“O IMPORTANTE É SER FEVEREIRO”



“O IMPORTANTE É SER FEVEREIRO”
Marco Antônio de Figueiredo – Advogado e Articulista - [email protected]

No Brasil, carnaval é a festa da cultura, das tradições e folclores.
Enquanto para uns o carnaval é somente uma festa popular, para outros representa o avivamento das tradições pagãs, de personagens místicas e folclóricas como o rei momo, os pierrôs e colombinas, os máscaras-negras, as velhas baianas, e principalmente as “damas da noite” com seus corpos hoje siliconados e curvilíneos exibindo “partes intimas” nos salões, “sambódromos” e ruas, exalando sensualidade, luxúria e o cheiro do cio, enchendo a atmosfera com libertinagem e falta de pudores.
Têm aqueles que gostam do carnaval para admirar os carros alegóricos espelhando fatos e pessoas do presente e passado, prestando homenagens vagas e que poucos conseguem entender.
Uma coisa ninguém pode negar: no Brasil o ano novo só começa após o carnaval, pois nos dias em que acontece a “festa”, o País vivencia uma mudança em seus hábitos, onde até o humor dos brasileiros passa por uma transformação geral.
Sem distinguir classe social, no carnaval, o que mais se esquece é o pudor, deixando surgir nas avenidas e bailes de clubes, os mais voláteis desejos íntimos, permitindo escancarar as chamadas “portas dos armários da sexualidade”, fazendo com que muitos “soltem as frangas” emboloradas e enferrujadas.
Nos quatro dias de carnaval, muitas vezes não podemos afirmar se “fulano ou sicrano” continua sendo o José ou a Maria, existindo apenas “foliões” eufóricos e envolvidos em transe coletivo, “libertando” os desejos oprimidos no dia-a-dia daquilo que chamamos de vida normal, não havendo necessidade de dissimulação, podendo os “foliões” se entregar aos seus sonhos de libertinagem.
Mas podemos dizer que carnaval é festa sem preconceitos? Apesar de ser dito o contrário, o que vemos em todos os carnavais são as diferenças existentes nos bailes nababescos, e na exclusividade e diferencial dos camarotes comerciais freqüentados somente pelos endinheirados, celebridades platinadas relâmpago e descartáveis, quando não abarrotados dos chamados “colunistas sociais” que se esmeram em bajulações para se manterem na gratuidade dos privilégios que o local os proporciona.
A verdade é que de festa popular, o carnaval não tem nada, sendo assim chamado por imposição da mídia ou daqueles foliões que iremos encontrar nas arquibancadas, sem conforto da avenida, nas ruas pulando os quatro dias impregnados de suor azedo, cheirando a cerveja, embriagados nos delírios da folia.
Começando o ano após a quarta-feira, ficam as cinzas, as fantasias e as marchinhas para serem vividas nos meses que se seguem, mantendo os mascarados e embriagados fazendo de palhaços todos nós, para que os foliões possam desviar fortunas dos cofres públicos.
Mas de nada adianta reclamar, porque para o brasileiro, “o importante é ser fevereiro e ter carnaval pra gente sambar”.
Autor: Marco Antônio de Figueiredo


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