Um multimercado para cada tipo de investidor



Gazeta Mercantil
12 de março de 2007

Aplicação atrai por sua diversificação e pela rentabilidade, mas carrega o risco da fatia em ações

Os especialistas são unânimes em afirmar que os fundos multimercados são a grande aposta deste ano, inclusive para o investidor pessoa física que procura rentabilidades melhores que as dos fundos de renda fixa de DI.

Os fundos multimercados se caracterizam por buscar ganhos em diversos mercados, como renda fixa, renda variável, commodities e mercado de derivados, entre outros. A questão é saber qual o fundo multimercado mais interessante para cada perfil de investidor. Há quatro estilos de gestão que diferem estes fundos, os do tipo macro, os equity hedge, os de trading e os de arbitragem. Estas estratégias diferenciadas definirão, assim como a postura adotada pelo gestor, um melhor ou pior desempenho do fundo.

A estratégia macro é a mais tradicional e tenta antecipar cenários macroeconômicos. Os fundos trading trabalham com operações de prazo de maturação menor, eles também utilizam a análise macroeconômica, mas, devido ao estilo dos gestores, a montagem e reversão de posições são mais rápidas.

Já os fundos de arbitragem apostam nas diferenças entre preços de ativos em diferentes mercados, utilizam quesitos quantitativos, baseados em modelos matemáticos e estatística para decidirem sobre quando e quais posições serão assumidas.

E os fundos equity hedge combinam posições embasadas em arbitragem de preços (quantitativas), e posições embasadas em avaliações fundamentais.

“Tem muita gente que não sabe no que está investindo”, alerta Gustavo Coelho, responsável pela área de alocação da Arsenal Investimentos, companhia que desenvolveu um índice para dar parâmetro ao investidos de desempenho dos fundos multimercados. “Cada uma destas estratégias devem ser avaliadas de acordo com o cenário.”

Em um cenário bem fundamentado e sem viso de mudança de longo prazo, a categoria macro tende a se sair melhor. Quando o mercado está indefinido, mais ligado a notícias de curto prazo, o desempenho da categoria trading se sobressai. Se a volatilidade aumenta e há uma indefinição no mercado, os fundos de arbitragem são os mais indicados. E em um ambiente de expectativa de valorização dos ativos vinculados à renda variável, os fundos equity hedge tendem a levar vantagem. O tamanho do ganho dependerá da competência do gestor.

“È importante que o investidor varie e não aposte 100% dos recursos na mesma estratégia. O melhor é trabalhar com diversificação, dividindo a alocação entre estratégias diferentes e entre gestores da mesma estratégia”, afirma Coelho.

O Banco UBS Pactual e a consultoria Risk Office também desenvolveram índices para o acompanhamento dos multimercados. O Índice de Fundos Multimercados (IFMM), do Pactual, busca englobar uma parcela representativa do segmento (cerca de 75% do volume total), descontados os fundos de cotas. Já o Índice de Fundos Multimercados (IFM), agrupa os fundos de acordo com a volatilidade.

Alavancagem

Outro dado importante a se considerar quando do investimento em fundo é o da alavancagem, que é intensidade com a qual a carteira do fundo faz uso de recursos de terceiros para atingir determinado nível de risco e rentabilidade. Com a alavancagem ampliam-se as variações de rentabilidade resultantes de oscilações gerais dos preços dos títulos no mercado.

O uso de recursos de terceiros permite ao administrador da carteira reduzir o montante de recursos dos cotistas aplicado na montagem de certo nível de patrimônio para o fundo. Ou seja, com a alavancagem o fundo aplica mais dinheiro do que possui e este dinheiro de terceiros é remunerado, como se fosse um empréstimo, por uma taxa de juros predeterminada.

Quando os recursos captados são aplicados com rentabilidade superior a esse juro, a diferença positiva fica integralmente com o investidor que os aplicou.

Celetem lança crédito pelo caixa eletrônico

Em poucos meses, o espanhol poderá sacar um empréstimo direto no caixa eletrônico. Esta é a novidade que a financeira francesa Celetem está lançando na Espanha para aumentar sua participação no concorrido mercado daquele país. A iniciativa vem num momento em que o crédito ao consumidor no país cresce num ritmo acelerado de € 1 bilhão ao mês. A Espanha será o primeiro país da Europa a ter este serviço, que atualmente só está disponível nos Estados Unidos.

A concessão do empréstimo funcionará nos moldes dos caixas de bilhetes de ônibus e passagens de trem disponíveis em aeroportos e estações. Após a compra, o cliente deverá passar num posto administrativo da empresa para confirmar sua identidade, dados bancários e assinar o contrato.

A Celetem está em negociações com potenciais parceiros para instalar as máquinas em quiosques de centros comerciais. O projeto é colocá-los em operação no primeiro semestre deste ano. A iniciativa se soma ao fenômeno de “banalização” do crédito ao consumidor na Espanha. A Celetem quer aumentar a sua participação no mercado de concessão de crédito, que já conta com a forte presença de grandes bancos e grupos estrangeiros como General Eletric e Laser-Banco Sygma. Para isso, busca alianças com outras financeiras e seguradoras.

Aprendizado vem com as crises

A crise desencadeada no último dia 27 pela forte queda na Bolsa de Xangai, que repercutiu nos mercados de todo o mundo, inclusive no Brasil, foi uma prova de fogo para os estreantes em renda variável, entre eles, os investidores em multimercados. “As ações caíram, mas estão se recuperando porque o mercado percebeu que o temos que provocou a crise, a possibilidade de desaceleração da economia dos Estados Unidos, foi até certo ponto, descartado”, disse Gustavo Coelho, da Arsenal Investimentos.

“Vendemos multimercados desde o final de 2001 para o varejo e ao longo deste tempo já passamos pelos mais diversos cenários”, comentou Márcio Appel, superintendente do Santander Banespa Asset Management. “Nosso cliente já está mais acostumado e sabe que tem momentos ruins e bons e ganha-se ao longo do tempo.”
Para Marcos Villanova, diretor de Investimentos do Bradesco, o investidor está se adaptando ao novo momento do País, que exige uma atitude mais ativa. “Agora ele tem que se exercitar um pouco e procurar um suporte de consultoria na sua instituição de consultoria na sua instituição financeira, não há outra opção para se aumentar a rentabilidade se não o multimercado.”

*A RiskOffice é dirigida também por Marcelo Rabbat, economista especializado em gestão de riscos de crédito e de mercado
Autor: Assessoria de Imprensa Web


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