As Novas Tendências do Evangelicalismo Moderno: um autêntico movimento do Espírito?



No dia 29 de dezembro de 2009, o programa “Vejam Só”, da Rede Rit de televisão apresentou um debate acerca do surgimento das novas igrejas em torno da seguinte questão: “A diversidade cristã ajuda ou atrapalha na pregação do evangelho?”. Ao fim do programa, o resultado da pesquisa on-line foi para mim surpreendente: 55% dos telespectadores entenderam que a diversidade ajuda, enquanto que 45% deles entenderam que essa diversidade, de fato atrapalha na pregação do evangelho. Isso me fez pensar um pouco mais sobre o assunto.

Comecemos com a questão da “diversidade”. De fato, a proliferação desenfreada de novas seitas e igrejas tem sido algo notável no seio do Cristianismo, isso, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Entretanto, podemos afirmar que esse fenômeno não é novo. Nos dias de Jesus, como sabemos, a religiosidade judaica se encontrava de fato muito diversificada: havia diversos partidos, cada um com sua liguagem e pensamento diferenciado, como o dos legalistas fariseus, o dos liberais saduceus, o dos alienados essênios, bem como o dos políticos zelotes, entre outros. E essa dita diversidade, que mais dividia que reunia, não agradou a Jesus, como se nota de modo claro, nos Evangelhos. Ele mesmo disse, em certo momento, que Sua obra redentiva se relacionava diretamente àquela profecia de Ez 34:23 e ao anúncio acerca de um tempo em que Deus mesmo suscitaria “um Pastor” para as ovelhas da casa de Israel. À luz dessa profecia, Jesus anunciou que Sua voz reuniria suas ovelhas dispersas, a fim de que houvesse apenas um rebanho e um Pastor (Jo 10:16). E embora essa busca fosse uma constante do ministério de Jesus, Ele admitiu que esse Seu projeto culminou em desastre perante a liderança religiosa de Jerusalém. Ao fim de Seu ministério, com lágrimas, lamentou o fato de que embora tivesse buscado reunir seu povo como uma galinha faz a seus filhotes debaixo de suas asas, esse Seu programa foi rejeitado por eles (Lc 19:41-44).

Porém, a rejeição de Israel não frustrou o projeto de Deus, em Cristo. O apóstolo Paulo viu seu cumprimento em seus dias, quando disse aos da Galácia que através da obra de Cristo na cruz, Deus intentou a criação de uma comunidade única, composta de judeus e não-judeus, na qual todo tipo de traço racial, cerimonial e cúltico que separava foi lançado ao chão, pois, à sombra da cruz, “dessarte, não pode[ria] haver judeu nem grego...pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:28). Isso porque, como ele também disse aos de Éfeso, aquela parede (ou muro) que dividia foi derribada, a fim de que por meio de Cristo, fosse criado “um só corpo com Deus” (Ef 2:16).

A esta altura podemos comentar que Paulo não era completamente contrário à idéia da “diversidade”. Isso se vê de modo claro em sua Primeira Carta aos de Corinto, quando dizia de dons que são “diversos”, de “diversidade nos serviços” e “diversidade nas realizações” (1Co 12:4-6), num corpo no qual todos são “individualmente, membros desse corpo”. Todavia, embora admitisse essa diversidade de indivíduos, ministérios, dons e serviços no corpo do Senhor, ele entendia que Jesus, no que se relaciona a Fé, por meio de Sua obra buscou a unidade da Fé: “há somente um corpo” e “uma só fé” (Ef 4:4,5), diz-nos Paulo.

Que somos diversos, notamos também desde os dias da Reforma. Enquanto a mensagem da salvação pela fé ecoava na Alemanha por meio de Lutero, em muitos outros lugares, outras ênfases eram acrescentadas, formando novas comunidades. A cada descoberta da Palavra de Deus, novos grupos se formavam, como o dos Puritanos, na Inglaterra, o dos Anabatistas, na Suíça e o Presbiterianismo de Calvino e John Knox que alcançou a Escócia. Mas um elemento destacado nesse processo era a centralidade da Escritura. Os Reformadores eram homens comuns, mas amavam acima de tudo, a verdade da Palavra de Deus. Eram homens de fé, que buscavam acima de tudo conhecer e anunciar a Palavra de Deus.

Contudo uma notável diversidade de Fé de tem sido percebida de um modo novo, no movimento cristão atual, desde a segunda metade do século vinte. No Brasil, especialmente depois de um período de prodigiosa expansão missionária das igrejas chamadas Históricas (refiro-me àquelas oriundas da Reforma do século dezesseis e do Grande Despertamento do século dezenove), o surgimento de igrejas chamadas “independentes” tem sido fortemente destacado. Juntamente com esse fenômeno de expansão das “novas igrejas” (se é que se pode dar este título a elas; “novos movimentos” talvez seja o termo mais correto), também novos líderes têm-se levantado, arrogando para si mesmos títulos que estabelecem linhas de autoridade, como Bispos, Pastores e Apóstolos. A cada dia, o evangelismo televisivo exibe novos líderes, atraindo para si mesmos, um sem-número de seguidores. Pois como em Atenas, há em nossos dias, aqueles que não cuidam de outra coisa senão “dizer ou ouvir as últimas novidades” (At 16:21).

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Autor: claudio soares sampaio


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