Parcela no exterior pode trazer riscos



VALOR ECONOMICO RISKOFFICE
EU & INVESTIMENTOS - 08 DE MAIO DE 2007

O Banco Central (BC) regulamentou na semana passada o investimento de fundos no exterior, complementando a Instrução 450 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que permitiu aos fun­dos ter 10% aplicados lá fora e os multimercados, 20%. Muitos gestores já se movimentam para criar carteiras desse tipo ou adaptar fundos já existentes, o que precisará ser feito após aprovação em assembléia. "A tendência é que sejam criados fundos novos com a aplicação no exterior", diz Robert John van Dijk, superintendente da Bradesco Asset Management. A adaptação de fundos antigos ficaria res­trita as carteiras mais agressivas, como os multimercados, ou para clientes de private bank, acredita.

A autorização para investir no exterior vai abrir um horizonte enorme para o setor de fundos, ajudando na diversificação, afirma Fernando Lovisotto, da consultoria RiskOffice*. "O gestor poderá fazer novas operações e procurar mais ativos, aqui nós temos meia dúzia de opções, lá são mais de 50", explica. O problema, alerta, é a transformação dos fundos atuais em carteiras que aplicam no exte­rior. "O fato é que os fundos vão ter de fazer assembléia de cotistas e ninguém vai", afirma ele, criticando as cartas de convocação das reuniões “que não falam claramente o que vai ser discutido".

Para Lovisotto, vários fundos vão comprar papéis no exterior sem avisar os cotistas sobre o que estão comprando. "E a análise desses investimentos não é fácil, vamos passar por período de acomodação até que o gestor daqui aprenda a avaliar o preço atrativo no exterior", diz ele. Outro risco é de instituições procurarem dar prioridade a fundos da própria casa no exterior para aplicar e isso levar a um aumento dos custos de gestão via taxas de administração. "E os fundos que mudarem devem também perder a série histórica e, com isso, será mais difícil analisar o desempenho das carteiras", afirma ele. "Isso abre caminho para coisas ruins, como aplicação onde o gestor não sabe operar ou negociação de rebates de taxas de administração de interesse do ges­tor e não do investidor", alerta.

Lovisotto diz que a mudança é importante e que a atenção do investidor tem de ser grande. "É preciso saber se o gestor sabe aplicar lá fora e, se sabe, se tem estrutura, quais são os custos e os produtos onde ele esta atuando e depois verificar como fica a nova relação risco-retorno", diz.

*A RiskOffice tem como sócio Marcelo Rabbat, diretor também da PR&A Consultoria e especializado em risco de crédito e de mercado
Autor: Assessoria de Imprensa Web


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