Carteira de imóveis volta a dar resultado e rende 7,4%



VALOR ECONOMICO RISKOFFICE
FINANÇAS - 22 DE SETEMBRO DE 2006

Altamiro Silva Junior
De Sao Paulo

Os imóveis voltaram a dar resultados para os fundos de pensão. As aplicações no setor renderam 7,4% no primeiro semestre, superando o rendimento das aplicações na renda fixa, que tiveram ganho de 7,2%, segundo um levantamento da RiskOffice com 231 planos de 111 fundações. Animados com o setor, fundos de pensão como a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, e a Funcef, da Caixa Econômica Federal, já avaliam novos investimentos no setor.

"O mercado de imóveis está se reaquecendo", destaca Sergio Ro­sa, presidente da Previ. Neste cenário, a fundação, que tem patrimônio de R$ 88 bilhões, resolveu "reviver" a carteira do setor imobiliário. Para isso, montou uma equipe dedicada a olhar oportunidade no setor. Hoje, 3,5% do patrimônio do fundo esta no se­tor imobiliário.

Na Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, as aplicações em imóveis também devem aumentar. Mas, diferente de outros fundos, a idéia não é investir em imóveis diretamente, mas em títulos financeiros com lastro imobiliário, como os certificados de recebíveis imobiliários (CRI) ou os fundos imobiliários, conta Wagner Pinheiro, pre­sidente da fundação. "O diferencial é a maior liquidez" diz, destacando que, neste caso, a fundação não precisa entrar di­retamente na administração do imóvel, como acontece quando resolve comprar uma parcela de um empreendimento. A Petros tem R$ 1 bilhão aplicados diretamente em imóveis (cerca de 3% do patrimônio total do fundo, de R$ 30 bilhões).

Já a Funcef optou por comprar ativos diretamente. A fundação, que tem patrimônio de R$ 21 bilhões, reservou R$ 200 milhões para investir em ativos como shopping center, edifícios comerciais e imóveis ligados a área de logística, como galpões, disse ao Valor, no inicio do mês, Jorge Arraes, diretor imobiliário da fundação. No ano passado, a car­teira de imóveis da Funcef, que representa 8% de seu patrimônio, rendeu 15,2%, um dos melhores desempenhos entre as fundações brasileiras.

O estudo da RiskOffice mostra que nem a carteira de imóveis nem as aplicações em renda fixa conseguiram superar o Certificado de Deposito Interfinanceiro (CDI). Dos planos de benefícios analisados, apenas 24% conseguiram bater o referencial. Segundo Marcelo Rabbat, responsável pelo estudo, a estratégia comum aos fundos que superaram o CDI foi uma maior alocação em papéis privados, como CDB, debêntures e os fundos de recebíveis. As debêntures, por exemplo, que representavam 39,2% da carteira de crédito privado das fundações em Janeiro, fechou o semestre com 41,3%.

Outro ativo que ganhou peso no primeiro semestre foi o CCB, que subiu de 0,86%, para 1,94%. Esses percentuais, avalia Rabbat, tendem a crescer ainda mais em um cenário de manutenção da queda dos juros. "Na carteira de renda fixa, estamos olhando ou­tros ativos, com os fundos de recebíveis", diz Rosa, da Previ.

Entre os títulos do governo, o levantamento da RiskOffice mostra uma forte queda da participação das Letras Financeiras do Tesouro (LFT), indexadas à variação da Selic. A fatia destes papéis caiu de 30,9% em janeiro para 24,2% em junho. Já o peso da NTN-B (papeis do governo indexados ao IPCA) su­biu de 15,6% para 23,9%.

Na Petros, que tem patrimônio de R$ 30 bilhões, dos quais 67% estão aplicados em renda fixa, os percentuais devem mudar. Com a queda dos juros, Pinheiro acha que esse percentual vai cair para a casa dos 60% no curto prazo. No fi­nal de 2002, a fundação dos petroleiros chegou a ter 75% das aplicações em renda fixa. Alem de CRI e fundos imobiliários, o dinheiro que ia para títulos públicos também deve ser redirecionado para investimentos em infra-estrutura, como as parcerias publica-privadas (PPPs), e para a renda variável.

Na bolsa, os fundos tiveram maior facilidade para superar o referencial. Segundo a RiskOffi­ce, 57% dos planos superaram a variação do Ibovespa no semes­tre e 44% a do IBrX-100. "Foi um semestre muito ruim, mas os fundos tiveram resultados bons, avalia Rabbat. Todas as carteiras analisadas superaram, com folga, a meta atuarial.
Autor: Assessoria de Imprensa Web


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