Líder: ame o seu liderado como a si mesmo



Essa é uma idéia de James Hunter, autor do livro “O Monge e o Executivo”, com a qual concordo integralmente. Ele conta que falar de amor em cursos de liderança geralmente provoca estranheza em algumas pessoas, especialmente executivos engravatados, que reagem com surpresa e até desconforto assim que ouvem esta afirmação pela primeira vez.

O conceito de amor que Hunter emprega, porém, é bem diferente do sentimento de paixão e romantismo que temos por nossos parceiros ou do afeto que sentimos por nossos filhos. O conceito a que se refere é o do amor universal, que, na liderança, se expressa pelo respeito e a consideração pelo outro, o interesse por seu bem-estar e o desejo autêntico de vê-lo feliz – um sentimento, como se vê, que se pode ter em relação a qualquer pessoa.
Na definição de James Hunter, amor é “o ato de se colocar à disposição dos outros, identificando e atendendo suas reais necessidades e sempre procurando o bem maior”. Ainda segundo o autor, esse conceito de amor está baseado em oito comportamentos que descrevo a seguir.
- Paciência – Ser paciente é ser capaz de manter o autocontrole em situações que vão contra a nossa vontade ou aquilo que consideramos correto. A paciência nos impede de ter uma explosão de raiva com o colaborador que comete um erro grosseiro ou faz tudo diferente do que o orientamos a fazer. Trata-se de uma qualidade, enfim, que nos ajuda a manter o equilíbrio e lidar de uma maneira mais racional com as situações adversas que encontramos.
- Gentileza – Ser gentil é dar atenção e demonstrações de consideração para com os outros. Atender prontamente o chamado de um colaborador que pede ajuda, ouvir com atenção o que ele nos diz e usar as palavras, ”por favor” e “obrigado” são maneiras de expressar gentileza e fazer a pessoa se sentir considerada.
- Humildade – Oposto da vaidade, da arrogância e do orgulho, a humildade nos faz compreender que não somos os donos da verdade, podemos falhar às vezes e não temos todas as respostas. Sobre os líderes humildes, Hunter diz: “Autênticos, eles não posam de sábios, estão sempre disponíveis e, de certa forma, vulneráveis, pois têm o ego sob controle e não se baseiam em ilusões de grandeza, acreditando ser indispensáveis para a empresa”.
- Respeito – Respeitar é reconhecer o valor dos outros. O fato de ocuparmos a posição de líderes não nos torna melhores do que nossos colaboradores nem os torna piores do que nós: todos somos seres humanos, dignos da mesma consideração. A melhor maneira de demonstrar respeito pelas capacidades dos outros, na visão de James Hunter, é delegar-lhes responsabilidades.
- Altruísmo – Trata-se da capacidade de atender as necessidades dos outros antes mesmo das suas. Ser altruísta é capaz de fazer sacrifícios e abrir mão de vantagens pessoais para obter benefícios para a equipe. Isso parece ingenuidade num mundo em que predomina a lógica individualista, mas não aos olhos dos colaboradores, que desenvolvem sentimentos de admiração e respeito por um líder altruísta.
- Perdão – Baseia-se na consciência de que as pessoas têm limitações e fraquezas, que erram e merecem uma chance de acertar. Se um líder não for capaz de perdoar o colaborador por seus deslizes, como poderá desenvolvê-lo? O perdão não é bonzinho nem faz vista grossa para o erro do colaborador, mas aponta o erro, exige reparação e não guarda ressentimento.
- Honestidade – Na liderança, a honestidade se manifesta pela atitude de falar a verdade, ser transparente, não enganar nem tentar manipular o colaborador. O líder honesto inspira confiança nos liderados, condição básica para criar um ambiente de trabalho saudável e favorável ao desenvolvimento das pessoas.

- Compromisso – Hunter define essa qualidade como “ser fiel à sua escolha”. O líder compromissado com o desenvolvimento de sua equipe toma decisões alinhadas com esse objetivo e jamais o perde de vista. O mesmo vale para outros objetivos, como alcançar os resultados estabelecidos para o setor, concluir projetos no prazo etc. “Os melhores líderes servidores são aqueles que assumem compromissos e os cumprem”, diz Hunter, acrescentando que um líder só tem autoridade moral para pedir comprometimento da equipe se ele próprio tiver esse comprometimento.
Aos que perguntam a James Hunter se o líder deve ser capaz de gostar mais das pessoas, ele responde que a maneira como se trata as pessoas é mais importante que os sentimentos que se tem por elas. “Muita gente questiona se é possível simular o comportamento amoroso. Minha resposta é que não se deve preocupar com o sentimento, e sim praticar os comportamentos do amor”.
Ricardo Piovan - Palestrante e Coach Organizacional
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Autor: Ricardo Piovan


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