O QUE DETERMINA AS MUDANÇAS HISTÓRICAS DE UMA LÍNGUA



O QUE DETERMINA AS MUDANÇAS HISTÓRICAS DE UMA LÍNGUA.


Assim é que, atravessando “mares nunca de antes navegados”, “penetraram tudo o que o Mar Oceano cerca e consigo levaram sua língua”.
(HAUY, 1989)

A língua é o instrumento de comunicação humana que muda com o passar do tempo, mas especificamente, não constituem realidades estáticas; ao contrário, sua configuração estrutural se altera progressivamente no tempo, no lugar e espaço.

Neste ínterim acontece um processo pelo qual uma língua viva não estagna, mas evolui, acompanhando o evoluir da sociedade que a utiliza, sofrendo influência de outros falares, culturas e povos constituindo-se em evoluções divergentes, na história dos povos.

As mudanças linguísticas encontram-se intrinsecamente ligadas por um complexo jogo de valores sociais que podem bloquear, retardar e acelerar sua expansão de uma para outra variedade de língua – nem toda variação implica mudança, mas toda mudança implica variação.

O que determina, sobremaneira, as mudanças históricas de uma língua são os fatos sociais que concorrerem para uma ebulição linguística (seja fonética, fonológica, morfológica, semântica, pragmática, lexical ou sintática – A língua do ponto de vista sintático não muda muito -) dentro do tempo na história de uma comunidade precisa.

Vários fatores podem ter responsabilidade nas mudanças linguísticas como o tempo, a política de dominação, a extensão geográfica e também a ação do substrato e do superstrato.

Para constatação desta ideia, tomaremos, por exemplo, a fusão entre romanos e povos conquistados que, pouco a pouco, surgiram novos dialetos, diferenciando-se no tempo e no espaço por força do substrato e, posteriormente, do superstrato.

Com efeito, deduz-se que para a origem das línguas possa ter existido um tronco linguístico que se tenha ramificado, fracionando-se em várias expressões idiomáticas que entrelaçadas com fatores que desencadeiam as mudanças linguísticas, evoluem para uma língua que carrega em si os vestígios das características desse tronco primeiro.

Assim, a língua (principalmente falada) é efêmera, porém é uma mudança lenta e gradual, é relativamente regular, que nos permite estabelecer correspondências sistemáticas entre duas ou mais línguas ou entre dois ou mais estágios de uma mesma língua.


Referências bibliográficas:

DUCROT, O. TODOROV, T. Dicionário Enciclopédico das Ciências da Linguagem. São Paulo: Perspectiva, 1988.
FARACO, Carlos Alberto. Linguística Histórica. São Paulo: Ática, 1991.
HAUY, Amini Boainain. História da Língua Portuguesa séculos XII,XIII e XIV. São Paulo: Ática, 1989.
ILARI, Rodolfo. Linguística Românica. 3. Ed. São Paulo: Ática. 2001.
SILVANETO, Serafim. História da língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Livros de Portugal. 1970.
WALTER, Henriette. Aventura das línguas no Ocidente: origem, história e geografia. 2. ed. São Paulo:Mandarim,1997.
Autor: Janaína Cordeiro


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