O individual versus o coletivo



O individual versus o coletivo



Estamos vivendo um tempo marcado por novos paradigmas, valores e propostas, mas, também , caracterizado por contradições e ameaças.
Nos ambientes de trabalho o que mais se ouve falar é da importância do trabalho em equipe, dos times de produtividade e das parcerias, como se a filosofia do coletivo, do bem estar comum estivesse permeando as relações profissionais. Mas, na prática, o que ocorre, de fato , é muito diferente. Ao invés da cooperação o que impera mesmo é a competição.
Talvez seja essa a face mais feia da globalização: a disputa e a quebra de braço não com alguém desconhecido, mas com o próprio companheiro de trabalho, pelo medo de ser ultrapassado e pelo crescimento do individualismo.
O modelo do neo-liberalismo fortalece e estimula a concorrência e mostra, durante todo tempo, a vulnerabilidade a que estamos expostos. A mesma lógica da concorrência internacional, da fragilidade do fluxo de capitais a que se submetem os países e a força do jogo de interesses econômicos presente no macro ambiente determinam o modelo de troca entre as empresas, que se reproduz nas relações de trabalho .
A filosofia neo-liberal repassa ao mercado e, portanto, às organizações a responsabilidade pela sobrevivência e pelo sucesso que possa garantir-lhes a permanência no mercado globalizado.
As organizações, por sua vez, repassam aos indivíduos a mesma premissa. Cada um deve correr atrás da sua empregabilidade e garantir sua permanência entre os melhores.
Assim, o modelo social que determina opressores/oprimidos e incluídos/excluídos, serve de norte para o modelo de conduta individual nas relações de trabalho.
É claro que contradição gera contradição. Esse jogo duplo – discurso da solidariedade de um lado e a vivência da competição acirrada de outro – determina o surgimento de sentimentos mais ou menos inconciliáveis. Por um lado, as pessoas têm experimentado um grande sentimento de solidão porque sabem que precisam contar muito com suas próprias competências e habilidades e mais, que precisam estar constantemente se superando e aos outros. Por outro lado, vivem um grande sentimento de insegurança porque têm consciência de que o individual é limitado, todos precisam do outro para a própria sobrevivência. Medo da concorrência, de um lado e necessidade de compartilhar, de outro. Essa incoerência interna tem provocado uma sensação de estranheza , de urgência e de vazio em muitos profissionais.
A solução para esse impasse só pode ser encontrada em nós mesmos. O primeiro passo é a tomada de consciência das pressões que procuram ditar as regras nas relações profissionais. Em segundo lugar, acreditar que é possível modificar essa realidade a partir de uma outra ética. .
Assim como as ONG’s cresceram e se fortaleceram como movimentos sociais em oposição tanto à inoperância do Estado quanto à ganância do mercado , podemos criar os HONG’s- Homens Não Governados – movimento de cada um em oposição à pressão externa, que provoca a submissão à competição desenfreada, e à pressão interna, que associa felicidade e bem-estar apenas com sucesso e status profissional.
Apesar da força da competição, que é estimulada dentro do ambiente corporativo é possível construir uma rede de relacionamentos , onde predomine a cooperação, o respeito e a credibilidade profissional. Isso porque existem muitos HONG’s espalhados no mundo do trabalho, dispostos a compartilhar um outro tipo de relação e identificar seus pares.
Pode ser que esses profissionais mais conscientes percam em determinados contextos profissionais ao abraçarem a causa da cooperação e da solidariedade, mas com certeza serão reconhecidos e lembrados por muitos outros profissionais , que têm valores semelhantes.
Autor: Maria Helena de Oliveira Guimaraes


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