Pão e circo



É fato que o Brasil vem se desenvolvendo de maneira acelerada e surpreendente em vários setores da economia, obtendo inclusive um certo destaque internacional. O país escapou quase que ileso da crise mundial, (pelo menos é isso que o governo está divulgando na imprensa), as exportações bateram recordes, os investimentos estrangeiros estão crescendo, o exército Brasileiro está em missão de paz no Haiti, país recentemente devastado por um terremoto, somos os líderes do continente, enfim, estamos caminhando a passos largos rumo ao tão sonhado “primeiro mundo”.
Em meio a tantas notícias animadoras sobre a pátria amada, (estou referindo-me ao âmbito global e superficial), nós Brasileiros convivemos com uma realidade interna totalmente oposta a esta, e que muitas vezes passa despercebida aos olhos da comunidade internacional.
A saúde pública é um caos, a segurança esta tão debilitada, que já não parecem existir meios para que ocorram mudanças na lastimável situação em que se encontra, o transporte público é precário, nossos governantes estão cada vez mais corruptos, utilizam novas técnicas de manipulação todos os dias.
Não é possível! Deve existir alguém que ministre cursos de corrupção, lavagem de dinheiro e nepotismo aos nossos políticos, tenho a certeza que todos eles concluíram o mestrado nessa área.
Boa parte da população vive na miséria, apesar de existirem mais de um milhão de programas do governo para erradicar este mal. Ainda existe um grande número de Brasileiros analfabetos, a educação, uma das mais importantes áreas para que um país alcance o desenvolvimento, está em situação lamentável. Nossos professores são mal remunerados, não há capacitação necessária, em alguns casos, um professor do ensino médio deveria estar dando aula para o ensino fundamental. Nossas escolas estão caindo aos pedaços, nossos jovens não dispõem do mínimo de estrutura necessária para realizar seus estudos, o transporte escolar é horrível e ineficiente, muitas vezes inexistente. A situação é crítica.
Estamos ainda no tempo do “pão e circo”, esquecemos aquela notícia trágica, ou daquele político corrupto, (Fernando Collor de Mello é senador da república, e dizem as más línguas que ele pretende suceder Luiz Inácio da Silva, o Lula, na presidência da república), com o simples fato de que o Brasil vai sediar uma copa do mundo e uma olimpíada. Ficamos extasiados com tanta euforia, nossos problemas de saúde, segurança e educação irão melhorar da noite para o dia, e se tornar excelência no mundo todo, será?
Concordo que eventos desta magnitude, só engrandecem a nação, mas usá-los e difundi-los como a cura de todos os males, pode ser considerado uma ofensa aos Brasileiros que possuem o mínimo de conhecimento. O México já sediou por duas vezes a copa do mundo, e ainda assim não figura como um país do primeiro escalão da economia mundial, e assim como o Brasil, sua população não possui uma boa educação, saúde e segurança, há uma elevada desigualdade social.
Esta cultura de “embriaguez e amnésia” diante dos fatos mais chocantes e revoltantes da nossa sociedade, não é exclusividade nossa, foram nossos irmãos europeus, mais precisamente os imperadores da Roma antiga, que nos ensinaram. Gostamos de pensar em coisas positivas e esquecer as negativas. Quais as consequências?
A história nos ensina que devemos aprender com os erros, para não os cometermos novamente. Parece que o povo Brasileiro esqueceu de uma vez por todas esta belíssima lição, e continuamos levando “bola nas costas”, ano após ano.
Este problema parece ser crônico, estar enraizado. Enquanto outros países descobrem a verdadeira essência do desenvolvimento e consequentemente aprendem com a história, o Brasil está vivendo na era medieval do pensamento, e, no momento, sem esperanças de alcançar o tão sonhado iluminismo. Vamos comemorar nossas conquistas internacionais, sejam elas no esporte ou na economia, mas não podemos esquecer a realidade dos nossos lares, que precisam de alegria, mas também precisam conviver com a verdade, por mais dura e cruel que ela seja, para que num futuro próximo, possamos também aprender com a história. Minha mãe sempre me diz: “meu filho, você precisa ser um homem limpo, de caráter, sendo bonito por dentro, conseqüentemente será também por fora”. Trocando em miúdos, vamos arrumar a casa aqui dentro Brasil, e o tão sonhado desenvolvimento, e o respeito internacional virão naturalmente com o tempo.
Autor: Douglas Della Giustina Saiber


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