Muito além do pregão



Correio Braziliense
Maio de 2007

O mercado de capitais é boa opção para a empresa crescer e para o investidor diversificar suas aplicações

Quando ouve falar em mercado de capitais, muita gente logo pensa em investimento em ações. Mas o mercado de capitais vai muito além do pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), palco de consecutivos recordes de valorização nos últimos anos. Esse mercado reúne uma penca de instrumentos financeiros, que nos últimos anos, se transformaram em importantes fontes de poupança, para o financiamento a empresas e em boas oportunidades de ganhos para os investidores. “È um casamento perfeito, entre poupança e investimento, que faz do mercado de capitais um braço fundamental para o crescimento econômico do país”, resume o economista chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal.

É no mercado de capitais que boa parte das companhias brasileiras têm buscado os recursos necessários para tocas seus projetos de expansão e de modernização, sem recorrer a ajuda do governo que sempre fez a festa dos empresários menos eficientes. Desde 2003, calcula o presidente da Comissão Nacional das Bolsas (CNB), Carlos Reis, as empresas captam cerca de R$ 500 bilhões por meio de todos os instrumentos disponíveis, os denominados valores mobiliários. A forma mais conhecidas para as companhias recolherem o dinheiro de que precisam é o lançamento de ações.

Esse lançamento se dá de três formas. A primeira, por meio da abertura de capital de uma empresa que nunca esteve na bolsa de valores. Essa companhia vai à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador e fiscalizador do mercado, e pede autorização para buscar acionistas. Para isso, separa parte de seu capital constituído de ações e vende os papéis por meio de uma oferta pública, de forma que todos os investidores tenham oportunidades iguais de comprá-los.

Se a empresa já for aberta, ela pode fazer um aumento de capital de R$ 1 milhão para R$1,5 milhão, por exemplo. A diferença de ações, no valor de R$ 500 mil, é vendida no mercado, também por meio de uma oferta pública. Tanto nesse caso como no de abertura de capital (conhecido pela expressão em inglês Initial Public Offer – IPO), as emissões de ações são chamadas de primárias, pois é a primeira vez que entram no mercado. A terceira forma de captar recursos com ações é vendendo parte do capital que pertence aos controladores das companhias. Nesse caso a emissão é secundária, pois as ações já existem, e o dinheiro captado com a venda dos títulos podem ir para o caixa da empresa ou para o bolso de seus donos.

Long dos bancos

Com a inovação tecnológica e a difusão da informática, o mercado de capitais se sofisticou muito, ressalta o professor Carlos Antonio Rocca, sócio da RiskOffice Consultoria* e um dos maiores especialistas no assunto. “Foram criados muitos produtos para que as empresas passem se financiar”, ressalta. Há as tradicionais debêntures e as commercial papers, que pagam rendimentos fixos acertados no ato dos lançamentos dos títulos, e instrumentos pouco conhecidos mas eficientes, como os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). “Os investidores que entram nos FIDCs ou compram CRIs não têm do reclamar. Os ganhos vê sendo compensadores”, reconhece. Manoel Costa Macedo, diretor superintendente do Ceres, fundo de pensão dos empregados da Embrapa.

Os fundos de pensão, por sinal, têm se tornado investidores cada vez mais ativos no mercado de capitais. “Com as taxas de juros em baixa e a obrigação de manter o patrimônio rentável o suficiente para garantir a aposentadoria de seus participantes, os fundos de pensão estão mais dispostos a encarar os riscos inerentes ao mercado de capitais”, destaca Macedo. “A vantagem para as fundações e para os demais investidores é que o mercado está mais transparente”, assinala o professor Rocca. “A segurança jurídica é grande e o governo ajudou ao reduzir os custos de transação dos valores mobiliários, isentando as operações de compra e venda desses ativos do pagamento da CPMF”, acrescenta.

A estabilidade econômica também é responsável pelo crescimento do mercado de capitais. Ao olhar para o futuro, os investidores têm a clara noção se o que estão comprando vai lhes trazer os ganhos esperados. Com o mercado fortalecido, as companhias estão preferindo lançar ações, debêntures ou CRIs em vez de recorrerem a empréstimos bancários.

Mesmo as medias e pequenas empresas vêm sendo beneficiadas com a disposição dos investidores em encarar riscos. Os fundos de private equity, que compram parte do capital dessas companhias para ampliá-las e depois lançá-las no mercado, já detém patrimônio superior a R$ 7 bilhões.

*Na Risk Office, um dos diretores é Marcelo Rabbat, que também é sócio da PR&A Consultoria. Rabbat é consultor de investimentos especializado em risco de crédito e risco de mercado.
Autor: Assessoria de Imprensa Web


Artigos Relacionados


Mercado De Dívida Privada Vive Boom No País

Fundação Compra 2%das Ações Novas

Investidores Institucionais: Diversificação é Inevitável

A Palavra Investir Esta Cada Vez Mais Na Mente Dos Brasileiros

Xerife Põe Ordem Na Casa

Novos Mecanismos De Financiamento Do Agronegócio E Oportunidade De Investimento

As Vantagens E Os Riscos Dos Investimentos Alternativos