Tempo para pensar na vida



Alguém pode lhe perguntar, ao vê-lo(a) pensativo(a): "O que foi, está assim sem fazer nada... está pensando na vida?".

Se a resposta for positiva, que bom! Precisamos, uma vez ou outra, parar tudo o que estamos fazendo para pensar um pouco sobre a vida. Só pensando, analisando algo a fundo podemos perceber o que está bom, o que está ruim, o que precisa ser mantido e o que precisa ser mudado.

Já ouvi pessoas dizerem "Nossa, nem tenho tempo de me sentir solitário(a)/pensar nos meus problemas/me sentir triste, é tanta coisa para fazer...". Sinceramente, isso me deixa um pouco chateado. Precisamos ter tempo para pensar em como estamos vivendo. Se você não se permite ter esse tempo, que pode ter uma duração variável, muito provavelmente está "no automático", deixando as coisas acontecerem sem ter muito controle sobre elas nem perceber se está tudo bem ou não.

Essa falta de tempo para pensar na própria existência pode acontecer por não se dar conta de que isso realmente é importante ou então ser algo proposital: você não se permite ter momentos para pensar em sua vida porque sabe que muita coisa não está bem, há muito para ser modificado, então melhor não pensar, pois isso poderia deixá-lo(a) triste; perceber isso também significaria precisar mudar pensamentos e atitudes, e isso dá trabalho, dá medo. Melhor deixar como está e ir levando, sem pensar muito no assunto...

O problema é que, se deixamos o barco correr, sem darmos a ele uma direção que seja favorável a nós, ele pode nos levar a destinos que nem de longe seriam os melhores para nós. Então, chegando lá, qual seria a atitude? Novamente não pensar no assunto e deixar o barco ir de novo sem destino? Dizer que o tempo passa seria uma justificativa para não agir assim. Claro, para algumas coisas o tempo passa, chances são perdidas, não voltam nunca mais. Porém, para muito sempre haverá novas oportunidades, se não exatamente iguais, parecidas. Creio que até o último dia de nossas vidas podemos fazer e conquistar bastante, externa ou internamente, em diferentes aspectos. O grande problema de deixar a vida passando sem que tenhamos consciência é que, ao sermos levados por ela para rumos não planejados, corremos o risco de ir perdendo a força de vida, a esperança, a fé em nós mesmos. Vai-se indo cada vez mais para longe do que nos faria bem, não se é autor da própria história, isso gera insatisfação, tristeza até. Aí culpa-se a vida. Como ela é injusta, ruim. Tornamo-nos amargos e descrentes, com a tendência de cada vez mais evitar tomar consciência de nossas vidas para não sofremos. E a espiral vai crescendo e nos puxando para o fundo.

O que precisa ser feito, num caso assim, é parar um pouco e se perguntar: o que tenho feito de minha vida, o que tenho feito de/para mim? As coisas estão como quero, estão da melhor maneira possível? Vai ser estranho, vai dar medo, vai dar uma sensação de desorientação, impotência, raiva até. Mas isso deve ser aproveitado, esse movimento de indignação inicial, para que se promovam mudanças positivas que venham nos fazer viver melhor, ser melhores, ter mais alegria e prazer na vida. Nada de parar para pensar na vida, ver que muito está errado e desistir, permanecendo na inércia. Se você já decidiu encarar sua existência de peito e mente abertos, continue tendo essa coragem e arrume o que não está direito, com certeza terá muitas vitórias e satisfações.

O medo de enfrentar uma situação ou de mudar não pode fazer com que deixemos a vida ir ao léu. Mesmo que num primeiro momento doa, precisamos encarar os fatos e a nós mesmos para decidirmos por rumos melhores. E pode nem ser tão difícil assim mudar, muitas vezes as soluções são simples, estão diante de nossos próprios olhos, mas se não nos dermos a chance de parar e pensar não conseguiremos encontrá-las.

Não fujamos de nós mesmos e de nossas vidas. Afinal, isso é tudo que realmente temos e se não cuidarmos com carinho, quem o fará? Só eu posso saber o que realmente é melhor para mim. Não inventemos falta de tempo, problemas, e se realmente os tivermos arranjemos uma brecha para regularmente refletirmos sobre como as coisas vão indo dentro e fora de nós. Sem tornar isso uma obsessão nem uma avalanche de pensamentos que acabam mais por confundir do que ajudar e tendem a levar à inatividade e frustração, mas usando a razão e a emoção para concluirmos a melhor forma de prosseguir.
Autor: Marcus Facciollo


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