenhar desta atitude. Só mandam seus filhos para a escola para não ter de prestar contas ao Conselho Tutelar. Luiz C. Prates tem razão em pensar que se os pais fossem mais duros, existiriam menos marginais. Concordo, mas rigidez com comprometimento e não com violência.
Autor: Silvana Spina


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