Metade dos planos investe em cotas de multimercado
FINANÇAS 10 DE SETEMBRO DE 2007
Fundações ampliam os investimentos em renda variável e montante pode dobrar até 2008
Os fundos de pensão devem repetir neste ano o bom desempenho que apresentaram em termos de rentabilidade no ano passado. Estudo da consultoria RiskOffice* a que praticamente todas as entidades já atingiram a meta anual até julho, com rentabilidade média acumulada de 10,08%.
O levantamento, que levou em conta 145 planos, mostra ainda que boa parte desse resultado se deve à ampliação dos investimentos em renda variável. O caminho preferencial tem sido os fundos multimercado. Mais da metade deles (51%) já investe em fundos multimercado, com alocação média dos recursos garantidores em 22%.
“Os fundos de pensão estão reduzindo a parcela atrelada ao CDI e tomando mais riscos", avalia o sócio-diretor da consultoria, Fernando Lovisotto.
Nem mesmo a recente turbulência internacional, provocada por uma alta na inadimplência no mercado de crédito imobiliário de segunda linha nos Estados Unidos, reduziu essa tendência, diz Lovisotto. "Em agosto, enquanto o rendimento da Bovespa foi nulo, muitos fundos tiveram ganhos de até 10%".
A queda nas taxas de juros contribui para essa migração. Há dois anos o Banco Central mantém a distensão da política monetária. Nesse período, a taxa básica de juros caiu de 19,75%, em setembro de 2005, para os atuais 11,25%. Com isso, o rendimento real dos títulos públicos começa a ficar próximo das metas dos fundos de pensão (na faixa de 6% mais a variação de algum índice inflacionário).
Lovisotto estima que até o fim do próximo ano os fundos devem elevar a parcela de ações de 16% para 30%. Ele lembra ainda que muitos títulos que estão nas carteiras das fundações (que somam quase R$ 30 bilhões) vencem entre 2008 e 2009. “Isso depende da velocidade da queda dos juros", pondera.
Os bons resultados não são fruto apenas dos investimentos em ações. Em recente entrevista ao Valor, o presidente da Fundação Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários de Furnas, Sérgio Wilson Fontes, avaliou que o primeiro semestre foi o melhor da história da entidade, com 15,73% de ganhos. Apesar de a bolsa ter tido bom desempenho, o ganho foi puxado pela renda fixa, disse o diretor.
Os títulos de longo prazo atrelados aos índices de inflação, principalmente NTN-B, ajudaram a carteira de renda fixa a ter variação positiva de 14,99%.
Com o resultado total obtido, a fundação alcançou um superávit acumulado de RS 1,2 bilhão e tem agora um ativo líquido de R$ 6,5 bilhões. Segundo Fontes, a fundação conseguiu bater com folga a meta atuarial, fixada em INPC mais 6%, que foi de 5,2% no semestre, e também o CDI, que variou 6% no período.
Outros fundos também tiveram boa rentabilidade em renda lixa, como a Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal, cujo ganho foi de 11,06% com títulos, e a Fundação Eletrobrás de Seguridade Social (Eletros), com 11,34% de rentabilidade na renda fixa no primeiro semestre.
Além disso, os investimentos em fundos enfrentam algumas resistências. Em maio, o Conselho Monetário Nacional (Resolução 3456) autorizou a alocação de até 3% dos ativos dos fundos de pensão em fundos multimercado que realizem day-trade (operação de compra e venda no mesmo dia) e que fiquem alavancados. Problemas na cobrança desses fundos multimercado, no entanto, como a taxa de performance vinculada ao CDI, têm limitado a alocação neste tipo de investimento.
Outra possibilidade de investimento são as debêntures. Lovisotto acredita que as dificuldades de captação por parte das empresas no mercado externo devido à crise de liquidez pode estimular o mercado de emissão de dívida no mercado interno e que os fundos de pensão estão de olho nesse mercado. Ele ressalta, no entanto, que para os fundos o ideal é que a correção dos papéis seja pelo IPCA, devido à trajetória de queda da Selic.
Fundos associativos podem dobrar os participantes
De São Paulo
O primeiro fundo de pensão de vínculo associativo (ligados a entidades de classe), o OAB Previ, dos advogados, completa três anos e já conta com mais de 20 mil associados. A expectativa é de encerrar o próximo ano com mais de 45 mil participantes para poder se tornar em 2010 o maior fundo do País, superando o Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos (Postalis), que conta hoje com 95 mil.
A avaliação é do diretor da OABPrev de Minas Gerais, Roberto Perecini. Ele explica que esta meta não é tão ambiciosa levando-se em conta que existem hoje cerca de 600 mil advogados no Brasil e que a cada ano outros 30 mil bacharéis saem das mais de mil faculdades existentes.
A seccional mineira existe há mais tempo, desde 1999, com o nome de Iasaminas, tendo se tornado associativa em novembro de 2004. Ela abrange outros Estados, a exemplo das outras sedes. Em Minas, os ativos superam os R$ 12 milhões. Santa Catarina, o primeiro plano da OAB, administra quase R$ 20 milhões. Existem outras seis seccionais que juntas administram mais de R$ 100 milhões, sendo o maior na OABPrev do Rio de Janeiro.
Este novo segmento de previdência complementar associativa implementado apenas em 2004, permitiu a instituição de fundos para participantes sem vinculo empregatício. Entidades de classes, como a Fecomércio, e associações de profissionais, como médico e engenheiros, já lançaram fundações semelhantes. Os dentistas, por exemplo, contam com o fundo APCDPrev, instituído pela Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD).
Esta é a grande aposta do setor para ampliar cada vez mais o número de associados. Hoje, são 33 fundos operando, com cerca de 100 mil participantes e ativos superiores a R$ 100 milhões, segundo dados da Secretaria de Previdência Complementar (SPC).
Estimativas otimistas dão conta que o total de participantes pode atingir 4 milhões. Hoje, em todos os fundos de pensão, estima-se que existam quase 2 milhões de contribuintes. O potencial, portanto, é de dobrar o número de pessoas.
Um dos trunfos é a migração de patrimônio da previdência tradicional, lembra outro diretor da OABPrevi-MG, Leonardo Quites. Segundo ele, enquanto as taxas dos planos privados de PGBL giram em torno de 1,5% até 4%, o fundo da OAB cobra apenas 0,2% ao ano dos participantes.
*A RiskOffice tem como um dos diretores Marcelo Rabbat, consultor de investimentos especializado em gestão de risco de crédito e de mercado. Rabbat também é sócio da PR&A Consultoria.
Autor: Assessoria de Imprensa Web
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