Atenuação de protetores auditivos: O “método longo” é confiável?



Há vantagem em realizar o cálculo da atenuação do protetor auditivo pelo método longo considerando os níveis de ruído colhidos por meio de decibelímetros?

A realização de dosimetrias de ruído por meio do aparelho medidor integrador de uso pessoal (dosímetro) deverá ser privilegiada em relação às medições realizadas por meio do aparelho medidor de leitura instantânea (decibelímetro). Medições pontuais, com decibelímetro, podem ser realizadas apenas se o trabalhador desenvolve suas atividades fixo num local, sem a necessidade de se movimentar, operando uma máquina que produza ruído sem variação em suas intensidades ou com variação menor que +3 dB(A), medidos na zona auditiva do trabalhador. Zona auditiva é a região do espaço compreendida entre 5 e 15 centímetros de distância do pavilhão auditivo do trabalhador. As medições com dosímetros são mais confiáveis do que as medições com decibelímetros. Mesmo para níveis de ruído aferidos na boca da fonte, há variações significativas, o que inviabiliza a utilização desse tipo de aparelho.

Para cálculo de atenuações de protetores auditivos existem dois métodos: O método longo, que considera os níveis de ruído medidos por bandas de oitava e o método curto, que considera apenas um único número: o NRRsf. Enquanto o cálculo da atenuação pelo método longo apresenta uma confiabilidade de 98% pelo método curto apresenta confiabilidade de apenas 84%.

Temos aí um paradigma: Há vantagem em realizar o cálculo da atenuação do protetor auditivo pelo método longo considerando os dados de ruído por bandas de oitava colhidos por meio de aparelho decibelímetro em detrimento a utilização do método curto com uso do aparelho dosímetro?

Sabemos da imprecisão desse tipo de aparelho. Mesmo os dotados por filtros de bandas de oitava não há confiabilidade nos níveis de ruído indicados no visor. Os níveis de ruído capturados por bandas de oitava não correspondem aos níveis reais de exposição dos trabalhadores.

Creio não haver vantagem alguma na utilização do método longo, exceto, se realizado por meio de aparelho dosímetro dotado por filtro de bandas de oitava. O que se ganha em confiabilidade na atenuação do protetor auricular se perde no cômputo dos valores de ruído indicados pelo aparelho.

O problema maior esbarra no custo desses aparelhos. Enquanto um decibelímetro comum custa em média R$ 400,00 reais, o dotado por filtros de bandas de oitava custa em média R$ 10.000,00. Recentemente, foi lançado no mercado brasileiro um dosímetro dotado por filtros de oitava. Com esse aparelho acredito haver confiabilidade no método longo.


Gostaria que os colegas e especialistas da área comentassem esse artigo, contribuindo com críticas, sugestões e esclarecimentos, levando-se em conta o alto investimento demandado nesse tipo de análise, que deverá ser justificado também por uma alta confiabilidade nos resultados.
Autor: Heitor Borba


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